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José Biern Boyd Perfeito

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A jangada de ideias

A descoberta das meias verdades ou Marx estava apenas meio certo

José Biern Boyd Perfeito - Publicado: Quinta, 15 Setembro 2011 22:17

José Biern Boyd Perfeito

Esta é a nova linha, dos iluminados economistas e fazedores de opinião de serviço no mercado, aos mais variados preços. E há para todos os gostos.


Roubini foi dos primeiros a deixar cair a cartola. "Marx estava certo" disse ele numa inspirada tarde de chuva, talvez aborrecido pelo tédio que ultimamente lhe tem batido á porta. "O capitalismo come-se a ele próprio, é somente uma questão de numeros" continuou ele, sentado na poltrona acolchoada onde, imaginamos nós, passa o tempo a reflectir sobre o mundo e sobre os desígnios que nos guiam.

Fez-se um silêncio global, uns assobiaram para o lado, como se nada fosse, outros, continuaram nas suas prédicas já costumeiras, evitando a questão e ainda os que mandam, esperaram a tempestade acalmar, como fizeram com Gordon Brown, o ex-primeiro ministro Britanico, em 2008, quando afirmou que a economia de mercado tinha se ser revista e mais regulamentada.

Mas a tempestade não acalmou, voltou-se a repetir a frase de Roubini, voltou-se a falar no economista maldito, John Keynes, mais Marx e mais Marx. Friedman desapareceu do mapa, parecendo um enorme sapo vivo, incapaz de ser tragado pelas gargantas dos planeadores e politicos Norte-Americanos, agora demasiado ocupados em limpar os estragos e esperar que nao se partam mais vidraças.

Mas voltemos a Marx.

É que o ponteiro estava a chegar ao "vermelho", novamente, havia que diminuir a pressão, pôr qualquer coisa na máquina para dar a impressão de não haver problemas de maior e nada melhor do que, não só não admitir o óbvio, mas a classe opressora ia também aceitar que Marx tinha razão. Roubini afinal, tem razão, Marx estava certo. Mas.... hey.

Afinal Marx tinha razão, sim, dizem os iluminados agora, mas só numa parte. Naquela parte que identifica o capitalismo e os seus defeitos. Não, no comunismo, aí Marx estava totalmente enganado. Aí já não serve, aos capitalistas, agora chamados de neo-liberais, até o próprio conceito já estava fora de moda, demodè, portanto.

Afinal, Marx que tanto ódio destilou e tanto capital fez gastar, aos responsáveis do mundo que temos, agora serve como trampolim para justificar " as maldades e mal feitorias" em tempos de crise, criando uma orda de capitalistas, os bons capitalistas, diferentes dos outros, aqueles tais que levaram os bancos e os mercados a esta situação. Serve agora Marx para descartar esses maus capitalistas, para explicar, porque os que ficam por aqui, são bons tipos, bons cristãos, gente caridosa que está a fazer o melhor que pode para salvar a situacão. Chegam a trabalhar até 24 horas por dia, tal é a vontade de refazerem o que os maus capitalistas estragaram.

Assim que, temos um Marx, já heroi dos capitalistas, os tais bons, os neo-liberais, mas, só numa parte, pois, Marx, só estava certo, pela metade, não no todo.

Keynes é outra nova (nesta crise) aquisição para as fileiras capitalistas. Afinal, Keynes também tinha razão, mas...por um terço. Aqui metade já é demais, aproveita-se o que se pode aproveitar. Afinal, desinvestir nos mercados internos, não é boa ideia. Afinal, não recolocar mais valias no mercado e não redistribuír as mesmas, não é boa ideia.

A cereja no cimo do bolo, acontece quando, os nababos que vivem em off shores, protegidos pela incapacidade criminosa de serem taxados, atiram para o povo, " não tenham mêdo, taxem os ricos". Outros, mais comedidos e com muito mais a perder, arranjam programas de apoios a trabalhadores, para os ajudar caridosamente, caso necessitem. Salário, não se mexe, mas a esmola sim, essa mantém o jugo do senhor.

O Capital é autofagico, capaz de tudo para atingir os seus objectivos, até mesmo de utilizar aqueles que predisseram a sua morte, aqueles que o identificaram e o descreveram. Não existe dignidade, nada, apenas a vontade de ter mais e mais e mais.

Alguma esquerda regozija-se com estas notícias, pensando que, "ahhh, afinal, dão razão a Marx". Não é motivo de regozijo, não é sequer a aceitação do óbvio.

O capitalismo dizer que Marx tem razão, mesmo que pela metade, é somente mais um estratagema para prolongar a sua lenta autofagia e a sua própria destruição.

Porque Marx e outros, assim o demostraram, na sua totalidade.


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