Depois do que a BBC, com a ajuda de Fiona Armstrong fez com Darcus Hower, durante uma reportagem de rua que ficou célebre, a procura de incoerências e de frases polémicas massificou-se e inicíou-se um processo de "agarra o homem ou mulher de esquerda" para criar celeuma. Depois do Partido Trabalhista ter repudiado de forma uníssona, através do seu líder Ed Miliband, os acontecimentos, foi nos sindicatos e nas chamadas figuras públicas de esquerda que se centraram as tais entrevistas e reportagens.

A ideia, foi procurar uma moralização por parte desses sectores, que a direita pudesse utitlizar com bandeira, com o intuíto de evitar outras situações deste genero, no fundo cativar Gregos e Troianos. E muitos foram aqueles que se deram a esse trabalho, com as mais diversas frases e citações, tirando daqui e dali, conforme lhes dava mais jeito. Este é o problema das citações e das frases bonitas, cabem em todo o lado, no momento certo.

Estava-se a ser empurrado para assumir a responsabilidade dos acontecimentos do género, "ou os criticas veemente ou fazes parte deles". O Partido Trabalhista, responsável por muito do que levou ao que se passou, mostrou a face, como não podia deixar de ser para um partido que divide o poder com a direita conservadora. A esquerda moderada, social democráta e centrista, não pode nunca permitir nem sequer compreender este tipo de acções, pode quando muito arrastá-las para a luta eleitoral, mas não se arrisca a muito mais, pois, nas costas do meu vizinho....

A esquerda revolucionária, como um movimento de massas genuíno, entende estas acções, não se apropria delas, são acções momentâneas e como tal, não possuem espinha dorsal nem objectivos definidos. Os tumultos são, quer pela dinamica de massas, quer pela imprevisibílidade, irracíonais e ilógicos, não há um padrão ou uma linha de acontecimentos, nem podem ser, como se pretende, individualizados.

Claro que não concordamos com estas acções, mas, também nao concordamos com a fome e ela existe, não concordamos com a miséria mas ela existe. Este é o mundo que o capital criou, com as contradições insanáveis que Marx e outros pensadores apontaram, nós não somos responsaveis por ele, não podemos responder pelas pessoas, mas podemos e sabemos, compreender que procuramos a paz e a solidaríedade dos homens, mesmo que estes sejam atrítbutos que o capital nao defende nem pratica e que só ao ser confrontado e ameaçado pela revolta das pessoas, vem então como um dócil carneirinho, procurar defender o que ainda lhe resta, victimizando-se.

Não podemos, no entanto, deixar-nos ir na onda da moralização do mundo que o capital construíu, ou na acusação e delação dos intervenientes destas acções, estivessem eles lá somente pelo que poderiam levar ou pela vontade de querer demostrar raiva contra o status quo.

O que podemos fazer é transformar este acontecimento num acontecimento colectivo, que tem de ser estudado e aprofundado, explicado nas suas causas e efeitos, não como o que o capital quer fazer crer agora, que foi somente um grupo de rufias que queria roubar telemoveis e LCDs.

Nós sabemos que não foi assim, nem apenas isso, que houve e há muito mais por detrás do pano, do que agora se quer fazer querer.

Esse é o nosso contríbuto para uma sociedade mais justa e equalitaria, num sistema que não é justo nem equalitário, que tem de ser confrontado e combatido.

Essa é a função da esquerda revolucionária.

José Biern Boyd Perfeito

12082011Oxford