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Ramiro Vidal

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A república do verbo

As cousas devem começar-se… polo princípio

Ramiro Vidal - Publicado: Terça, 05 Outubro 2010 10:47

Ramiro Vidal Alvarinho

Ainda está fresco o cadáver da última mulher assassinada na Galiza, neste caso a maos do seu ex - companheiro. Verdadeiramente estremecedor e horroroso o crime que acabou com a sua vida, o seu carrasco matou-na a marteladas na cabeça.


Como sempre digo, a seqüência é o de menos, quando o resultado é tam eloqüente. De novo umha mulher morre a maos de um homem. De novo essa espécie de lei nom escrita volta a agir, essa inércia fatal repete-se e de novo a sociedade pergunta para si porquê.

Evidentemente, partilho sentimentos com quem di que isto tem que acabar. Quiçá para acabar com isto, haja que identificar a raíz do problema. A resposta está dentro de nós. O indivíduo autor desta atrocidade tem o rejeitamento do total da sociedade galega, todo o mundo deseja que o sistema o puna com toda dureza. Que seja exemplar e contundente. Mas do que deveríamos ser conscientes é de que crimes como este som manifestaçons de algo mais profundo.

É fácil caracterizar o agressor como um indivíduo monstruoso, de condiçom quase sub-humana. Naturalmente, com problemas psiquiátricos, consumidor adicto a algum tipo de droga. Poderia ser, ou nom. Na maioria das ocasions, o agressor é umha pessoa perfeitamente integrada na sociedade, com amigos e com relaçons cordiais com a vizinhança, com os companheiros de trabalho. Isso tem-nos que fazer pensar.

O maltratador, esse indivíduo normal até que deixa de sê-lo, educa-se nas mesmas escolas que o comum da gente; escolas privadas, escolas públicas, com disciplina muito rígida ou com um tratamento mais ou menos lhano entre professores e estudantado. Venhem de famílias mais felizes ou mais infelizes, tradicionais, desestruturadas, bipartentais, monoparentais, com um nível de renda mais alto ou mais baixo. Tenhem um nível cultural maior ou menor. Som de esquerda ou de direita. É qualquer um. Somos todos. Porque todos os homens somos maltratadores em potência, e todos podemos ser aquele indivíduo hoje assinalado como inimigo público. Porque esse indivíduo anteontem tomou café no bar onde eu paro sempre e nem reparei nele, porque nom tinha nada de particular. Ou trabalha na minha fábrica, ou é filiado do meu sindicato, ou berra ao meu pé, sem que eu o conheça de nada, na bancada do estádio cada dous domingos. É de missa diária, ou é ateu militante.

Somos todos, é qualquer um. Gostamos de pensar que vivemos numha sociedade avançada e moderna, o problema é que de quando em vez, acontecem cousas como esta. Porquê? O problema somos nós. A sociedade, claro. Nós.

A sociedade patriarcal é a raíz. Esses pais e maes que reforçam o que nos afasta aos homens das mulheres, essa escola que incide ainda mais nessa divisom. Essa concepçom da mulher como descanso do guerreiro, como elemento em propriedade, e a colisom frontal com o que formalmente seriam os seus direitos. Esses ciúmes, essa auto-estima ferida, essa frustraçom criada pola realidade, que sempre acaba nom correspondendo-se com o mundo perfeito de homens triunfadores e mulheres complacentes. Complexo. E inviável.

As cousas devem começar-se polo princípio. A construçom de umha alternativa ao patriarcado.


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