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Igor Lugris

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Roupa velha

Como fazer-se rico fabricando merda

Igor Lugris - Publicado: Quinta, 25 Fevereiro 2010 02:00

Igor Lugris

A, por agora, última promesa de postos de trabalho que nos trazem para o Berzo as autoridades, de maos dadas com a classe empresarial, é umha auténtica fábrica de merda, umha fábrica de venenos e residuos perigosos, tóxicos e poluentes[1]


No Berzo já temos duas centrais térmicas de carbom: Compostilha (Endesa) e Anlhares (Union Fenosa), sendo a de Compostilha a segunda mais grande de todo o Estado espanhol, e umha das mais contaminantes; contamos também com umha fábrica de cimentos em Toral dos Vaos (Cimentos Cosmos, Grupo Cimpor), e umha aceria (Roldan, grupo Acerinox). Estas 4 empresas, altamente poluintes, já deveriam encher a porcentagem deste tipo de indústrias na nossa comarca. 

Mas nom é assim. Novas ameaças sobrevoam os nossos céus. Cimentos Cosmos segue avante no seu projecto de converter-se numha empresa incineradora de todo tipo de resíduos; está em marcha um projecto de incineradora de pneumáticos em Branhuelas, e, por último (por agora), a instalaçom no macropolígono industrial do Baio de umha planta de fundiçom de resíduos para a produçom de óxido de zinc.

No Berzo estamos avondosamente contaminados, e nos últimos anos tenhem-se rebasado os níveis de alerta à populaçom e os níveis recomendados pola OMS em varias ocasions, especialmente em dióxido de enxofre e ozónio. Seguimos sendo, segundo os informes de “Qualidade do ar” da própria Junta de Castela e Leom (que se podem consultar no seu web[2]), um dos pontos onde se sobardam os limites legais estabelecidos para a proteçom da saúde.

Polas suas características climáticas e orográficas, a contaminaçom que se produz no Berzo persiste durante muito mais tempo, convertendo-se assim em muito mais perigosa e prejudicial para a saúde e para a produçom agroalimentar. Em numerosas ocasions as organizaçons ecologistas e ambientalistas tenhem solicitado um estudo epidemiológico da nossa regiom, que poderiam confirmar a relaçom entre a contaminaçom que padecemos e os altos índices de cancro, doenças respiratórias e pulmonares, alergias, etc… que existem no Berzo.

Porém, as autoridades, políticas, económicas e administrativas, permitem continuar avante com o projecto da empresa Aqualdre Zinc[3], que pretende instalar essa planta de produçom de óxido de zinc a partir da “reciclagem” de pó de aço.

Fabricar merda

Aqualdre Zinc pretende instalar, a menos de dous quilómetros das populaçons de Cubilhos do Sil e Cabanas Raras, umha actividade catalogada como molesta, insalubre, nociva e perigosa, potencialmente contaminante do chao, o ar e a água, tal e como se recolhe na Acta Nº 17/2007 do Concelho de Cubilhos do Sil. Está prevista a construçom de 265 vivendas a menos de um quilómetro da sua ubicaçom, e num rádio de menos de 3 quilómetros localizá-se a central térmica de Endesa e o Centro de descarrega de carbom da MSP. O canal do Berzo Alto, que rega grande parte da nossa regiom, atravessa o polígono industrial onde se pretende instalar a empresa, com o que se multiplicam os riscos potenciais sobre a saúde humana. Além disto, a empresa pretende situar-se a menos de 3 quilómetros do Pantano de Bárcena, que abastece de água a Ponferrada e outros concelhos próximos.

