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Laerte Braga

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Bondades e maldades

Laerte Braga - Publicado: Sábado, 11 Agosto 2012 13:45

A despeito dos altos índices de popularidade – ainda – da presidente Dilma Roussef um pacote de "bondades" e outro de "maldades" está sendo preparado pelo Governo Federal para depois das eleições de outubro.


As "maldades" incluem a "flexibilização dos direitos trabalhistas", velho anseio dos tucanos desde o governo de Fernando Henrique e que Dilma vai propor com aval da CUT – Central Única dos Trabalhadores – ligada ao seu partido, ironicamente chamado de Partido dos Trabalhadores.

E entre as "bondades" uma série de medidas para favorecer o chamado "setor produtivo", com o eufemismo "garantir o emprego". A indústria automobilística será a grande favorecida e novos altares serão construídos para que um dos deuses do capitalismo, o automóvel, possa ser adorado.

O pagamento da dívida pública continuará consumindo mais de 49% do PIB e a auditoria cidadã da dívida, prometida na campanha eleitoral de Lula e referendada por Dilma foi para o espaço. Bancos, grandes corporações e latifúndio continuam sendo os principais acionistas do Estado brasileiro, agora com a crise que abate o capitalismo em todos os cantos do mundo, rondando a potência de ilusão que Lula vendeu durante todo o seu governo. Começa a se desfazer.

Seja porque Dilma não tem o jogo de cintura do ex-presidente, ou porque a presidente pensa de forma ortodoxa em termos de economia, assim como seu ministro Guido Mantega (foi ministro de Lula também).

O "capitalismo a brasileira" inventado por Lula como forma de criar o "coronelismo eleitoral petista" via programas sociais que foram sendo distorcidos ao longo de seu processo de implantação e aplicação, vai permanecer "coronel" na expectativa que os índices de popularidade se mantenham e o governo possa espetar seu tridente na classe trabalhadora.

Os servidores públicos, além da estigmatização que enfrentam, transformados em grandes "responsáveis" ou "vilões" do mau desempenho da economia, são os servidores da saúde, da educação, da segurança, da administração pública, vão pagar o pato, vale dizer sofrer as conseqüências da opção neoliberal do governo do PT.

Uma das dificuldades do PSDB – tucanos – está exatamente no sumiço de suas bandeiras. Foram parar nas mãos do partido de Lula e Dilma.

Se há anos atrás o próprio FHC falou em fusão dos dois partidos por "semelhanças", neste momento, se não ocorreu no campo jurídico/institucional, ali não foi formalizada, na prática é real.

As greves que começam a pipocar pelo País mostram o nível de descontentamento com o governo Dilma, a frustração diante das promessas não cumpridas e daqui para a frente a perspectiva real da presidente é enfrentar desafios cada vez maiores, pois a cada dia se torna presa da armadilha dos partidos que formam a base aliada e principalmente de bancadas que defendem setores específicos dentre os proprietários do Estado brasileiro. Banqueiros, latifundiários, grandes corporações, qualquer que seja o nome. Bancada ruralista, bancada evangélica (a primeira a desejar transformar o Brasil num Estado Teocrático e primitivo) e sem nenhuma garantia que estarão com uma eventual candidatura de Dilma à reeleição, ou a possibilidade da volta de Lula.

Vai depender do "coronelismo eleitoral" das políticas sociais do governo, que devem sofrer com as conseqüências já visíveis do aumento da chamada cesta básica, com a "fidelidade" duvidosa dos aliados, partidos que no jogo político brasileiro se situam numa espécie de bolsa de valores onde o apoio é definido pela lei da oferta e procura de vantagens e benefícios tais como cargos, participação em instâncias do governo, além de favores, como o caso do Código Florestal, instrumento que o latifúndio e as grandes empresas do agronegócio consideram indispensável no processo de devastação do meio-ambiente no Brasil.

Ou seja, o governo anda no fio da navalha e Dilma não parecer ser capaz de se equilibrar da mesma forma que Lula, até porque algumas derrotas eleitorais em cidades estratégicas nas eleições municipais de outubro podem enfraquecer essas chamadas bases.

Se a crise na União Européia e a seca que devasta os estados norte-americanos do meio oeste pode equilibrar e render saldos positivos na balança de pagamentos do Brasil (exportação versus importação), com preços da soja em alta e necessidade dos norte-americanos de um maior volume de importações do etanol brasileiro, isso representa também a redução das áreas agriculturáveis para o plantio de alimentos e o custo dessa crise transferido para os preços desses dalimentos vindos da terra e básicos para o trabalhador brasileiro.

Dilma não está à altura de enfrentar esse desafio e o balaio de gato que o governo vai se tornando cada vez mais, mostra que, passadas as eleições o Brasil mergulha numa briga política/econômica que costumam chamar de "briga de foices no escuro".

Isso porque seu próprio partido, neste momento, se move dentro desse balaio de forma disforme e cada vez mais à direita, circunscrito minuto a minuto às políticas neoliberais e concessões perigosas, por exemplo, aos EUA.

Uma das meninas dos olhos de Lula, a transposição das águas do rio São Francisco, obra até hoje contestada, com graves prejuízos ao meio-ambiente e a populações ribeirinhas do segundo maior rio do Brasil, vai ser realizada pelo exército dos Estados Unidos e uma hidrovia que vai surgir ali torna o País vulnerável numa escala maior ainda aos interesses daquele país/corporação.

O Brasil hoje não tem mais o peso que tinha na América Latina e é apenas parte do plano norte-americano de controle dessa parte do mundo chamado de Grande Colômbia.

O sistema de monitoramento aéreo da Amazônia, que era operado por brasileiros e norte-americanos, já incluiu a Colômbia, colônia de maior porte que Washington opera na América do Sul, ao qual agregou o Paraguai, até então área de influência do Brasil.

Ou seja, dentro do próprio sistema capitalista o País perde força, perde importância, breve outdoors anunciando que "yes temos banana". E bananas.

Esse detalhe ficou claro no golpe que derrubou o presidente Fernando Lugo do Paraguai , quando o senador Álvaro Dias, tucano e ligado ao latifúndio, assumiu efetivamente a condução do Brasil naquele problema, deixando Dilma e seu chanceler a ver navios, que, aliás, no Paraguai nem existem, o país é central.

As "maldades" e as "bondades" que o governo Dilma prepara são conseqüência desse caráter camaleão do governo petista, do seu próprio partido, das alianças feitas para sustentação no Congresso Nacional, da carona que o governo dá a escorpiões nessa travessia seja do rio São Francisco, ou qualquer outro. Vai ser picado, com a diferença que os escorpiões capitalistas sabem nadar.

A natureza perversa do capitalismo freqüentou academias de natação para se safar de situações como essa.

O máximo que Dilma disse nesses dias todos foi que "vamos fazer mais bonito", referindo-se a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. E depois de um tete a tete com a rainha Elizabeth II.

O livro de cabeceira de Dilma Rousse é o "como lidei com os servidores públicos" e seu autor é FHC. Ao negar as reivindicações básicas dos servidores o governo está destruindo os serviços públicos e com isso privatizando o que resta do Estado brasileiro. Passando a escritura, lavrando em cartório a capitulação diante do capital.

O gigante continua adormecido e dos milhões de carros que rodam pelas ruas das cidades brasileiras, com todo esse potencial, nenhum é brasileiro. O que dá para ter uma idéia dessa dependência.

Somos em escala maior um país que cada vez mais depende de tecnologias fundamentais. Ou seja, não somos nada. O desenvolvimento lulista foi só fumaça.


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