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Laerte Braga

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Livre expressão

O terreno pantanoso que Dilma pisa

Laerte Braga - Publicado: Terça, 26 Junho 2012 18:08

Os diplomatas brasileiros no Paraguai, a partir do embaixador, sabiam do golpe contra o presidente Fernando Lugo com larga antecedência, jogaram um jogo duplo em função dos interesses de latifundiários brasileiros e os chamados "brasiguaios" e o ministro das Relações Exteriores Anthony Patriot em momento algum tentou reverter a derrubada do governo naquele país, principalmente nos dias que esteve em Assunção a mando da presidente Dilma Rousseff.


Dilma pisa num terreno pantanoso, o das alianças que envolvem latifundiários e evangélicos espalhados por vários partidos com cadeiras no Congresso e cargos no governo (inclusive ministérios) e seu partido o PT, cada vez mais na busca de um símbolo que o diferencie do tucano do PSDB. São semelhantes na essência, jogam apenas o jogo político e eleitoral.

Isso torna a presidente refém – consciente ou não – dessa miscelânea e invalida as ações contra o golpe, até porque são praticamente simbólicas. Chamar o embaixador, anunciar a expulsão do MERCOSUL (o que não é fato, o Paraguai foi apenas suspenso) e da UNASUL não muda nada e nem acua os golpistas.

Ou o governo brasileiro toma decisões efetivas no campo das sanções, ou o golpe é irreversível e atinge em cheio o poder de decisão da presidente, o campo de manobra do governo. A permanência do chanceler Patriota é um escárnio. É ligado a interesses norte-americanos (vale dizer um conglomerado de bancos e corporações) e menor que o cargo que ocupa.

O golpe contra Lugo foi referendado pela mídia de mercado no Brasil, é o segundo em curto espaço de tempo na América Latina (o primeiro foi contra Zelaya em Honduras) e já começa a levantar poeira na Bolívia, no Equador e na Nicarágua, sem falar nas eternas ameaças contra Chávez na Venezuela e Castro em Cuba.

Neste momento o Brasil brinca de ser potência regional, vira apenas um ponto no mapa do Plano Grande Colômbia. É operado a partir de Washington e Wall Street, com participação sionista.

O ataque – é um ataque – a governos da América Latina era previsível, foi previsto. Isolar cada vez mais o Brasil, torná-lo vulnerável, é uma deliberação dos bancos e conglomerados que controlam a grande organização ISRAEL/EUA TERRORISMO "HUMANITÁRIO" S/A. Aqui, têm o apoio de grupos religiosos evangélicos, a complacência da decadente igreja católica e o latifúndio grita a plenos pulmões que "eu tenho a força". Por trás do golpe no Paraguai empresas como a MONSANTO e os interesses estratégicos de controle da Tríplice Fronteira, do aqüífero Guarani, da agricultura voltada para os transgênicos, o tal agronegócio.

Uma costura que vai do Oiapoc ao Chuí.

O governo brasileiro, por enquanto e cada vez mais, por conta de tantas alianças e acertos à direita, tem uma pequena fatia desse cada vez mais forte grupo controlador da máquina estatal.

Dilma ainda não se deu conta que caminha por um pântano ou se percebeu isso resolveu fingir que governa o Pais como um todo.

É o saldo das primeiras avaliações do golpe no Paraguai. Ou o que salta da impotência do governo em descobrir um caminho possível e de avanços nesse terreno. Está afundando e acreditando, ou dizendo que acredita, que decide alguma coisa de real importância.

A presidente paga ainda o preço de algo como um caráter de governo de transição, à espera da volta de Lula, na ambição desmedida do ex-presidente e do grupo que controla seu partido, o PT.

De nada adiantam as entrevistas de Dilma dando conta das estúpidas torturas que sofreu, se na prática, as conquistas – poucas – no campo das revelações sobre a ditadura e seus cárceres, se dão como conseqüência das pressões populares.

Uma coisa é vontade, outra é possibilidade, ou atitude.

