1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)
Andoni Baserrigorri

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Feijoada no ponto

Ciñera

Andoni Baserrigorri - Publicado: Sábado, 07 Julho 2012 01:21

Acho que nunca escuitara falar de Ciñera. Hoje graças à existência da internet e à procura nas diferentes enciclopédias de que dispomos, assim mesmo, na rede sei que é umha pequena vila leonesa de tradiçom mineira, onde milhares de pessoas ao largo da sua história, fôrom deixando a vida e o suor, para benefício dos malandros e exploradores de serviço.


É a história que se reproduz e que já citei em mais algum escrito, e que algum desses "ilustrados" dera por morta e espetada na terra a luita de classes. Mineiros que trabalham, mineiros que olham como é fechado seu posto de trabalho, mineiros que saem à rua em defesa de seus meios de subsistência e corpo policial disposto a sangue e lume se precisar a defenderem os interesses do capital e do governo do momento. Nom lhes treme a mao para deter e espancar simples trabalhadores que vem como a vida deles está a ser privada dos imprescindíveis rendimentos económicos.

Ciñera é mais umha vila na extensa listagem de vilas do estado espanhol e doutros lugares do mundo que um dia numha reuniom, uns quantos senhores que nem sequer o conhecem, decidem dar por finalizada a sua forma de vida. Fechárom Altos Hornos de Biscaia, centenas de minas ao longo e amplo do estado, milhares de fábricas, poluem rios e mares dos quais vivem povos inteiros de pescadores, estaleiros... a listagem é enorme. Isto é em essência a forma de funcionar do capitalismo. Nom tem alma nem coraçom, apenas números que acreditam na condena a morte de comarcas inteiras e à pobreza a milhares de famílias...

Os políticos profissionais, os auto-denominados "democratas" nom som mais que gestores de quenes tomam tais decisons, funcionários ao serviço dum capitalismo cada vez mais cruel, pessoas tristes, que após o seu sorriso apalhaçado de campanha eleitoral, apenas atesouram a miséria de quem acha ser um borra-botas às ordes do patrom.

Os corpos policiais que assaltam povos, espancam trabalhadores e trabalhadoras, firem, detenhem e mesmo matam se precisar ou lhes fuge da mao o cacete, já ha muito tempo que é evidente que nom som os nossos companheiros e companheiras. Eles conhecem e realizam seu trabalho, sabem que vivem de reprimir o povo e aceitam esta funçom, se nom desenvolvem dita funçom ponhem em perigo sua vida baseada em um par de viaturas, cédula da vivenda, quer abonaçaodo seu clube de futebol. Umha vida de classe média-burguesa, com certeza. Nom vam renunciar isto, e se para mantê-lo tem que enviar ao hospital qualquer umha pessoa dumha pancada, vam fazê-lo.
Todo isto coincide no tempo com o recente trunfo futboleiro da seleiçom da espanha que finalizou cumha orgia de bandeiras espanholas (constitucionais com o polo) e umha quentura de nacionalismo mal-compreendido que produz grima, mesmo enquanto o já conhecido "yo soy españó, españó, españó...) escuitava-se umha meia de 40 veces nos meios de comunicaçom do estado. E coincide também com a subida da luz de 4%, do passado domingo, que (Oh, casualité!) concidia assim mesmo com a final de futebol.

Numha só frase, em poucos dias vimos trabalhadores espancados por defenderem o seu posto de trabalho e subidas de produtos básicos e da luz e a orgia do futebol-patrioteira já mencionada. E todo sem se despentearem, quase sem nos apercebermos, a informaçom recebemo-la a 220 por hora e sem termos tempo a digerí-la. Bem assentes no sofá, olhamos a passagem da vida, enquanto nosso "estado do bem-estar" foge. Atónitos olhamos e continuamos a crer no capitalismo. "Isto terá de se solucionar", dizia há uns dias um companheiro de trabalho, e nom respondim, tinha mais interesse no As e na crónica da final, que no de Ciñera. Nom tem soluçom, mas a anestesia que proporcionam é forte e enquanto passem os efeitos da mesma, mais um e umha olhará nos contentores do lixo na procura dalgum alimento para comer hoje. No tempo... É a barbarie de que já falara Rosa Luxemburg.
Todo isto que venho de contar tem relaçom com os tres factos que cá citei, a final de futebol, a suba da taxa da luz e o de Ciñera. É curioso como o presidente de Iberdrola, umha das companhias elétricas que impom a suba da taxa da luz e que fai-nos a vida mais um bocadinho impossível acudiu à concentraçom da "roja" e como também algúm célebre futbolista de Bilbao ofereceu-lhe a mao com efusividade, entrementres os mineiros partiam a alma em defensa do seu posto de trabalho. Curioso-curioso...

Mas eu que sou separatista ou abertzale (patriota basco), sei com clareza que se a independência nacional de Euskal Herria é atingida para que continue intacta a exploraçom nas maos dos senhores como o presidente da Iberdrola, empresa basca, biscainha, tam biscainha ela, que nom tributa na Biscaia e que com atitudes fraudulentas evita seu pagamento, pois dita independência nom é nada atrativa nem de interesse. Iberdrola é umha empresa das mais importantes no setor elétrico e umha das que mais reclamou a suba das taxas da luz. É umha dessas empresas que fai que todos os fins de mês sejam ainda mais duros. E essa empresa ponha ou nom txapela (boina) ou tire fotos com os futebolistas na moda do Atlhetic, ataviados com a camisola da seleçom espanhola, nom é mais que umha empresa exploradora, sem coraçom nem alma, e que procura da classe operária e setores populares um pioramento da nossa situaçom.

Porque estes dias (e volto ao coraçom e alma) estou com Ciñera, essa vila leonesa, que tam boas liçons nos está a oferecer a todas e todos. Dizia Argala que a independência e o socialismo eram as duas faces da mesma moeda. Para mim ser abertzale é ser internacionalista e isso provoca em mim sentimentos de amor a Ciñera e sua luita, e ser abertzale também é ser socialista, e isso provoca em mim o desprezo a Iberdrola (com txapela ou sem ela) aos políticos que lhes permitem essas subidas e a estes futebolistas que prestam o seu rosto enquanto nos fam um golo por toda a esquadra, o golo do capitalismo.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.