1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)
Laerte Braga

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Livre expressão

As Malvinas

Laerte Braga - Publicado: Domingo, 12 Fevereiro 2012 01:00

 

Laerte Braga

A decadência do Império Britânico e sua transformação gradual – hoje está consumada – em principal colônia norte-americana na Europa faz com que a ocupação das Ilhas Malvinas (território argentino) seja um trunfo para uma extinta nação, onde, num dia qualquer, há séculos passados, se dizia que “o sol não se põe”.


A perspectiva de um referendum sobre a plena independência escocesa, que abala e enfraquece mais ainda o governo de Londres, encontra guarida na tentativa de fazer ressurgir o nacionalismo de uma ilha que afunda contemplando os chapéus coloridos de sua majestade a rainha Elizabeth II e as travessuras militares (para inglês ver) do príncipe Willians.

Nesse castelo sombrio e cheio de fantasmas o herdeiro do trono, o príncipe Charles é só um tampax e nada, além disso.

As Ilhas Malvinas estão ocupadas desde 1883 e já àquela época a Argentina denunciou ao mundo a posse ilegal mantida pelos britânicos.

A Guerra das Malvinas, como ficou conhecida, aconteceu entre abril e junho de 1982. De lá para cá tem sido intensificada a presença militar da colônia norte-americana na região (rica em petróleo) e hoje não há dúvidas que bases militares nas Malvinas guardam armas nucleares para “qualquer emergência” não só em relação a Argentina, mas a toda a América do Sul.

Leopoldo Galtieri era o general de plantão na ditadura militar argentina e diante da forte reação popular ao regime decidiu recuperar as ilhas sabendo das dificuldades militares, mas esperando receber apoio dos países vizinhos, principalmente o Brasil (também uma ditadura militar) e neutralidade do governo dos EUA. Reagan era o presidente norte-americano.

Nem uma coisa nem outra. Os militares brasileiros – o ditador era Figueiredo – foram pressionados pelos EUA, ficaram nem lá e nem cá, mas permitiram à frota inglesa que paradas para reabastecimento fossem feitas numa ilha do litoral de nosso País, onde havia pista de pouso e outras instalações adequadas a essa necessidade.

Galtieri tentava salvar a ditadura e Margareth Teatcher enxergou no conflito a perspectiva de reabilitar sua popularidade em baixa.

O povo argentino pagou o preço da inconseqüência do ditador e do caráter perverso e boçal da Grã Bretanha em seu espírito colonizador que é secular. Hoje prova do próprio veneno, é colônia e se desintegra a olhos vistos.

O governo Reagan foi fundamental para os britânicos. Informações foram passadas via satélite, mísseis cedidos às forças de sua majestade e a arma mais perigosa que os argentinos dispunham, o míssil Exocet, neutralizado pelo fabricante francês (comprado pelos britânicos), após mostrar que poderia inverter o resultado final do conflito.

A posição do governo brasileiro – João Figueiredo – foi típica de ditadores covardes, dos pusilânimes. Se algum impulso de apoio aos argentinos surgiu num primeiro momento, até pela reação popular, logo os comandantes norte-americanos enquadraram os golpistas de 1964, sob comando de Washington desde o primeiro momento, desde o governo Castelo Branco (em breves momentos perderam esse controle, refiro-me a um período do governo Geisel (questões envolvendo a venda de armas fabricadas pelo Brasil a países como Iraque, Líbia, Arábia Saudita e alguns outros).

O chanceler argentino Héctor Timerman foi à ONU – Organização das Nações Unidas – para apresentar ao secretário geral e a outras instâncias da Organização, dados comprovando que os britânicos guardam armas nucleares em algumas de suas bases no arquipélago.

Timerman esteve com o presidente do Conselho de Segurança – fantoche dos EUA – Kodjo Mena, do Togo, com o presidente da Assembléia Geral, Nassir Abdulazis Al-Nasser (Catar), manteve reunião com o presidente do Comitê de Descolonização Pedro Nuñez Mosquera (Cuba) e embaixadores da Colômbia e da Guatemala (governos aliados dos EUA) e que têm assentos não permanentes no Conselho de Segurança.

