Talvez tenha ido pro céu de Macondo, encontrar Aureliano Buendía para prosear as fantásticas vidas que nos legou um dos maiores romancistas que o nosso planeta já abrigou.
Sinto que fico cada vez mais órfão do tempo e da vida quando esses meus pais aos poucos se despedem da cena do mundo. Dia desses, embarcou pro seu Memorial do Convento o nosso Saramago. Agora, também vai embora Gabriel García Márquez. Só é possível ter uma ideia aproximada dessas perdas quando amamos a grande literatura, algo que transcende mesmo, espiritualmente, como um tipo de revelação, os limites de nossas pobres vidas humanas. Talvez não nos reste mais nenhum. Talvez nosso fim seja mesmo fenecer entre Paulos Coelhos e outras "celebridades" literárias, que o mercado de "best-sellers" e as críticas de revistas norte-americanas nos vendem como grandes, e os quais não passam de mediocridades ou vulgares escritores.
O grande pai de Cem anos de solidão fez sua passagem, justamente, na Páscoa cristã, uma feliz coincidência (apenas coincidência?) para quem renovou a literatura mundial e também era defensor de um mundo de paz e igualdade entre os homens, um mundo socialista.
Obrigado, meu caro. Siga em paz na eternidade de suas Macondos.