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Rute Cortiço

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Parágrafos lilás

O harém do Escassi

Rute Cortiço - Publicado: Sexta, 02 Abril 2010 23:20

Rute Cortiço

Desde há uns anos venho sentindo umha repulsom visceral pola caixa tonta, assim que decidim ignorar os seus conteúdos e a sua programaçom lixo. 


Infelizmente, na quinta-feira à noite, cousas do zapping, e sem saber como, acabei vendo Telecinco e recordei as motivaçons que me levárom a durante muito tempo viver sem televisom. 

Estou certa de todas as minhas leitoras sentem o mesmo receio que eu a respeito dos meios, e do seu tratamento das mulheres. Na televisom as mulheres vendemo-lo todo, somos o trofeu extra de comprar um carro ou um perfume. O nosso corpo é desvirtualizado por um cánom cada vez mais insalúvel e esteriotipado, imagem de absolutamente todo, anúncios, açafatas, apresentadoras...

O tratamento de problemas muito sérios como é a violência machista é degrandante para as mulheres, chegando em ocasions a desculpar o agressor com termos comunmente utilizados polos meios de informaçom como “crime paixonal”, “ataque de ciúmes”, “arroutada”, que além de nom reflectirem a carga machista da agressom, restam importáncia ao facto de que foi um assassinato, e inclusive podem ter umha repercussom positiva sobre o assassino. Assim, em muitas ocasions temos a sensaçom de que o tratamento nom é o adequado e de que a visibilizaçom que se dá nos meios nom serve à causa feminista, e sim serve a outros interesses, morbo, talvez. Quando escuitamos a notícia, esta caracteriza-se por umha descriçom escrupulosa da agressom violenta, e vai seguida de umha condena, depois sucedem-se os relatos das pessoas que tem arredor… e finalmente a agredida mostra-se como um ser vitimado, indefeso, sem recursos, sem possibilidade de se defender e sem voz…

Os meios de comunicaçom som os principais canais de informaçom para muita gente e em especial para a juventude, que aceita de jeito seguidista a sacralizaçom dos roles de género ligados ao sexo, assume-se a submissom da mulher, imponhem-se cánons estéticos, fomenta-se, aceita-se e aplaude-se violência machista simbólica e nom tam simbólica...

(veja-se um exemplo aqui)

Estas cenas do reality show “Generación NINI” forom emitidas na Sexta, em 8 de Março, que ironia, nom?. De que jeito tam eficaz e sofisticado se socializa a ideologia machista do sistema patriarco-burguês tranformando-nos às mulheres numha mercadoria, no qual ou nos volvemos objecto de desejo e nos mostramos encantadas por isso ou ficamos fora do “mercado” como fracassadas, inseguras, amargadas, inadaptadas...

Mas tranquilas! Todas as inseguranças que criárom em nós todas essas horas perdidas diante da caixa tonta tenhem soluçom, e é umha soluçom que a própria televissom nos oferta: cosmeticos anti-rugas ou anticelulite, depilaçom, solariuns, roupa, operaçons “estéticas”...

Mas, continuemos; o que vírom os meus olhos nesta quinta-feira em Telecinco!

Algumha de vós conhecia um programa que se chama “I love Escassi”?

Se a resposta é negativa, parabéns, continuai na vossa ignorância.

Álvaro Muñoz Escassi, descrito no web de este reality espanhol como “um dos solteiros de ouro do nosso país”, procura o amor. Isto é, um cavaleiro Sevilhano, economicamente muito poderoso, procura umha mulher, o mundo deixa de girar na sua órbita heliocêntrica e 1.500 mulheres apresentam-se ao casting, depois de seleccionar 15 “afortunadas”, começa o programa.

Polo que pudem apreciar, a ganhadora do concurso será a que consiga namorar este tipo, personagem que destila pedantismo por todos os seus poros, o típico beto classista a quem tod@s gostaríamos de dar um bom “pescoçom”.

O sistema consiste em que o Escassi vai marcando encontros com as raparigas, onde tenhem umha ceia super-romántica, antes de passar pola cama do beto... “brigam com as suas armas de mulher para conquistar o coraçom do cavaleiro andaluz”.

E claro, entre as outras concorrentes, já se sabe, ciúmes, confrontos, rivalidade... pois as mulheres adoramos concorrer entre nós e mais se o que está em jogo for um macho que nos mantenha o resto das nossas vidas.

Logo, as nominaçons, Escassi, tem que passar pola dura tarefa de expulsar as raparigas das que menos gosta da casa, e decidir quais quere conhecer mais a fundo e melhor, também as recrimina por comportamentos pouco acaidos para umha senhorita, lhes di o que podem contar ou nom às outras companheiras, já que ele aprecia a discreçom e “tem um ponto tímido”.

Mas nom é um machista, nem se está a aproveitar sexualmente dessas mulheres, nem aproveitou a oportunidade para montar um harém ou um prostíbulo de uso exclusivo e gratuito, nom, tal e como repetem as raparigas ao programa, elé é um senhor, um cavalheiro de comportamento irrepreensível.

Ainda que todas saibamos o que som os meios e os seus conteúdos, isto é especialmente escandaloso, machismo barato e sem dissimulos, tratamento humilhante para as mulheres, degradaçom...

Desligai o televisor, ligai a mente.


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