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José Biern Boyd Perfeito

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A jangada de ideias

Sócrates e a entrevista reveladora

José Biern Boyd Perfeito - Publicado: Terça, 22 Outubro 2013 10:25

É engraçado ver o ódio destilado da maioria do pessoal ao Sócrates e ver o pacifismo carneirado ao Passos, Portas e companhia, como se não houvesse passado, como se o povo, sim esse que agora atira pedras ao Sócrates não tivesse telhados de vidro pelas escolhas anteriores e posteriores.


O Sócrates é tão canalha como estes que estão e como os que estiveram, esperava o povo uma conjuga de castos e de puros, incapazes de seguir o passo que o próprio traça pelos caminhos que trilha. Que, apesar de ser da mesma cesta de ovos, que fosse diferente, que de cor fosse verde às riscas azuis.

Esperava o votante que agora não arrota ao voto com medo que o azo da miasma não o desmascare que esta canalha a saque não dirigisse o barco á cabotagem, interessados mais nos alvos á vista e ao alcance da mão do que a grandes feitos e a outras travessias.

O Sócrates deu uma entrevista ao Expresso e debita postas de petinga todas as semanas na televisão pública bradando contra os inimigos da cruz que agora sobem ao altar, enrolados por um agnus dei que assiste brandamente ao seu próprio sacrifício pensado que aplaca a irae dies. Ele já la esteve, já deu missal, já levantou a patena para a oblação, já enviou o anho carregado de meas culpas e de ressabiamentos para os fogos purificadores capazes de limpar toda a mácula.

Mas o Sócrates é passado, o anho já não volta e não há paraíso que o possa devolver, a prática é outra, os paramentos são vistosos e a dialética mais bem preparada.

O povo, esse atrás das rezas quadradas e em rima ritmada ao poder da declamação, de olhos fechados segue na procissão se se aperceber que é ele a vitima, é ele que está já a ser sacrificado.

Mas nesta pequena via-sacra de estações o Pilatos que já lavou as mãos, esmera-se em fazer parte do cortejo e manda as chicotadas, as pisadelas, o peso da cruz, tudo para um povo que á falta de espelhos não vê o estado em que se encontra e continua a carregar a cruz com a certeza convicta que vai na romaria para bailar no arraial.

Não se enxerga o verdadeiro alvo, o pilatos sentado no trono, mas bate-se forte e feio no anterior governador que atacado pela demência da sua própria megalomania, se expõe ao ridículo apelidando-se com o título de grande arauto da democracia.

Cada guerra tem as suas batalhas, ao homem pertence a sabedoria de escolher estar na batalha certa e na guerra condizente com a sua condição.

Desviar atenções faz parte do jogo sujo que os sabugos iniciaram á muito tempo para manipular os povos. Tal como arranjar bodes expiatórios que já não contam nada e devem ser tidos com o valor que tiveram ou seja, nenhum.

Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas e com papas e bolos, se enganam os tolos, são ditados bem antigos e verdadeiros.

Os criminosos que durante décadas governaram Portugal são aqueles que deveriam ser apontados. E esses são muitos e mais do que apenas um.

Somente quem não tem capacidade se escuda em erros do passado para disfarçar os seus próprios erros.

Haverá muito que fazer e há que começar de novo, mas existe em Portugal quem tenha ideias, quem tenha um caminho diferente para um futuro diferente, mais solidário, mais justo e mais humano.

Esqueçamos pois, as vozes metálicas dos microfones e dos ecos das antecâmaras, a penumbra das soluções do " tem que ser assim" do " não pode ser de outra maneira" e reinventem-se, reconstruam-se, re-revolucionem-se, façam um novo Abril, nas ruas, nas escolas, nas cidades, nas fábricas, em todo o lado onde houver fome e miséria, onde houver quem chore na noite calada, onde haja olhares vazios de esperança.

Os povos, a cultura, a identidade não vão á falência, não são transacionáveis, não são controlados por mercados nem por banqueiros e agiotas.

Esqueçamos pois aqueles que agora ladram apresentando-se como os salvadores, como os que fizeram tudo e deixemo-los cair na ignorância de onde vieram.

Ataquemos aqueles que detêm o poder, que decidem e que se escudam debaixo das asas do capital e daqueles que vivem da exploração do homem. Esses sim, a cada palavra, a cada ação, um protesto, uma reação.

Portugal, desde o verão quente de 75, esteve, está e estará a saque se o povo que diligentemente segue nas procissões manietado em filas e em formação militar para melhor ser controlado, não parar, levantar a cabeça e olhar para outro Portugal onde esse povo tenha o seu lugar e que todos tenham voz na construção daquilo que lhes diz respeito. O seu Presente e o seu futuro.


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