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Andoni Baserrigorri

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Feijoada no ponto

Para quando a reflexão de Espanha e dos espanhóis?

Andoni Baserrigorri - Publicado: Quarta, 21 Abril 2010 00:00

Andoni Baserrigorri

Decorreu em Madrid um acto memorável em que pessoas da esquerda estatalista, ou de âmbito castelhano, levaram a Madrid, a capital do império, a reflexão "Zutik Euskal Herria", reflexão que se viu apoiada maioritariamente pelas pessoas do MLNB. 


Reflexão que se viu acompanhada de um amplo apoio de muitas personalidades do âmbito internacional, pessoas com uma biografia irrepreensível, com biografias de contrastada respeitabilidade democrática e de vontade de paz em conflitos flagrantes como o sul-africano ou da Irlanda. 

E que culminou com uma declaração, a de Bruxelas, na qual se pedia ao Estado espanhol que desse uma solução ao conflito basco, em chaves democráticas e de paz, e que estas pudessem abrir um novo cenário em que todas as sensibilidades existentes em Euskal Herria, pudessem fazer política em igualdade de condições.

E que todos os projectos pudessem ser efectivamente levados à prática. Isso em linguagem clara quer dizer um cenário sem vencedores nem vencidos, no qual se reconhecesse o sofrimento de todas as partes e que por fim, o povo basco, pudesse enxergar a possibilidade de viver numa pátria pacificada e que esta pudesse determinar o seu futuro em tranquilidade. Algo que não ocorre desde há séculos, pois o conflito basco não começa em 1959, como alguns interesseiramente indicam, e sim com as invasões castelhanas que culminam em 1512 com a conquista do antigo Reyno de Navarra e sua incorporação forçada ao projecto de Espanha.

A esquerda abertzale quer a paz e está a demonstrá-lo há muitos anos. Demonstrou-se em 1998 com o processo de Lizarra-Garazi, depois com a Declaração de Anoeta e inclusive em 1989 nos dias de Argel.

A reflexão esta feita há muito tempo, a situação bélica de baixa intensidade, está a tentar ser desactivada pelo MLNV há mais de 20 anos, pelo menos, mas a realidade é que ainda hoje não pôde ser solucionado o conflito basco.

E é que é o Estado espanhol que deve fazer sua reflexão, a parte basca, feita e clara está. A vontade de paz está em cima da mesa.

O Estado espanhol, Espanha e os seus cidadãos têm que fazer a sua particular reflexão. Espanha saiu aos pontapés de Cuba, das Filipinas, de Marrocos e de muitos lugares mais, porque teimou em absurdas soluções policiaco-militares a conflitos de marcado teor político. Os patriotas cubanos, filipinos etc, não eram terroristas (ainda que seguramente os jornalistas espanhóis hoje iriam qualificá-los como bando criminoso); eram patriotas, que entenderam que a liberdade não é um presente do destino nem de nenhum rei mago (muito menos de um rei espanhol, que ainda por cima nem é mago?) e que a liberdade é um bem que se conquista, dia a dia, e naquelas condições que tiveram que atravessar os patriotas cubanos ou filipinos, de armas na mão.

Espanha, pôde ter negociado com eles e se ter poupado a vergonha de 1898 e sua estrepitoso ridículo mundial. Felizmente para eles não existia a CNN, pois se existisse ainda estariam nas nossas retinas as imagens da tropa espanhola em fugida a correr das ilhas mencionadas.

Mas optou pela defesa numantina de uma terra que não era deles, e por isso os legítimos donos daqueles lugares lhes impingiram semelhante derrota.

Puderam sair dignamente de Cuba e das Filipinas, mas saíram como alma que leva o diabo, mas a dignidade é uma bem que também não se presenteia, consegue-se, e essa dignidade podia ter sido ganha negociando com os patriotas cubanos e filipinos e dando uma solução razoável à descolonização das ilhas.

Repeite-se-lhes a história. Desta vez nos Paisos Cataláns e sobretudo Euskal Herria. Espanha tem uma oportunidade histórica de rectificar antigos comportamentos e criar precedente, reconhecendo que Catalunha é uma nação e não bloqueando o Estatut (ainda que este seja insuficiente para as aspirações d@s catalães e catalãs) e resolvendo de vez o problema basco na sua vertente de confronto violento. E com isso, reconhecer o carácter plurinacional do Estado e que os povos como o basco, o galego, etc, possam dispor de seu futuro.

Essa é sua reflexão, mudar o chip. Ou o de 1898 com as consequências que lhes acarretou, ou entrar por fim numa outra época, mas democrática e razoável, na qual todos possamos ter, ao menos, direitos democráticos, como pessoas e como povos.

Essa é a reflexão em que devem entrar. Tem-lho dito numerosas pessoas de um curriculum irrepreensível no âmbito internacional, disse-lho a Declaração de Bruxelas e desta vez disseram-no grupos e partidos de âmbito castelhano e estatalista.

Algo tão simples como ser democrata, mas desta vez com maiúsculas. E que comece um novo espaço em que as crianças de 2, 4, 5 e 8 anos, todas as crianças de Euskal Herria e de Espanha não tenham que conhecer o sofrimento e a mal-estar que nos tocou viver aos que já não somos tão meninos.

Ao menos que o façam por elas. Presenteemos-lhes entre tod@s um futuro em paz e sem violência política. Um futuro em que todos os projectos sejam realizáveis em condições de paz e de igualdade.


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