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Roberto Numeriano

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Tudo que é sólido desmancha no ar

Decadências

Roberto Numeriano - Publicado: Terça, 08 Setembro 2015 01:20

Acompanhei poucas novelas. Talvez umas dez, até hoje, e quase todas do gênero "novela de época".


Algumas delas: "Que rei sou eu", "Cabocla" (2ª versão), "Cordel Encantado", "Meu Pedacinho de Chão" e "Senhora do Destino". Agora, estou acompanhando "Além do Tempo" [1]
 
O poder gigantesco das novelas em influenciar mentalidades (pro bem e pro mal) me preocupa como produtor cultural e como cidadão. Afirmo isso porque, nos últimos anos, muitas das novelas da Rede Globo (mas não apenas), até onde tenho conhecimento dos seus enredos centrais, estão rebaixadas dentro de um hiper-realismo que tenta passar a imagem de que nossa sociedade é, essencialmente, podre e decadente sob quase todos os aspectos. 
 
Esse hiper-realismo se permite toda e qualquer licença poética no intuito de naturalizar, de modo forçado, dados comportamentos que seriam considerados extremistas / radicais até no ambiente comum de sua realidade. (Dia desses, ao mudar de canal, me deparei com uma cena de novela em que uma jovem, durante um jantar onde os protagonistas são ricos e, certamente, gostariam de manter alguma aparência, fala que não gostaria de ser vista com seu gigolô...) 
 
E o mote desse hiper-realismo, sua alma, é a decadência não como um problema, mas como a vida mesma das pessoas, a essência mesma do que seria a vida humana em si e na sociedade. Isso é mal e mau. Isso é um embuste artístico. Isso é uma mistificação que é, no mínimo, artisticamente regressiva, pois nem o mundo real é feito todo de flores, nem é esse inferno absoluto da decadência de tudo, essa fossa cheia de hipocrisia, mentira, ódio, vingança, inveja. 
 
Não sei de onde vem a decadência em si como o padrão narrativo dos novelistas da Globo para aqueles horários de "criancinha dormir". Sua gênese tem uma causa e uma explicação. 
 
O que eu sei é que a naturalização dos antivalores que essa decadência propaga nas tramas já é um meio dessa mesma decadência permanecer e se disseminar na sociedade.
 
Nota do Diário Liberdade:
 
[1] "Além do Tempo" é uma telenovela produzida pela Rede Globo, com roteiro de Elizabeth Jhin e exibida na faixa das 18 horas.

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