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José Alberte Corral Iglésias

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Mar Aberto

O processo bolivariano (II). O PSUV, um partido virtual?

José Alberte Corral Iglésias - Publicado: Sexta, 11 Fevereiro 2011 01:00

José Alberte Corral

Nas cidades da Venezuela, nas esquinas das ruas acarom de um local que expida café, formam-se tertúlias abertas onde amigos debatem sobre a atualidade política.


A asseveraçom de que o PSUV era um partido virtual foi expressada por um afiliado a essa organizaçom política depois de eu lhe perguntar pola casa do PSUV na cidade de Los Teques, capital do Estado Miranda, e com mais de meio milhom de habitantes e a uns 30 quilómetros de Caracas. Esta realidade está muito longe da conceçom político-civil que no pensamento atual marxista entende por um partido revolucionário, como o ator da vontade coletiva para mudar a sociedade. Este projeto está longe da noçom de “cesarismo democrático”, na qual uns guias conduzem a umha “montoneira” civil sem participaçom dirigente dos componentes desse movimento.

O PSUV é a formaçom política em aspetos formais mais forte hoje na Venezuela, tem uns sete milhons de afiliados. O paradoxo é que nas últimas eleiçons os votos recebidos polos candidatos “chavistas” chegou a uns cinco milhons e setecentos mil. Nom podemos esquecer que acarom do PSUV estavam também outras forças políticas, PCV, MEP, etc. O Estado é sempre a expressom institucionalizada do poder entre as classes que se situa por cima da sociedade. É o órgao de dominaçom de classes e nom só umha estrutura para a administraçom burocrática da sociedade. A burocracia-estatal, pola dinâmica da sua funçom e do seu lugar nas relaçons sociais de produçom, instaura razons próprias que as superpom aos interesses coletivos dos trabalhadores a que em teoria devera servir. O seu domínio consuetudinário da funçom pública conforma-a alheia às classes economicamente produtivas (operária, labrega, marinheira, científica) gerando tensons entre o Estado, dado que a burocracia é o seu administrador, e as classes trabalhadoras.

A nom existência da propriedade privada nas áreas estratégicas da economia nom define umha sociedade como socialista, já isto nom significa umha correspondência unívoca de que o poder sobre esses meios de produçom seja exercido polo conjunto de trabalhadores e que estes à sua vez tenham rachado com a leitura “economicista” da organizaçom social, reproduzindo de um novo jeito as relaçons técnicas e sociais de produçom da burguesia. As novas formas de organizaçom nom abrolham da espontaneidade, nascem e se conformam na “praxe”, do modo que imos desenvolvendo as novas instituiçons e relaçons, nos confrontos ideológicos pola conquista da hegemonia cultural. Nom podemos esquecer que o Estado como bem expressa Lenine “é em derradeira instância grupos de homens armados na defesa da propriedade”. Que esta propriedade a defender deixe de ser hegemonicamente a privada para fazer o seu invés, que seja a propriedade coletiva; esta mudança será um dos pilares que definirá se o processo bolivariano é de facto umha revoluçom cara a construçom do socialismo ou nom. E frisando Proudom, podemos afirmar a respeito da propriedade privada dos grandes meios de produçom: “toda propriedade é um roubo”.

Umha revoluçom socialista leva implícito a urdume entre as forças motrizes de toda revoluçom, as classes populares, com as estruturas e dinâmicas que gera o próprio processo; dado que os trabalhadores som à sua vez cidadaos, e portanto pilares na construçom da nova sociedade e nom súbditos para se submeterem aos ditados de nengumha burocracia-estatal. Esta realidade obriga tanto às organizaçons populares, aos partidos revolucionários e aos sindicatos a estar no imediato sem deixar de dialogar com o projeto para melhor defender os interesses das classes trabalhadoras e do conjunto da cidadania, o que obriga à nom ausência das forças armadas do processo; ao contrário, a sua presença ativa é precisa. Pois nengumha revoluçom se pode fazer contra as armas senom com o seu apoio, expresso ou tácito. Mas nunca podemos deixar de lembrar que toda revoluçom é um processo em constante tensom dialética, que dentro da mesma também se manifesta a luita de classes “... todo Estado é, inclusive após a revoluçom, um instrumento de domínio..., o qual obriga ao partido (e os sindicatos) a defenderem os direitos particulares dos trabalhadores inclusive contra "seu" Estado e, portanto, a nom se submeterem ao mesmo”.(Lenine).

