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Telmo Varela

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Forja de opiniom

Ricos e pobres

Telmo Varela - Publicado: Segunda, 10 Dezembro 2012 14:12

Revolvem-se-me as tripas cada vez que ouvindo nos meios de comunicaçom aos tertulianos disertar sobre temas nos que nom tenhem a mais mínima ideia e nom se ponhem nem corados.


Senhores demagogos, quem viveu por cima das suas possibilidades? Seguramente vós sim, por dizer quatro parvadas, sempre a favor dos poderosos e, por isso, vivendo como deus. Agora entendo melhor a frase "estômagos agradecidos". Sabem vocês que o salário mínimo interprofessional (SMI) é de 641.40€ mensais?

Mais de 35% da populaçom ocupada do Estado espanhol recebe nestes momentos o SMI, insuficiente para ter umha vida digna e que está mui afastado da média europeia. Enquanto tertulianos, políticos, dirigentes sindicais vivem por cima das suas possibilidades, o risco de pobreza cresce entre as trabalhadoras e trabalhadores.

Qualquer pessoa sensata entende que com o atual SMI nom se pode ter umha vida digna. De facto, Euroestat destaca que no Estado espanhol se passou de 9.9% de trabalhadores/as a tempo completo em risco de pobreza em 2005 (antes da crise já havia risco de pobreza) para 11.2% em 2011, enquanto que na UE-27 se mantém em 7.3%.

A tempo parcial, o risco de pobreza dos trabalhadores/as do Estado espanhol atinge 18.5% em 2011, enquanto na Europa dos 27 se situa na barreira de 12.4%.

Senhores tertulianos, para que umha família, com um só filho, poda levar umha vida minimamente digna haveria que duplicar a quantia atual do SMI, situando-o em 1.300€ ao mês. Acho que é perfeitamente assumível, só é questom de vontade e de tomar medidas para avançar na distribuiçom da riqueza, para que uns nom tenham tanta riqueza e outros tanta pobreza.

Os problemas das diferenças sociais nom tenhem a sua origem unicamente na crise. Muito menos ainda quando, ao falar desta, se fai de forma abstrata e distante, alheia às políticas de exploraçom e rapina impulsionadas no período anterior de crescimento. Durante os anos e as décadas passadas, os lucros económicos derivados de um suposto "desenvolvimento económico" fôrom repartidos de forma sumamente desigual, apostando numha economia especulativa, de lucro fácil e rápido, sem base firme, que ao fazer crack está a golpear principalmente a populaçom assalariada, juventude, mulheres, reformados e, entre outros, imigrantes.

A fim de avançar de forma decidida numha redistribuiçom da riqueza nesta sociedade, há que avançar progressivamente em implantar umha prestaçom social para toda pessoa que careça de rendimento salarial ou social algum, cuja quantia garanta poder cobrir as suas necessidades básicas, entre as que destaca alimentaçom, educaçom, sanidade, atendimento social e, entre outras, cultura.

A estas alturas fica-me claro que os oligarcas engordam as suas fortunas em épocas de bonança e também em períodos de graves crises económicas, engordam ainda muito mais. Ou seja, é mentira que a crise a sofremos todos por igual e que todos temos que fazer esforços e apertar o cinto para a superar. A crise só a padecemos e pagamos os mesmos de sempre, os e as trabalhadoras.

Os milionários, longe de verem mermadas as suas fortunas durante a crise, vem como aumentam, como provam os patrimónios das suas sociedades de investimento, as denominadas SICAV, que crescêrom nalguns casos até 50%, segundo umha informaçom da agência EFE.

O atrativo das SICAV reside no seu favorável tratamento fiscal, já que tributam 1% no imposto de sociedades, frente aos 30% que tributam as grandes empresas e 25% no caso das Pemes, que em qualquer caso finalmente ficam num tipo de aproximadamente 12%.

O Estado nom conta com um plano para combater a fraude fiscal das grandes fortunas, nem um plano de perseguiçom da evasom de capitais, das operaçons realizadas através dos paraísos fiscais e a derrogaçom do regime das sociedades de investimento de capital variável (SICAV).

Porém, o governo, para arrecadar mais e nom se meter com as grandes fortunas, sobe o IRPF e o IVA, agravando ainda mais a paupérrima economia das camadas humildes. Para agravar os impostos às classes mais baixas andam finos, para pôr a maquinaria dos despejtos em marcha andam rápidos, mas nom mexem um dedo para frear as grandes evasons de capitais.

A lei está para ser cumprida polos que nada temos, pessoas humildes como Miguel Anjo que nom era famoso nem milionário. Só tinha um quiosque de imprensa num modesto bairro de Granada. Só queria umha vida melhor, mas as cousas nom lhe saírom bem. Quando a patrulha policial se apresentou no seu lar para executar o despejo, encontrou o cadáver de Miguel Anjo pendurado no pátio.
Ele mesmo acabou com umha vida que já nom era sua.

Esta história, sobra dizê-lo, nom finalizou tam bem como a dos capitalistas que evadem grandes somas de dinheiro.

A sociedade capitalista é injusta, é umha sociedade dividida em classes antagónicas. A burguesia detém o poder e serve-se dele para se enriquecer à custa de empobrecer, cada vez mais, a imensa maioria da populaçom, sem nengum tipo de escrúpulos nem consideraçons; é a luita de classes.

Portanto, só podemos parar a voragem burguesa com luita, com umha luita legítima e necessária. Só com umha luita decidida, resoluta e combativa podemos assegurar um nível de vida acorde com as nosssas necessidades.

Telmo Varela
Prisom de Topas, Salamanca, 28 de novembro de 2012


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