1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (10 Votos)
Alberto Pombo

Clica na imagem para ver o perfil e outros textos do autor ou autora

Em coluna

Dépor – Celta, crónicas de véspera

Alberto Pombo - Publicado: Quarta, 09 Novembro 2011 13:00


Alberto Pombo

Ser do Dépor ou do Celta é um desses males endémicos que pode afetar a qualquer um, como lhe acontece ao homem que preme as teclas agora. Mas nom se preocupem, de momento vou tirando ainda que tenho dias.


Como passei os últimos dias invocando Vicente Risco, e o cruzamento entre Dépor e Celta está próximo, pensei que se calhar era bem fabricar, com um espelho e umha trombeta, um desses telefones como o que ele inventou no ano 1953 para o romance “La puerta de paja” e que tinham a utilidade de permitir falar com os seres de além. Outro dia falaremos mais devagar se Risco foi ou nom quem tivo a primeira noçom para criar telefones com aplicaçons tipo Iphone.

Nesta minha ideia, eu tinha vontade de lhe dar umha chamada ao Álvaro Cunqueiro, pois conheço bem a sua faceta de comentador desportivo e o seu método baseado na interpretaçom de um baralho de Tarot francês de meados do século XVIII. Afinal andei um pouco atrapalhado esta semana e ainda nom falei com ele assim que desculpem, mas desta altura ainda nom sei se afinal ganha o Celta ou se, como noutras ocasions, os naipes afirmarám que o Dépor vai ficar grávido.

Afinal de contas, se vos sou sincero, tampouco é o que mais me preocupa. Se continuam as rotinas dos últimos anos tenho claro, sem incomodar Risco nem Cunqueiro, que quem vai perder o jogo será, mais umha vez, a Galiza.

Nom entendam mal, as brigas entre as torcidas de um ou outro lado, assim como as disputas vicinais entre paróquias ou cidades fam parte da nossa idiossincrasia como povo como a Santa Companha ou o caldo de nabiças. Nom é algo que eu pretenda resolver aqui agora.

Porém, a diferença entre o nom resolvido conflito histórico polo domínio e usufruto das árvores da fronteira Morás-Loureda, contenda bélica da que se ocupam as crianças geraçom após geraçom nestas paróquias, e o Dépor-Celta, é que as maceiras, as cerdeiras ou mesmo as silveiras ainda nom se vírom contaminadas polo destruidor mal do localismo. Passa o estio, chega o inverno, e o conflito infanto-alimentar fica adiado para atender outros males como o da escola doutrinal.

Falando agora nisto, era bom ter dado umha olhadela para o número de elásticas desportivas galegas que luziam os escolares nos anos 90, por exemplo, e o detrimento destas 20 anos depois, em favor das do Madrid e Barça. No futebol, e na política, em nom poucas ocasions o sentimento vai da mao dos vencedores, e alguém dirá: Já tinham que misturar futebol com política! Na verdade, tam político foi fazê-lo como teria sido ter calado mas, desta altura, esquecer a funcionalidade capitalista elaborada através do desporto de elite, seria pouco menos que viver de costas viradas para o mundo.

Na nossa realidade, desde a artificial criaçom do mapa das quatro províncias, o ‘divide e vencerás’ tem resultado muito efetivo para a tática imperialista e, em conseqüência, dramático e destruidor para a consciência nacional galega, ainda hoje sustentada por um valiosíssimo conjunto de homens e mulheres rebeldes, boas, generosas e contra a opressom.

Neste jogo desportivo que nos ocupa, a rivalidade nom deveria ter mais consequências que a própria tertúlia, a retranca ou a pura e simples piada. Infelizmente, ouço e leio todos os dias declaraçons que cruzam esta linha na procura de elementos de divisom. Somos um povo ferido que ainda tem por diante muitas batalhas, portanto, é trabalho de todos e todas mudarmos esta dinâmica, a do localismo, na mesma medida em que agimos noutras questons de sobrevivência nacional.

Desta altura haverá que dizer, finalmente, por quem torço eu. É claro, eu torço pola legítima causa das crianças de Loureda, e nom pola das imperialistas crianças de Morás que sabem que as cereijas som nossas! Como escreveu o de Mondonhedo: Alguns terám gostado deste jogo, também eu.

 

 


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.