A propalada brabeza de Dilma parece o que Getúlio Vargas chamava de "guampada de boi manso".

Pior que isso, o Brasil e os brasileiros não perceberam ainda que estamos sendo submetidos a um cerco montado pelo capitalismo globalizado – e em crise, necessitando de sangue novo para os negócios – e que breve o processo vai virar de asfixia política e econômica, sem alternativa que não aceitar as regras desse jogo perverso e deliberado.

Dilma, até o momento, brinca de presidir. Não existe chance de se afirmar presidente quando no Ministério existem figuras como IzabeLLa Teixeira e Antônio Patriota.

O fracasso da RIO + 20, o desespero de Patriota em arrumar "um consenso" que não contrariasse os grandes, sua missão inacreditável no Paraguai (só Dilma para achar que o ministro tem algum compromisso com seu governo ou com os interesses do País) e a curvaturas da ministra do Meio-ambiente aos donos do agronegócio, são, neste momento, as mostras visíveis de um governo atolado até o pescoço e achando que tudo é normal, ou que tudo vai bem.

Mais ou menos como o cara que pula do centésimo andar de um prédio e ao passar pelo qüinquagésimo proclama que "até aqui tudo bem".

Tudo mal. O chão que o espera é frio, massacra e despedaça.

Quem perde? Os trabalhadores brasileiros na ilusão do bolsa família, do minha casa vida (casas com tempo de duração previsto, as empreiteiras recebem dinheiro de primeira e usam material de segunda), toda essa parafernália de propaganda do governo.

E tudo sem que ainda tenha falado da mídia de mercado, empenhada nos "negócios" da corporação nazi/sionista que se impõe pelo tacão de mentiras, de artimanhas golpistas, se preciso de barbárie absoluta.

O mundo nos dias de hoje é como um livro aberto onde se pode entender tudo isso. Parece que Dilma não descobriu onde está o livro e se descobriu anda lendo de cabeça para baixo, à maneira de George Bush.

Não se dar conta da importância de reverter um golpe de estado em nossas costas, ou frente, da necessidade de sanções econômicas capazes de revertê-lo, ficar no campo da cosmetologia, não é crível que isso seja inocência.

O benefício da dúvida é razoável. Mas inocência não. Dilma ficou oito anos no governo Lula e ao que parece aprendeu apenas como equilibrar-se num fio de aço que vai de lugar algum a lugar nenhum. A potência de ocasião, presa fácil de banqueiros, grandes corporações e latifundiários medievais, que ainda não aprenderam a comer com garfo e faca, mas aprenderam o caminho das pedras para o lucro do agronegócio e os chamados golpes de estado "constitucionais".

É uma prova de fogo para o governo brasileiro, mas o tempo está escoando, os risos sarcásticos dos "aliados" vistos em todos os cantos.

Dilma nem tem idéia que 400 mil "brasiguaios" – latifundiários – de origem européia, principalmente germânica (desde a ditadura de Stroessner) foram mais que os mentores do golpe com a cumplicidade de órgãos como o CRBE, Conselho de Imigrantes do Paraguai e que hoje detêm o efetivo poder naquele país. São os que operam as cordinhas de deputados e senadores paraguaios, respaldados por MONSANTO, DOW CHEMICAL, especialistas em nos enfiar agrotóxicos goela abaixo.

O que se pode esperar, ou desejar, é que a presidente dê meia volta, saia desse pântano de patriotas e assuma o governo enfrentando os reais desafios que afligem o País e os trabalhadores brasileiros.

O velho ditado se manifesta mais uma vez – "de boas intenções o inferno está cheio". E o diabo, se não calça "Prada", se abriga também no comando de seu partido. No tapete vermelho que o governo estende a latifundiários, grupos religiosos que vão tomando de assalto o Estado e banqueiros que se regalam com os grandes lucros de cada exercício.

O Paraguai dançou. Resta saber que ritmo vai ser o tocado no baile Brasil, orquestrado pelos maestros da Grande Colômbia.


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