As academias estám longe de servir para o que o imaginário popular supom. Como em certo modo ainda delata o nome da 'Real' Academia Galega (RAG), a sua funçom é mais política e representativa do que técnica. Em relaçom às normas ortográficas, por exemplo, a RAG apenas se encarrega de calcular se o poder político de que depende pode digerir as propostas que lhe fam outros organismos. Podem, de vez em quando, justificar a sua independência manifestando discrepáncias com este ou aquele decreto, mas nom deixam de simbolizar o projecto cultural das instituiçons de que fam parte, neste caso as autonómicas galegas, e isto explica os constantes desencontros com um movimento normalizador ao qual, logicamente, o quadro autonómico fica pequeno.
'Mas há independentistas dentro', dirá alguém. Sim, também na Academia Valenciana há pessoas comprometidas com a llengua, mas 600 euros por académico e sessom acabárom por solucionar as tensons com o poder político, e o projecto zaplanista para o valenciano avança com aspecto mais conciliador que nunca. Sejamos claros: a língua da Galiza debate-se entre duas posturas: ou é nacional e internacional ou é autonómica e espanhola. Nom é preciso deter-se demasiado em qual é a posiçom que, em conformidade com os diferentes governos da Junta, defende a RAG, tendo-se tornado num verdadeiro peso morto para a normalizaçom.
Patrocina a ideologia de que o galego pode desenvolver-se dentro das fronteiras espanholas sem mais comunicaçom com o exterior que a que se fai via Madrid e vive cómoda assumindo a representatividade de uns circuitos culturais sem mais ambiçom que a de ir sobrevivendo com as estreitas medidas que lhe impom o poder autonómico. Eis o grande paradoxo do Ferrín independentista: a visom defendida pola RAG para a língua só tem sentido no actual enquadramento político-legal e seria tam impensável num futuro Estado galego como a visom defendida polo reintegracionismo o é na actual Autonomia, simplesmente porque a supera. Mas os paradoxos som fáceis de expurgar sustentando umha utopia qualquer, dessas que nunca esclarecem por onde devemos caminhar e nos permitem conformar-nos com o que há. No caso de Ferrín, instaurar a república da velha Gallaecia, até o Douro. Com visionários assim, eu até entendo que à Autonomia galega custasse menos digerir o projecto cultural de um movimento político como o independentismo isolacionista do que as propostas do reintegracionismo, ainda alegal.
Que ninguém se engane, todo continuará igual se Ferrín se empoleirar na magna instituiçom académica, ainda que o galeguinheiro ande alporiçado prevendo umha contraofensiva espanholista que talvez nom chegue, a julgar pola privilegiada posiçom que os ferrinianos ocupárom sempre nos circuitos culturais oficiais. Da mesma maneira que quando o Vaticano dizia 'paz' e os democratas ouviam 'retirada das tropas do Iraque', o dia que Ferrín pida 'consenso pola língua', o galeguismo lerá entre linhas umha guerra aberta com o governo do PP, e todos andaremos contentes alimentando pequenas batalhas, dessas que depois de perdidas nunca nos deixam para sempre derrotados.