1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (4 Votos)
Afonso Mendes Souto

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Umha vista de olhos

Pequena reflexom sobre a qualidade do galego na cousa pública (I)

Afonso Mendes Souto - Publicado: Terça, 16 Novembro 2010 10:51

Afonso Mendes Souto

Há uns dias, o meu tio, espanhol-falante, dixo-me: Afonso, tenho várias dúvidas sobre o galego, a primeira é que como pode ser que na TVG levem tantos anos falando de «maruxía» no tempo e nom topei a palavra em dicionário nengum, bem que nom venha no «Digalego» que é o que costumo consultar, mas também nom aparece no da RAG, «isso é incompreensível!», «nom pode ser que a Real Academia Galega nom se posicione sobre esta questom!», dizia.


«E tu vês o Cifras e Letras esse, donde é que esses dous saírom, falam como lhes dá na gana e supom-se que ela é filóloga... a TVG nom está a fazer o que devia, eu acho que deve estar para outra cousa, nom para afastar pessoas como eu do galego que é o que estám a conseguir».

Nem que dizer tem que eu como filólogo nom me figem responsável no mais mínimo da situaçom que o meu tio denunciava, no entanto expliquei-lhe que eu próprio tinha criticado em público previamente a questom dos dicionários, que o problema é amplo e grave, e que penso que é um problema político, que nuns casos a questom idiomática se fai a propósito para afastar pessoas como ele do galego e outras vezes que há pessoas pouco responsáveis que tenhem muita presença mediática e deixam muito que desejar quanto à língua.

Por falar nisso, já que estamos com o caso da RTVG, eu pugem-lhe um exemplo que resume bastante bem como os meios tratam o idioma, o das restransmissons dos jogos de futebol, polo menos desde que as sigo, haverá mínimo 20 anos eu tenho observado como os comentaristas em todo este tempo tenhem jogado com bem poucas palavras, ponhamos que de umhas 20 palavras que utilizam com freqüência 10 estám mal, ora sejam palavras espanholas ora adaptaçons ou inventos. Em todo o caso, fam uso de um léxico muito pobre quanto a número e de péssima qualidade.

Também dixem ao meu tio que há ou havia mínimo umha pessoa que se dedica na TVG a controlar este tipo de questons, mas que desconheço se lhe fam caso ou se nom trabalha bem. Bom, algumha ideia sim me vem à cabeça, acho que o elemento principal a levar em conta é o telejornal, os informativos em geral. Indo ao estritamente filológico poderíamos dedicar muitas páginas a analisar pormenorizadamente cada um dos sectores públicos que usam o galego, mas nom vamos cair nesse tédio. No entanto, sim podemos achegar exemplos, como o da palavra «orçamento», que praticamente apenas sai na televisom se mostrarem declaraçons de algum parlamentário que use esta palavra, o qual nom é garantia em nengumha força política institucional, porém, mais difícil é escuitar esta palavra em boca das apresentadoras ou apresentadores da televisom ou da rádio, com efeito resolvem a denominaçom do conceito com a palavra «presuposto». Para quem conhecer a forma correcta galega acho que é evidente que é umha postura política, ainda que bem pensado desconheço o que opina(m) a(s) pessoa(s) que fai(m) o trabalho de correcçom dentro da RTVG. Há que dizer, nom obstante, que para este caso a RAG di que «orçamento» é a forma correcta.

Outra questom que afasta pessoas como o meu tio do galego som os seriados e os filmes. Sempre coloco como exemplo disto, quando em Pulp Fiction o personagem de John Travolta está em casa de Marsellus Wallas, o seu chefe, acompanhando a namorada deste, e falando de masturbar-se (ou bater umha punheta) di algo assim: «bem, casco na pedra e vou a casa», nom digo que algo parecido nom se diga em galego de forma minoritária, mas nom conheço ninguém que o escuitara algumha vez, em fim...

Há manifestaçons flagrantes da falta de cuidado com o uso da língua, as instituiçons, por exemplo nos concelhos, venhem demonstrando de toda a vida que devem ter problemas na hora de pegar nos dicionários, se nom como é que se justificam palavras presentes em tantos concelhos como «urbán», «medioambente», anúncios em cartazes com a forma «semán», etc?

Todas estas questons nem só fam com que o meu tio se afaste do «galego», mas também com que eu o faga. Explico-me, há tempo que me dei conta de umha cousa, já nom podo ler nada na normativa oficial, nom porque ao ver «enhes» tenha comichons, se andasse com estas teria que emigrar além minho ou a qualquer outro local lusófono, mas porque a qualidade do galego é terrível e o livro cai-se-me das maos. Há umha norma oficial com a que nom concordo, pronto, mas parece que poucas pessoas a lêrom e que ninguém consulta o dicionário quando escreve e isto sim me pom dos nervos. É por isto que só leio em português ou em espanhol (os idiomas que conheço o suficientemente bem como para compreender o que num livro se quer dizer).


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.