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Rute Cortiço

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Parágrafos lilás

Monogamia heterocentrista obrigatória

Rute Cortiço - Publicado: Terça, 23 Março 2010 12:27

Rute Cortiço

O primeiro sistema de opressom que assentou na humanidade baseou-se na dominaçom das mulheres polos homens mediante o controlo, domínio e repressom da sexualidade feminina; a partir disto, configura-se o sistema patriarcal. 


Desde entom, esta fórmula de dominaçom tem sido umha constante ao longo dos diferentes sistemas de exploraçom que se fôrom dando mediante a repressom, a brutalidade física e psicológica contra as mulheres, que sobrevive até os nosso dias. 

Na nossa sociedade há padrons de conduta sexual que devemos seguir para sermos aceites, ou por melhor dizer, nom punidas Deste jeito, vemos que a monogamia de nenguna manera foi o fruto do amor sexual individual, mas o mecanismo para o controlo masculino do núcleo familiar.

O lógico seria pensar que nas sociedades primitivas a descendência e a repartiçom de bens acontecesse por linha materna. A usurpaçom deste direito era fundamental para o controlo por parte do homem, para a melhoria da sua posiçom, e para aumentar as suas riquezas. Somente assim seria possível que os varons tomassem as rédeas da casa, sendo a mulher degradada e convertida em servidora, escrava sexual e reprodutiva ao serviço do homem e da familia patriarcal.

Assim, a monogamia é o fruto do cálculo, nom surge de condiçons naturais, se nom de condiçons económicas, é o triunfo da proriedade privada sobre a propriedade comum primitiva, agora a familia e a prole pertencem ao homem, assim o facto de que um filho seja fruto de um casamento passa a ser sinónimo de que o homem seja o pai quem pudo concentrar as riquezas e transmitilas aos seus filhos, mediante a obrigaçom da monogamia para a mulher, mas nom para ele, que poderia praticar dum modo mais ou menos discreto a poligamia.

As mulheres eram fonte de riqueza, tal como @s escrav@s, as terras ou o gado. Permitiam aumentar a quantidade de filh@s "legitim@s" da familia, possuir o domínio sobre esta capacidade garantia trasmitir as riquezas por herdança aos filhos do homem.

Os modos de produçom fôrom mudando: amos e escravos, senhores e servos, burgueses e proletários... e para cada modo de produçom os mecanismos do patriarcado forom adaptando-se e evoluindo.

O pai continua a ser a figura indiscutível de autoridade e poder... se nom, quem manda na casa?, quem leva as calças? quem aplica os castigos mais duros?... que o homem assuma este rol é fundamental, já que a familia tem que moldar as crianças desde a infáncia, para que obedeçam a autoridade e para que a temam, assumindo que toda rebeldia será punida e assumindo que o poder está nas maos dos varons.

Os comportamentos que permitirem a adaptaçom social serám premiados e os comportamentos que forem contra os constumes sociais serám reprimidos, isto tem que acontacer já antes de a criança entrar no sistema educativo, antes de chegar à escola já sabemos quais som as condutas acaídas para umha meninha e para um meninho.

Enquanto as mulheres somos obrigadas à monogamia, os varons tenhem muita mais liberdade, até para um varom tem certo prestígio social que tenha relaçons sexuais com diferentes mulheres, é , sexualmente, um triunfador, enquanto para umha mulher seria muito negativo que antepugesse o seu desfrute a manter umha relaçom séria e estável focada para umha futura finalidade reprodutiva. É também por isto que se reprime a sexualidade nom ligada a funçom reprodutiva, lesbianismo, masturbaçom...

Também é certo que se a apredizagem no seio da familia nom fosse suficiente há muitas outras instituiçom que velariam porque passemos todas pola mesma moldura; estas som as igrejas, o ensino e os meios de comunicaçom, entre outras.

A Igreja Católica e a sua moral e misoginia ataca com especial odio as mulheres trabalhadoras, reduz a sexualidade ao contrato matrimonial, para a consolidaçom da instituiçom da familia e a ligaçom sexualidade-reproduçom convertendo a mulher na responsável por manter a unidade familiar. A fidelidade é mais um dever para a mulher, estigmatizando o adulério femenino, sendo a pior das traiçons, o único modelo de relaçom natural é o casal heterossexual, o resto som aberraçons.