Sabemos que som os padrons culturais os que conformam umha sociedade e, nos mesmos estám explícitos assim como implícitos os valores polos quais se governa a totalidade social. É na cultura concreta como um todo, onde o conjunto de valores da mesma se converte na guia imprescindível pola qual se regem os membros da sociedade. Porém, nengum sistema de valores é alheio a luita de classes, é um produto da mesma; assumem-se como “natural” polos componentes dessa sociedade, quando de facto correspondem a umha etapa de desenvolvimento económico-social concreto, onde os valores dominantes som gerados e impostos polos vencedores nessa constante luita de classes que artelha a totalidade social, através de múltiplos mecanismos e gestores institucionais: religions, divertimento, ensino, organizaçom social e técnica do trabalho, etc. A hegemonia da ideologia capitalista significa a existência de outros imaginários dominados que coexistem. E hoje por hoje o sistema de valores imperante responde ao modo de produçom dominante, o capitalismo.

Os sistemas simbólicos som a argamassa para unificar o imaginário coletivo. O real-concreto é percebido e reconstruído polo imaginário para o ajustar às finalidades e funcionalidade dos padrons culturais estabelecidos. Para que a revoluçom num processo civil seja possível, obriga à existência de um grande grupo de líderes de opiniom que nos seus eidos naturais – trabalho, bairro, distracçom, etc. – ajudem a conformar o novo imaginário coletivo e desmontem as velhas conceçons espoliadoras e parasitárias do capitalismo. Este modo de entender a açom revolucionária implica que todo partido de massas exige-lhe ser, à sua vez, um partido de quadros; para desse jeito se converter no eixo de umha urdume de movimentos políticos e sociais; nom para os fagocitar, mas para os ajudar a construir independentes da direçom orgânico-política do partido. Assim os diversos eidos do quefazer transformador operaram como toupeiras minadoras da miséria económica, social, emocional, em que constringem o conjunto das classes trabalhadoras; convertendo-se dessa maneira os partidos em organismos de síntese dessas vontades políticas emancipadoras, em organizaçons realmente revolucionárias.

O interesse particular dos administradores do sistema, a alta burocracia-estatal, tende a definir e determinar as funçons gerais do Estado. A reproduçom da burocracia-estatal que administra decote a atividade do Estado em “castas” endogâmicas é umha lei de ferro sociológica, sempre que estas burocracias nom sejam fiscalizadas e punidas polas instituiçons do Poder Popular. Nesta etapa cara a construçom do socialismo, constituir o Poder Popular que controle e dirija as funçons gerais do Estado é fulcral para evitar que as diferentes burocracias-estatais se convertam de facto em donas do Estado, isto obriga a que Conselhos de Comuna, Comités de Vizinhança, Conselhos Obreiros, etc. tenham capacidade e poder jurídico na estrutura do Estado, assim como independência financeira. Nom podemos esquecer o acontecido na URSS e na China, que depois de heroicas revoluçons levadas a cabo polas suas classes populares, os grandes sacrifícios globais e pessoais feitos pola cidadania, a apropriaçom da administraçom da economia e das empresas por parte de umhas burocracias político-estatais deu a estas a possessom real dos recursos económicos do conjunto da sociedade, de facto a propriedade; para hoje serem os membros dessa velha burocracia, os oligarcas e donos em propriedade privada da riqueza criada pola totalidade dos povos da antiga URSS e da China.


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