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Pedro Penido

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Pensamento em Rede

Rápidas - Eduardo Cunha: janela aberta para o poder (parte I)

Pedro Penido - Publicado: Quinta, 05 Novembro 2015 21:15

Fazendo um exercício de especulação histórica, podemos imaginar como estudaremos a história do Brasil décadas à frente, quando, acreditemos, “educação” será muito mais que uma palavra vaga que nos serve de muleta para nossos vícios.


Lá na frente, muito tempo à frente, ler-se-á os livros de História e estudar-se-á o momento confuso que viveu o país em 2015. Estudar-se-á, com certeza, como aranhas políticas tecem suas teias, de várias cores. Cores vermelhas, cores azuis e amarelas.

Olhos atentos, de estudiosos de verdade, verão, nos meandros dessa complexa tecelagem, o escárnio das crias aracnídeas, desdobrando-se e amontoando-se ao redor de sua líder, uma viúva negra, em todos os aspectos. O tipo que come o parceiro depois de alcançar sua necessidade.

Aranhas assim vestem-se de todos os matizes. Dos vermelhos aos azuis, aos neutros das cores pastéis aos pastelões diversos.

Mas uma aranha em especial, Eduardo Cunha (PMDB), deve ter um capítulo especial. Não por ter sido alvo de investigações internacionais, não por ter intimidado os investigados, não pelo escândalo da Telerj, não por suas pautas conservadoras, não por encarnar perfeitamente o fisiologismo partidário nas estruturas do poder.

As linhas dedicadas a Cunha deverão consagrar-lhe o título de Imperador da Banalização numa república de bananas que banca o gigante latino-americano.

Cunha banalizou as relações institucionais. Cunha banalizou a promiscuidade política. Cunha banalizou a falta de senso político. Cunha banalizou o cargo de Presidente da Câmara. Cunha banalizou até mesmo a fé do brasileiro em melhoras.

Aos que pedem o impeachment de Dilma, o silêncio é conveniente na manutenção de Cunha em seu cargo, afinal, monocrático tal qual ele só, armou-se com a canetada da derrocada do PT no poder. Aos que pedem a continuidade do governo Dilma, o silêncio também gritou e revelou a profundidade das teias que o dito cujo fiou entre bases e oposições.

Grupos isolados pedem sua renúncia imediata, diante dos milhões na Suíça, do envolvimento na Lava Jato. Mas entre tantos outros, feito o bêbado equilibrista, Cunha deixou claro: se cair leva todo mundo pra vala comum.

E de vala comum muita gente ali, de PT a PSDB, morre de medo. E é um medo legítimo, afinal, quantos ali, realmente, salvar-se-iam de pesos e medidas equânimes em seus julgamentos?

Cunha não edificou nada demais, mesmo no Império das Banalizações. Mas, sem dúvida, é dele o mérito de ter aberto as janelas do poder aos olhos do povo. Por mérito dele, podemos hoje ter uma ideia do mar de lama em que está náufrago o Congresso e o Executivo brasileiros. Por mérito do próprio Cunha, blindado de ambos os lados e agora alfinetado por todos os lados, temos hoje noção do tipo nau que o elegeu seu capitão.

Escancaradas estão as janelas do poder. Cunha as abriu com toda força e deixou soprar no Congresso um turbilhão de vazios, promiscuidades, bravatas, jogos baixos e todo tipo de situação incompatível com a vida política de um país que pretende se chamar de sério.

Se se crê na ideia de que, antes de melhorar, tudo piora, com certeza devemos estar perto de ventos de boas mudanças, pois o Brasil de hoje, de todos os lados, revelou-se um monstro disforme, retorcido por ingerências e motins, por flâmulas isoladas e insurgências. E, pior, arrastando todo o país para os mesmos fins, afinal, é inegável a percepção da intolerância em todas as instâncias, abastecida por um ódio arraigado e seletivo. A melhora virá, acreditemos, mas não virá de graça.


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