Para cumprir esta meta tornava-se necessário superar a crença liberal de inexistência de um sistema econômico nacional apontando, inclusive, os aspectos históricos que impediam o rompimento do Brasil com os fundamentos do liberalismo econômico.
Superar a tradição colonial constituía, desta forma, a principal ação dos grupos que atuavam em defesa da criação da Petrobras. Compreendiam estes pioneiros a condição oligopolizada do setor e percebiam que a mínima abertura aos oligopólios resultaria em ameaça ao controle do bem econômico petróleo.
Para este fim ficou estabelecido o monopólio estatal a ser exercido por uma empresa de capital nacional controlada pelo governo. Nascia a Petrobras.
A importância deste monopólio, ontem e hoje, reside na garantia que oferece à implementação de uma política econômica do petróleo voltada para o desenvolvimento nacional garantindo os meios necessários para o abastecimento interno, o fornecimento de matéria prima, criação de uma indústria petroquímica e exportação do excedente. Observe; Utilizar o bem econômico petróleo para o interesse brasileiro significava – e significa – tornar-se controlador de todo o processo de exploração.
Ao entregar parte ou a totalidade deste processo aos oligopólios petrolíferos extingui-se o modelo que originou a Petrobras. As decisões de política econômica passam a buscar o maior lucro para os grupos internacionais matando o principio de rompimento com a forma colonial fundamentada na exportação de recursos minerais.
A legislação criada após a descoberta do pré-sal – lamentavelmente – significou o retorno da política econômica do petróleo brasileiro às mesmas bases do período anterior a criação da Petrobrás.
O atual modelo garante ao Brasil apenas o controle do bem mineral petróleo abrindo aos oligopólios a exploração e conseqüente controle do bem econômico. A Petrobras foi totalmente descaracterizada servindo, na fórmula atual, de elemento financiador dos mesmos grupos que durante anos dificultaram a sua consolidação.
A discussão a respeito dos royalties – parcela ínfima do verdadeiro valor a ser arrecadado com a entrega do petróleo nacional – apenas serve de biombo para ocultar o apoderamento do bem econômico petróleo pelos grupos de sempre.