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Afonso Mendes Souto

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Umha vista de olhos

Salvador Allende de Patricio Guzmán. Documento histórico com validade para o presente e o futuro

Afonso Mendes Souto - Publicado: Sexta, 01 Julho 2011 02:00

Afonso Mendes Souto

Há pouco tivem a tardia sorte de ver um documentário do chileno Patricio Guzmán, era Salvador Allende (2004).


Ainda que havia tempo que conhecia este título, os meus prejuízos figérom com que nom o vira até agora, já que achava que basicamente havia ser umha coletánea de cenas da obscenidade mostrada polos golpistas chilenos contra o governo da Unidade Popular o 11 de setembro de 1973 e nos capítulos que precedêrom esta data.

No entanto, ao achegarme a este trabalho descobrim várias cousas. Em primeiro lugar caim na conta de que estava perante um fermoso documento histórico, com a cámara como protagonista de muitos dos factos mais importantes do período da Unidade Popular no Chile. Isto e precisamente os acontecimentos históricos que aqui se tratam fam ao meu modo de ver esta fita como algo mais do que um simples documentário ou um trabalho audiovisual qualquer. Salvador Allende é ante todo umha ferramenta que pode servir tanto como testemunho de umha época, como também de um elemento de debate para os movimentos populares com vontade transformadora da sociedade. De facto, todo o que Patricio Guzmán transmite, fai-no quase com umha total ausência de pornografia golpista, o qual fai mais digerível o facto de enfrentar-se de novo a estes acontecimentos.

A liçom mais importante, se calhar, que podemos tirar daqui é que a nova etapa encetada pola Unidade Popular no Chile fracassou por nom armar o povo. Algo semelhante aconteceu com a II República espanhola quando o governo nom queria acreditar nos boatos que existiam sobre a possibilidade de um golpe militar.

Se quadra, o momento mais valioso do documentário é quando numha assembleia operária se fala de que o proletariado está unido e organizado como Allende solicitara, mas a conclusom à que chegam é que há mostras suficientes para acreditar num iminente golpe militar, de que portanto o Allende está a pecar de confiado e de que melhor seria que estas organizaçons operárias estivessem armadas. Na rua, o comunismo manifestava-se por umha mobilizaçom neste sentido. Para além da tese final, estes factos demonstram a importáncia do papel da vanguarda comunista e de um sindicato de classe treinado para o pior, o seu potencial é sempre enorme. É o potencial do proletariado consciente, unido e organizado.

Já sabemos como acaba esta estória, a parte mais direitista do exército com a ajuda dos USA acaba por fazer o golpe e o Chile progressista cai, nom sem o consequente genocídio com pessoas torturadas, mortas, exiladas ou desaparecidas a maos dos sicários do fascista Pinochet.

Este documentário é mais umha prova do que a burguesia sempre tencionará e na conjuntura contemporánea do que os USA fôrom, e som, capazes de fazer.

O filme nom é umha crítica a Allende, os testemunhos que o fam, fam-no de forma construtiva e mesmo se percebe um imenso carinho à figura do presidente em todo o momento. Allende confiou em demasiados chilenos e chilenas e como di um testemunho operário do metal na época da UP: "Allende arriscou todo, pujo-se em perigo por mim, pola minha família".

Aprendamos deste documento histórico e dos erros da unidade popular chilena. A burguesia nom tem ideologia, mas açons, e ocasiom após ocasiom sempre demonstra que até que for reprimida e despossuída dos seus privilégios ha tentar recuperar o perdido e que se ham valer dos métodos mais virulentos que figerem falta. O pacifismo é inviável até mesmo quando se pretende praticar de antemao. Nom há revoluçons pacíficas e nom as houvo nunca, a história apenas nos deu mostras disto e nom do contrário. O poder burguês, o capitalismo, só pode recuar e fazer algumha concessom estratégica para que pareça que as cousas estám a mudar, mas nunca, nunca cederám em todo porque nom tenhem nada que ganhar, mas sim que perder.

Este documento, serve, como já deixamos intuir, como um documento de debate riquíssimo, para aprender dos erros do passado, do presente e para nom repeti-los no futuro. Ainda que, nos dias de hoje, parece que estamos a assistir a um momento em que se pretende reinventar a esquerda (?) e se obviam de forma fragrante os graves acontecimentos históricos fazendo com que caiam no mais absoluto esquecimento. Nom fagamos isso mais.

Corunha, junho de 2011


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