A sexualidade autónoma da mulher desaparece e dá lugar a umha sexualidade alheia a ela e ao serviço do homem para a sua satisfaçom e para a obtençom da sua linha de descendência.

Quanto ao ensino, é obvio que se inculcam intencionadamente de um jeito mais ou menos visível, preconeitos, roles de género... o que sim falta é umha saudável educaçom sexual científica, o que também ajuda a que as raparigas nom podamos ter umha sexulidade normalizada.

Quanto ao sistema capitalista, mediante os seus meios de comunicaçom reproduz os estereótipos de submissom e obediência das mulheres para o seu control e dominaçom, expom-se o corpo da mulher para o consumo dos homens. A violência machista é um produto desta sociedade que nos inculca estos papéis, estas normas, estes deveres e direitos... “ela é infiel”, “a casa está desarrumada", “nom passa tempo na casa”... serám motivos mais que suficientes para aplicar correctivos às mulheres que os “merecerem”.

Os próprios governos cumprem o seu papel no controlo das nossas liberdades com políticas neoliberais, nas quais se insulta a nossa inteligência. Um exemplo é a sua Lei de Prazos para o aborto, que nom fará mais do que legislar a partir da ideia-base de que as mulheres que decidirem abortar som assassinas, descerebradas, inconscientes... e certamente sem a capacidade de tomarem decisons sobre a sua própria vida.

A própria familia fundada polo papel reprodutor da mulher é o seu cárcere, as mulheres somos as que nos encarregamos das tarefas domésticas, além de trabalharmos fora, o que chamamos a dupla jornada... e também somos nós as encarregadas de reproduzirmos e incutirmos estes comportamentos castradores da nossa liberdade.

Mas a família cumpre o mesmo papel em todas as classes ou dependerá se falarmos de umha familia da classe dominante ou da classe oprimida?

As diferenças reduzem-se a que no caso das classes dominantes a família também é a instituiçom mendiante a qual se transmitem hereditariamente as riquezas de umha geraçom para outra, enquanto, para as classes trabalhadoras, a família é um outro foco de lucro para o explorador, a familia do obreiro é o mecanismo polo qual o empresário garante que se reproduzirá a força de trabalho que explora. A custo zero, o capitalista assegura as boas condiçons em que os seus trabalhadores voltam ao trabalho todos os dias.

Com as tarefas domésticas gratuitas feitas polas mulheres, os homens de classe trabalhadoras nom tenhem gastos de limpeza, cozinha, lavagem, arranjo de roupa, infantários... sem isto, para sobreviverem teriam que cobrar muito mais, o capitalismo aproveita assim, em grande escala, o trabalho gratuito da mulher e fomenta os comportamentos machistas e os preconceitos contra as mulheres que trabalham fora da casa.

Inclusive se a mulher tiver um trabalho assalariado, nom fica livre das tarefas, o resultado é umha pior qualidade de vida para as mulheres, problemas de ansiedade, stress, depressom...

Mas nom somos as feministas revolucionárias que destruímos a familia, é o proprio sistema capitalista que na sua voragem sem limites ,ao mesmo tempo que se aproveita da unidade familiar, afunda as familias proletárias mediante a superexploraçom, o desemprego, a descomposiçom social...

Esta é umha das contradiçons do sistema capitalista, entre outras, ainda que as mulheres devamos ficar na casa, com um salário só é muito dificil manter umha familia, di-se-nos que o varom tem que levar o mantimento à família, mas a miséria e o desemprego açoutam a classe trabalhadora, dim que os jovens tenhem que se independizar, mas so se lhes ofrecem trabalhos precários, ordenários de miséria, instabilidade... sendo a unidade familiar a única opçom que resta.

Enquanto isso, o que propom o feminismo é a aboliçom da familia como estrutura económica que centraliza na mulher as tarefas relativas a alimetaçom, cuidados... para dar lugar a relaçons estabelecidas livremente, sem condicionamentos económicos.

Exigimos o pleno direito das mulheres a decidirem e tomarem conta do próprio corpo, da própria sexualidade e das próprias funçons reprodutivas; luitamos polo direito ao aborto livre e gratuito, pola educaçom sexual, pola distribuiçom gratuita de anticoncepcionais, polo direito a escolhermos livremente a maternidade.

Só maiores quotas de autodeterminaçom para as mulheres permitirá que nos relacionemos com liberdade e respeito mútuo, sem os condicionamentos da sobrevivência social.


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