Podem-se fazer mil malabarismos para tratar de meter-nos ambas as palavras como sinónimos. Nada mais afastado da verdade. A legitimidade não deixa de ser a origem (o «pedigree») com que se apresenta aquele que manda.
O ditador Franco ensinava-nos a sua legitimidade em todas as moedas: «Caudillo de España por la gracia de Dios». A legitimidade, a origem do seu poder, era umha concessão divina, o próprio Deus (acho que seria o Deus cristão) «decidiu» que o ditador fascista Franco se alçasse em armas contra a legitimidade dos votos da democracia republicana e organizasse o poder do Estado baseado numa legitimidade medieval ou, melhor dito, ancestral: a lei do mais forte. O próprio Deus que legitimou Franco, portanto, legitima o seu sucessor, o hoje ex-rei Juan Carlos, e assim, como a legitimidade do mais forte até que chega um mais fraco, até chegar ao rei espanhol Felipe VI.
Em democracia a legitimidade não pode vir da graça de Deus, nem esta graça pode ser votada para ser legitimada. Da mesma maneira que não há filhos ilegítimos e legítimos, senão simplesmente filhos, a única legitimidade em democracia é a dos votos; as outras estão nos livros de história.
Portanto, o «verniz «constitucional-democrático» da monarquia espanhola deixa muito que desejar; chega com «riscar» um pouco, ou aplicar a «prova do algodão» para repararmos que «algo fede», não só na Dinamarca.