1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)
Manoel Santos

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Às vezes ouço passar o vento

Não há futuro com o carvão

Manoel Santos - Publicado: Segunda, 18 Outubro 2010 02:00

Manoel Santos

Em torno do decreto do carvão, que deixa no ar centos de postos de trabalho em Cerzeda e nas Pontes, mas não muda nem um pouco o suicida esquema energético do Estado, há duas questões sobre as quais é preciso refletir.


A primeira e mais importante faz referência ao posicionamento do movimento ecologista, que publicou o manifesto "Dez razões para fechar as térmicas de carvão", avalizado por vultos bem representativos da sociedade galega. Chama a atenção sobre a necessidade de eliminar a geração de electricidade queimando carvão, o combustível fóssil mais poluente, independentemente da origem do mineral. As térmicas são as principais responsáveis pela mudança climática, elevam a nossa pegada ecológica, despedaçam a qualidade do ar e acentuam a nossa dependência energética, além de serem ineficientes e desnecessárias, já que para satisfazer o consumo eléctrico dos galegos e galegas -que além do mais deveria reduzir-se- estaríamos em condições de prescindir das centrais das Pontes e Meirama no curto prazo, empregando só energias renováveis em 2050.

Não ter em conta as razões da Galiza verde, e menos ainda os motivos para dar essas razões, relacionados com a maior crise ambiental da história -mudança climática, perda de biodiversidade, extinção maciça, poluição, destruição dos ecossistemas, esgotamento de recursos não renováveis, etc, supõe uma fugida da realidade extraordinariamente nociva para o futuro da humanidade, no qual a Galiza tem o seu percentual de responsabilidade. E cada qual deve fazer a sua parte. Acrescentemos que, dentro do panorama multicrise que afecta o nosso modelo civilizatório -crises económica, financeira, alimentar, xenofóbica, de desigualdade... a crise ecológica é a única irreversível.

Se a primeira questão fala de um futuro cada dia mais próximo, a segunda tem que ver com o presente laboral de centenas de pessoas e com o suporte económico de duas comarcas galegas. É mais que justificável o posicionamento dessas pessoas que marcham em preto pelo País, reivindicando a manutenção do "seu" posto de trabalho.

Apesar de que seria mais acaído reivindicar "outro" posto de trabalho, não são eles e elas que têm que suportar essa responsabilidade, porquanto as suas urgências são outras. Mesmo é entendível que, por causa do perigo iminente, os sindicatos defendam o emprego de um carvão em lugar de outro.

Porém, tanto governos como sindicatos, e especialmente estes últimos por responderem a posicionamentos políticos -ou em origem- de esquerdas, demonstram tão pouca eficiência e utilidade para a sociedade futura como as térmicas para o nosso insustentável modelo energético.

Uma coisa é sair à rua pela urgência da situação e outra muito diferente não contribuir nem um pouco, como assim foi, é, e parece que seguirá a ser, com ideias, alternativas e projetos de futuro à necessária reorientação dos nossos sistemas produtivos, energético, de consumo e, portanto, laboral. Se calhar os sindicatos podem ter utilidade para resolver os problemas de amanhã, mas não os do dia de amanhã.

Fonte: Altermundo.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.