As denúncias de armas nucleares em bases da colônia norte-americana Grã Bretanha nas Ilhas Malvinas foram levadas ao secretário geral da ONU. Na prática isso significa nada. Desde que George Bush mandou o Conselho de Segurança às favas e invadiu o Iraque sob o falso pretexto de presença de armas químicas e biológicas, a Organização se presta apenas às pompas à época da Assembléia Geral, ou a denúncias como essa, para que o mundo tome conhecimento do terrorismo de Estado do complexo ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.

Em entrevista à imprensa o chanceler argentino denunciou a presença de um submarino nuclear Vanguard, do destruidor HMS Dauntless e dos aviões Typhoon, todos armas de última geração.

Os britânicos são subscritores do Tratado de Tlatelolco, que transforma a América Latina em região livre de armas nucleares, mas o fizeram com reservas, que implicam em eximi-los de cumprir todos os itens do mesmo, possibilitando a presença de armas de destruição em massa no arquipélago.

O chanceler argentino revelou ainda que todo o orçamento de defesa da Grã Bretanha sofreu cortes exceto o que diz respeito às Malvinas.

Em crise, falida, controlada por fora e por dentro pelos EUA, a Grã Bretanha neste momento repete jogada de Margareth Teatcher ao apelar para o nacionalismo dos seus cidadãos e recobrar a popularidade do governo conservador, usando as Ilhas Malvinas como pretexto. A decisão de enviar o segundo na linha de sucessão do trono a manobras militares na região, o príncipe Willians, reforça objetivo, além de permitir aos célebres tablóides ingleses especializados em fofocas, de arranjar “companheiros” para a momentânea solidão da “princesa” Kate.

A posição de países sul-americanos como o Brasil é dúbia, No governo neoliberal/privatista da presidente Dilma Roussef, ela fala para um lado, em solidariedade incondicional a Argentina enquanto o chanceler Anthony Patriot age para outro, naquele negócio de tirar o sapato e garantir aos seus aliados (norte-americanos) que “segura o barco por aqui”.

Conta é lógico com o apoio logístico da mídia venal, podre e que apóia assassinatos seletivos, que dirá o saque britânico das riquezas argentinas nas Malvinas desde 1883.

A presença de armas nucleares em um território ocupado por colonizadores na América do Sul é ameaça em todos os sentidos e neste momento deve exigir dos governos da região repúdio pronto e decidido a retomada das Malvinas pelos argentinos, assegurar a luta pela soberania argentina na Região. Essa atitude, na América do Sul, só encontra posições claramente definidas no discurso e na prática nos governos da Venezuela, do Equador e da Bolívia e do Uruguai.

Náufraga e sem tábua de salvação, a Grã Bretanha sabe que os chapéus coloridos da rainha Elizabeth não irão salvar o antigo império da condição de colônia norte-americana, mas os britânicos parecem resignados a isso. 

A luta pela devolução das Malvinas aos argentinos não é uma luta só dos argentinos – governo e povo – é de todos os povos da América do Sul numa dimensão e toda a América Latina noutra dimensão.

Acreditar que os EUA possam ajudar a resolver o problema é acreditar em contos da Carochinha. A Grã Bretanha é possessão norte-americana. E o máximo que Barack Obama vai fazer, ou qualquer outro no lugar dele, é convidar os embaixadores de ambos os países para uma rodada de cerveja na Casa Branca pedindo paz e negociações.

É o que faz, enquanto despeja bombas mundo afora e mata seletivamente com o desesperado apoio de um desclassificado num reles programa de lavagem cerebral da principal organização da mídia de mercado no Brasil.

As Malvinas são ilhas argentinas.

Uma ação conjunta com a Argentina, endurecer relações diplomáticas, comerciais e culturais com a Grã Bretanha é decisivo e será demonstração de apoio claro aos argentinos.

Tem a ver com a nossa soberania também, a despeito dos aeroportos privatizados e eufemisticamente dados como concessão.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.