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Afonso Mendes Souto

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Umha vista de olhos

Glossário

Afonso Mendes Souto - Publicado: Segunda, 06 Junho 2011 14:48

Afonso Mendes Souto

Eidiám Andrade, conhecido popularmente como Volódia, está a correr entre as ruas da cidade, detém-se rudemente antes de dobrar umha das esquinas empedradas da cidade medieval, arrima-se o mais que pode à parede com os braços meio estendidos e as pernas algo separadas até fazer que pedra e ele sejam apenas um, está a descansar, está a esconder-se, inspira e pom-se a correr de novo, sabe que está perto, corre, corre, a rua é estreita, de pedra, preciosa.


Nesta zona da cidade os confrontos nom fôrom devastadores, as casas som antigas, baixas e no meio ele, a correr, no horizonte a sua cabeça está à altura dos últimos telhados que se vem -incompreensivelmente por aqui nom havia franco-atiradores e é fácil sentir os helicópteros e esconder-se quando aparecerem-, escuitam-se estoiros e algum grito de quando em vez por toda a cidade. Ediám dobra umha esquina, corre, corre, e outra, e chega perto do edifício.

É a hora combinada e soa umha estrondosa explosom no outro lado da sede do governo, iniciam-se muitos estoiros e o cinto de fardados que impedia que o governo estivesse de cu para o ar desaperta-se e abre-se frente a Volódia, disolve-se para ir defender o edifício do repentino ataque, quem podia imaginar que o levantamento havia chegar tam longe?, Volódia avança, corre, corre e chega ao muro metade gradeado, metade cimentado, separa as hortênsias que o enfeitam numha zona concreta e depois separa o cimento colocado para tapar o burato, estava todo preparado, corre, corre, avança, a defesa do edifício já se reprega e volta de novo a cobrir o perímetro de lés a lés, mas é tarde, as hortênsias já nom se movem e o cimento fora recolocado, já nom se podia advertir a intromissom. Volódia salta a janela que alguém deixara aberta a propósito e diligente vai ao gabinete que tem defrente, ele sabia que estaria vazio, pega na bíblia, abre-a e retira a pistola que fora habilmente colocada o dia anterior por um camarada por se ficava sem balas nos confrontos prévios ou perdia a sua.

Sai do gabinete, sobe as escadas e vê dous guardas na porta, o ruído exterior de explossons e disparos chegava ao interior do edifício, os guardas nom o presentiram e pode atirar certeiro contra os dous, corre para a porta deste outro gabinete, quando ele tinha estirado o braço para pegar no puxador e abrir a porta alguém se adianta e Volódia atira, bate com um pontapé na porta enquanto atira mais umha vez e acerta no quarto e derradeiro guarda que custodiava o governador, o que abrira a porta está deitado morto no chao, aponta para a cabeça do governador, sonhara muitas noites com este momento e sabia o que havia dizer num momento assim, logo lhe espeta: "Acabárom-se os vossos privilégios e a injustiça para esta naçom. Viva Galiza ceive, socialista e nom patriarcal!" Atira e mata-o, levanta o telefone e pola linha 1 dá a ordem do cessar o fogo e entregar as armas, apenas podia ser o governador que pudesse dar esta ordem, agora pega no seu telemóvel e informa da vitória, ainda que era de supor que afora já se estava a executar a ordem de cessar o fogo, cumpre asinha que prendam os fardados e que as e os revolucionários tomem o edifício. Perde-se a imagem de Volódia, fica a um lado, é ultrapassado e aparece umha visom geral da janela, a imagem avança e assoma-se ao exterior, umha visom em picado advirte dúzias de mulheres e homens que armados levantam os seus braços em sinal de vitória, rim, choram, berram, alguns e algumhas cantam enquanto todas e todos apontam aos que até entom eram os seus carrascos. Fundido. Fim.

A realizadora, Aldara Sibila, enquanto fai soar a claquete, di: "corte, válido", olha para a sua ajudante e pisca um olho, à vez que todo o pessoal que está no plateau dá umha salva de palmas, parecia que todo saira bem, cumpria verificá-lo na cópia mas a realizadora achava que o operador de cámara figera um trabalho fantástico ao seguir Volódia com o milimétrico e, diga-se também de passagem, caro travelling que tinha preparado. Por fim, Aldara, pudo-se relaxar, abraçou-se à sua ajudante e emocionada desatou a chorar, ainda que todo fora um filme e esta cena um plano-sequencia vira um argumento do que gostava.


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