A planta chegarám nom menos de 144.000 toneladas ao ano de resíduos perigosos e tóxicos (pó das empresas do aço), e inclussive poderiam chegar materiais radioactivos. Toda esta “matéria prima” nom procederá do Berzo nem de Castela e Leom. Nem um só gramo deste pó de aço é o resultado da actividade de nengumha empresa na comunidade autónoma de Castela e Leom, porque a única aceria existente (Roldan, radicada em Ponferrada) nom produz estes resíduos. A previsom é que mesmo os resíduos podam vir do resto da Europa (segundo se recolhe na AAI, Autorizaçom Ambiental Integrada[4], recolhida no Projecto), contradizendo o princípio de proximidade e autosuficiencia que deve guiar este tipo de actividades. Camions cisternas carregados de substáncias altamente poluintes, percorreram centos, pode que milhares, de quilómetros, para chegar até aqui.

A empresa ainda nom conseguiu comprometer a chegada de um só quilogramo do que consideram será a sua matéria prima, pois umha empresa radicada no País Basco (Befesa) conta com o contrato para o tratamento destes resíduos. Depois das alegaçons apresentadas, e como resposta a esta incongruência, a empresa declara que a sua intençom é trabalhar com todo tipo de residuos que tenham “algo de zinc”, como se os seus fornos fossem mágicos e puderam tratar qualquer tipo de resíduos do mesmo modo. De todos os resíduos, tirará-se o zinc, que é umha parte mínima, e o resto do resíduo entrante ficará aqui de por vida, em algum depósito ou simplesmente disperso no nosso território. A empresa também nom demonstrou até o momento nengum compromiso de nengum depósito autorizado para recolher estes resíduos.

O resultado da actividade de Aqualdre Zinc, serám também resíduos altamente perigosos: sales e escórias de todo o tipo, que deveriam ir a um vertedoiro de segurança, e também quantidades ingentes de água ou vapor de água contaminado com todo tipo de materiais pesados. Mesmo num primeiro momento, a empresa declarava que estas sales (altamente contaminantes) serviriam para manter as estradas no inverno!!! Depois das alegaçons, simplesmente nem as mencionam, desaparecendo por arte de mágia. A água da chuva a que poda cair sobre os resíduos e as próprias instalaçons seria já por si soa perigosa, segundo o Informe Técnico do Concelho de Cubilhos do Sil, mas a resultante do processo de lavado dos resíduos será altamente contaminante. A empresa nom apresenta nengum plano de depuraçom das águas, que prevém acabem na depuradora de Viladepaus, que nom está preparada para admitir resíduos industriais deste tipo, e que pom em perigo o seu próprio funcionamento.

Duas novas chaminés em Cubilhos (umha para o forno de secado e outra para a fundiçom) emitirám um mínimo anual de 25.000 toneladas de gás. A empresa tem autorizaçom para emitir metais pesados, SO2, CO, partículas, metais pesados, e os mais perigosos: dióxinas, furanos e compostos orgánicos persistentes (COP), que resultam cancerígenos, bioacumulativos e chegarám ao nosso organismo a traves da cadeia alimentar. Segundo os informes da OMS, do Ministério espanhol de Meio Ambiente, e o Convénio de Estocolmo, as fundiçons som, junto com a incineraçom, umha das prinicipais fontes dos COP.

Os fornos funcionaram 24 horas ao dia, e portanto as emissons à atmósfera produciram-se também 24 horas ao dia, pois no tipo de processo que apresentam, Waelz, nom se podem parar os fornos, ainda que no projecto a empresa di que nom funcionarám polas noites. Possivelmente isto o fam para evitar que se lhe achaquem problemas derivados de ruidos e vibraçons nocturnas.

O processo da planta é completamente novidoso, nom conta com um projecto piloto, será a primeira vez que se ponha em marcha, e supom um ingente gasto e contaminaçom. Nom é a melhor técnica disponível, e será realizada por umha empresa que nom pode demonstrar nengumha experiência na gestiom de resíduos perigosos.

Dous informes técnicos demonstram a grande perigosidade do projecto. Um é o dos próprios técnicos do concelho de Cubilhos do Sil (acta do Concelho do 28/12/2007), e outro o do reconhecido químico berciano e professor de universidade no Cámpus do Berzo D. José Manuel Baelo[5]. Além disto, as numerosas alegaçons apresentadas por diversas entidades, explicam os graves efectos que pode ter a instalaçom desta empresa. Ecologistas em Acçom tem-na catalogada como estafa ambiental e tem solicitado a nulidade de pleno direito.

