Mário, que numa ocasião comentara ao jornalista galego residente em Caracas Manolo Ponte «Duende», que gostaria reencarnar num «grelo» (Ponte achava que ia dizer num ribeiro) tinha um profundo sentimento nacionalista galego, que nunca teve Eugenio, que rejeitava o galeguismo por considerá-lo um localismo regional. Mário falava galego em Caracas e Valencia (estado Carabobo-Venezuela) mesmo com os venezuelanos. A história de Mário Granell é a história da derrota e da amnésia chegada às praias de 2012 e dos anos que virão. Foi um dos detidos no Portinho depois de os fascistas massacrarem 20 inocentes, e um dos que, com a pena de morte comutada, passou mais de três anos na cadeia na Corunha, que abandonou quando em 1940 os cárceres se encheram com os perdedores ante o fascismo franquista. Marchou para a Venezuela na década dos 50 com a mulher e duas filhas novinhas.
Os pintores Granell são os dois, Mário e Eugénio. A capa do suplemento cultural de La Voz da Galiza, Culturas, 1 de setembro de 2012, é dedicada ao pintor Eugénio Granell: «Granell: una pincelada gallega en el surrealismo.».
Na mesma capa podemos ler, abaixo: «Imagen tomada em 1948, en la pensión Astúrias, en Guatemala, durante ele exílio que sufrió Granell devido a sus extremas posturas políticas».
O texto, polos vistos, foi escrito por Curri Valenzuela, Alfonso Rojo ou Gabriel Albiac e Sostres. Eugénio Granell esteve exilado, sim, mas não pelas suas ideias políticas, que, já agora, nem eram extremistas, mas por uma ditadura fascista ilegítima que torturou, assassinou e reprimiu as liberdades durante mais de 40 anos, e isso sim é extremismo radical.
Fonte: Sermos.