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José Biern Boyd Perfeito

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A jangada de ideias

As telecomunicações móveis

José Biern Boyd Perfeito - Publicado: Terça, 27 Setembro 2011 02:00

José Biern Boyd Perfeito

Todos nós de uma forma ou de outra já nos insurgimos contra os preços, os serviços, ou a hegemonia dos chamados operadores de telecomunicações que existem no mercado, no tal mercado que se regula a ele próprio, segundo os iluminados do sistema, sempre prontos a focar o razoável e o que é aceitável para a sociedade, contruída num pressuposto de senso comum, dizem.


Um dos maiores exemplos de senso comum aplicado aos mercados (uma formula económica) acontece todos os segundos, no sector das telecomunicações, sejam elas voz, digitais, ou visuais. (Não vou referir os média, neste artigo, devido ao facto de ser demasiado abrangente e com várias realidades diferentes entre as diversas zonas geográficas).

Refiro-me concretamente, ás telecomunicações de voz e digitais, tais como, telefone fixos, móveis, internet, dados etc.

A verdade é que em todo o lado funcionam da mesma forma, há poucas diferenças, os sistemas são semelhantes, adaptados ás diferentes culturas e identidades e têm todos os mesmos objectivos, no fundo, proceder á exploração tipicamente capitalista de um serviço publico, de um bem de mobilidade social. Tal como os restantes serviços e bens publicos, temos sido levados a crer que é inevítavel a privatização destes serviços, que as empresas privadas desenvolvem melhor o negócio, que o Estado é sempre um mau gestor, enfim, as balelas de sempre, nada de novo.

Olhemos agora, para quem gere então, as telecomunicações do planeta.

Entre os grandes grupos Europeus, os telecons duma Europa saqueada, os Americanos e outros a chegar ao mercado, são multinacionais das mais lucrativas do planeta, um dos melhores negócios que o tubarão capitalista pode alcançar, sabendo que não é fácil, porque os que já lá estão, protegem-se bem, contra quem possa aparecer de novo com ideias novas.

Sim porque, o sistema que está não pode mudar, não interessa ao capital, que come diáriamente os milhões de moeda, explorando sem limites, as pessoas, que passivamente aceitam os custos desses serviços como uma inevitabilidade impossivel de combater. Ou pagar ou ficar sem serviços. Tal como a electricidade, a água em casa, não é possivel já conceber o mundo desenvolvido, sem o telefone, o telemóvel ou a internet.

A propaganda está em todo o lado, vende-se o pack barato, com um aparelho produzido em qualquer um país desses que conhecemos bem, mão de obra abaixo de condições de vida, minutos gratuítos ( uma das melhores mentiras já produzidas), mensagens ilimitadas, downloads á vontade, e a conta no final do mês ou no carregamento seguinte. Paga, senão, perde-se a habilidade de poder comunicar, a dependência está criada, agora é só geri-la.

Como qualquer dependência, não se olha ao que se paga, o que interessa é obter o producto desejado, suprir a necessidade, transformando a possibilidade de comunicar, numa forma de status social, de superioridade com os outros; possuir um aparelho e de repente, receber uma chamada, atrai as atenções, torna o recebente, no centro das atenções, dá-lhe poder em relação aos outros.

Claro que para isso, concorre também os modelos dos aparelhos, cada vez mais desenvolvidos, não em função do seu objectivo social de serviço publico, mas sim em função da dependência que serve os interesses de quem controla. Mais gadgets, mais adição....

O Estado, distanciou-se deste meio, que nasceu no seu seio, que nasceu das pessoas, dos cidadãos que com seus impostos, investiram na sua criação, nas estruturas e nos meios. Afastou-se e privatizou, deixando os tais reguladores, essas eminências pardas que actuam como um monge libertino fazendo-se passar pelo mais casto de todos, apenas para justificar uma forma de existência que contradiz a essência do que é o Estado. A organização dos cidadãos que defende o interesse colectivo.

O mercado das externalidades entrou num espaço novo, sem limites, onde teóricamente a caminho da prática real, tudo se pode cobrar, onde todas as contas são possiveis, onde o serviço, cobrado ao segundo, á letra, ou ao megabyte, produz uma total insensibilidade para entender e contestar os valores apresentados.

Da mesma forma, abusivamente, cobram-se as chamadas internacionais com taxas suplementares, (ex. Roaming), com a desculpa que o serviço também tem de ser pago á multinacional que o recebe, o que resulta numa duplicação dos custos de um serviço, feito de forma legal e á vista de todas as pessoas, sem que exista grande problema com isso. A necessidade do vicio é maior que esses aspectos monetários e grão a grão, o tubarão enche a barriga, explorando as contas excessivas de quem tem necessidade de comunicar. No fundo, nada de novo, apenas mais uma versão do esquema de pricing, tão bem implementado pelo senhor Ford e pelos Americanos no sector automóvel vai para quase 100 anos.

No seu afastamento do sector, o Estado, agora enjoado do serviço publico, desejando ardentemente desfazer-se dele a todo e qualquer preço, nem olha a meios para tal e permite todo o tipo de cartelizações e de monopólios que a mente humana pode imaginar, privatizando e entregando ao sector, o investimento feito em épocas de dificuldades e de sofrimento das pessoas, continuando a grande victória do capitalismo neste século, a separação do Estado dos cidadãos, que agora vêm o Estado como alguma coisa que não lhes pertence, no fundo, mais uma multinacional que os explora, acabando por retirar o sentido da partilha da coisa publica, da sua defesa, do seu melhoramento de todos assim o entendermos como um interesse colectivo. Da mesma forma, os transportes, a Saúde, a Educação, a habitação....

Termino referindo-me ao bom senso, com a idéia tão fácilmente vendida aos cidadãos que afinal, os tais tubarões também têm senso comum e que nós temos de pagar os serviços porque os contratamos e aceitamos os valores que nos impõem entre o tudo ou nada.

Não existe a meu ver, nenhum bom senso, aliás, nem sequer imagino que exista algum tipo de sentimento desse género nas multinacionais que nos exploram e nos espremem tudo até ser... practicável. No entanto, matar a galinha dos ovos de ouro, é sempre o objectivo final do capitalismo, incapaz de esperar pelo ovo diário. Já Marx o dizia e escrevia sobre o apetite do Capital.

Cabe-nos a nós, que utilizamos os serviços, que estamos adictos a eles, reflectirmos sobre estas questões e movimentar-nos e participarmos, seja em acções procurando denunciar estas explorações e opressões, seja exigir a renacionalização dos serviços publicos ou seja o combate contra as novas privatizações que, estou certo, vão continuar.

Porque, temos de nos recordar, é mais barato ligar de Houston para o espaço do que ligar da Galiza para Portugal ou para o Brasil.

È que em houston a rede e publica e paga por todos, nas restantes, é privada.

Falei em cima de tubarões, não sendo minha intenção ofender o animal em si, agregando-o a tal corja da sociedade.


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