Fazer-se rico

A empresa Aqualdre Zinc S.L.[6] sai praticamente da nada. Constituida em Dezembro de 2006, com um capital social de 3.500€ está domiciliada em Gipuzkoa, e constam como administradores da mesma José Antonio Larranaga Ucin, Josu Miren Garmendia Goicoechea e Feliciano Elias González Gil.

O Objeto Social declarado da entidade no momento da sua fundaçom era “a participaçom no capital de outras sociedades ou entidades, civis ou mercantis”. A princípios do mês de Janeiro de 2008 alarga-se o Objeto Social declarado, incorporando agora como novas actividades os “Serviços de gestiom integral de resíduos, execuçom de obras e instalaçons relacionadas com os mesmos, recolhidas selectivas, armacenamento, transporte e eliminaçom de resíduos”. A empresa nom pode demonstrar nem justificar em nengum caso a sua experiência, ou a dos seus administradores, na gestiom e/ou tratamento de resíduos perigosos.

A primeira solicitude a nome de Aqualdre Zinc apresentada ante a Delegaçom Territorial da Junta de Castela e Leom em Leom para a instalaçom desta empresa é de 21 de Dezembro de 2007. O 19 de Dezembro de 2007 o Concelho de Cubilhos do Sil emite informe urbanístico favorável, indicando que a actividade se desenvolverá em chao urbano industrial.

De momento, a empresa já tem concedidos em conceitos de ajudas, como mínimo 2.3 milhons de euros do Ministério de Indústria e 3.3 milhons das partidas de Incentivos Regionais. Ao estar situado em zona minera, receberá também fundos MINER. Negócio redondo.

Possívelmente, esta seja outra empresa mais das conhecidas como “caça-subsídios”. Aproveitando a permissividade e colaboraçom das autoridades, venhem a regions como esta, nas que os subsídios, ajudas e colaboraçons económicas para a instalaçom de novas empresas que diversifiquem o tecido industrial som aproveitadas por empresários sem escrúpulos. Os postos de trabalho oferecidos (directos calculam-se uns 28, somados os indirectos, nom chegariam a 40), nom podem fazer-nos pensar que compensam todos os perigos que comportam, além da destruçom de mais postos de trabalho já asentados, pois toda a indústria agroalimentar, assim como a turística e a de oferta de ócio, estarám directamente afectadas por empresas como esta.

Um futuro obscuro, cinzento e sujo abate-se sobre o Berzo. Conseguir pará-lo depende de todas/os nós. A tua colaboraçom é importante, necessária e imprescindível. Neste momento, há apresentados dous recursos, por parte de Ecologistas em Acçom e de Tomás Ramos, concelheiro do MASS em Cubilhos do Sil. Som as duas únicas pessoas que nestes momentos tenhem capacidade legal para paralisar o projecto, continuando com a via judicial.

Mas a justiça nom é gratuita. A Plataforma “Bierzo Aire Limpio” tem umha conta aberta na que recaudar fundos para manter a campanha em contra e os gastos originados nos tramites legais:  La Caixa N 2100-6108-77-0200021559

Notas

[1] A maior parte da informaçom empregada para redigir este artigo, está tirada do web da Plataforma Bierzo Aire Limpio: http://bierzoairelimpio.org

[2] http://www.jcyl.es/web/jcyl/MedioAmbiente/es/Plantilla100/1197248725867/_/_/_

[3] http://bierzoairelimpio.org/imagenes/descargas/expedienteaqualdrezinc.pdf

[4] http://bierzoairelimpio.org/imagenes/descargas/AAI-Zinc-BOCYL-D-10072009-19.pdf

[5] Vid: http://bierzoairelimpio.org/imagenes/descargas/informezinc.pdf

[6] http://bierzoairelimpio.org/imagenes/descargas/infaqualdrezinc.pdf


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