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Manoel Santos

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Às vezes ouço passar o vento

Leite galego: eu quero saber!

Manoel Santos - Publicado: Sexta, 01 Outubro 2010 11:36

Manoel Santos

"Estas marcas destroem o sector lácteo: Celta, President, Leyma, Solar, Rio, Lauki, Société, Cremosita. Não as compres!" (falta La Lechera).


Assim de claro podemos lê-lo nos cartazes que as organizações agrárias (Sindicato Labrego Galego, UUAA e XXAA) e cooperativas (AGACA) galegas andam colando por todas as vilas e cidades do país, especialmente nas redondezas dos grandes centros comerciais -que também têm boa parte de culpa-, desde que a 8 de setembro começaram uma campanha de boicote contra as injustas e mais do que reprováveis -para não dizer nojentas- práticas comerciais que indústrias como Lactalis, Leite Celta e Lácteos Lence impõem ao campesinato do nosso país. Estamos, é preciso saber, diante de um verdadeiro holocausto camponês. Pelos vistos, cada minuto desaparecem três explorações agrárias só na União Européia, cujos governos faz tempo apostaram na grande agroindústria em lugar de defender as pequenas e médias explorações. Um extermínio cometido por causa de governos incompetentes sim, mas também por empresários com nomes e apelidos, que embalam leite com marcas bem conhecidas, que não têm escrúpulos na hora tornar rendíveis as contas dos seus accionistas e que impõem a quem manipula os tetos das vacas um regime mais parecido com o feudalismo do que com qualquer outra coisa.

A ineficácia dos governos, submetidos -por decisão própria- aos ditados de instituições não democráticas como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e vergados às múltiplas chantagens das grandes indústrias e fornecedoras; junto à ambição de quem quer viver na opulência sobre as costas das outras pessoas, não deixa mais caminho, como bem diz Carme Freire, secretária geral do Sindicato Labrego Galego, que apelar à boa consciência dos cidadãos e cidadãs para tomarem partido nesta guerra contra o mundo agrário.

Esta cidadania tem que saber, e com certeza quer saber, o que é que acontece para que quem mais cuida do país, que são os lavradores e as lavradoras ligadas à terra, não possa já viver do seu trabalho. Mas sobretudo somos muitos e muitas os que perguntamos a nós próprios: o que é o que podemos fazer nós? Ben, pois no mínimo dinamitar os alicerces dos poderes económicos que nos submetem, simplesmente deixando de comprar os seus produtos, fruto da injustiça, e informando-nos de como consumir mais responsavelmente e mais solidariamente. Tudo isto está, que não é pouco, nas nossas mãos.

Os responsáveis por estas indústrias não duvidam em riscar de "sacanagem" o boicote agrário. Ben, isso é que deram certo com um caminho. Afinal, os ridículos e ofensivos preços a que os obrigam a venderem o leite, que estão muito abaixo dos custos de produção e que não dão para viver as famílias que sempre olharam pela nossa alimentação, são um atentado já não só contra o sector lácteo autóctono, mas contra um modo de vida, contra toda uma cultura, contra a natureza que nos acolhe e contra a dignidade comum que temos, ou deveríamos ter, como povo. Portanto, o que reza o tal cartaz mesmo fica curto.


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