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Afonso Mendes Souto

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Umha vista de olhos

O independentismo irlandês no cinema

Afonso Mendes Souto - Publicado: Sábado, 29 Janeiro 2011 01:00

Afonso Mendes Souto

Quando de adolescente visionei In the Name of the Father (Jim Sheridan, 1993) adorei, mas pouco demorei em conhecer Some Mother's Son (Terry George, 1996), que para o Estado espanhol tivo um título com trampa para aproveitar o sucesso comercial do filme do Sheridam (En el Nombre del Hijo).


Mas estes dous filmes quase nada tenhem a ver um com o outro. Quando vim o segundo dei-me conta de que sem dúvida nengumha o do Sheridam estava feito com mais dinheiro, mas que era um filme comercial e de ambíguas intençons. O filme do Terry George achegava-se ao conflito no Ulster de umha forma muito mais honesta, rebelde e portanto mais recomendável. No entanto, cumpre dizer que ambos os dous filmes e ainda The Boxer (Jim Sheridan, 1997) estám escritos em parceria entre estes dous realizadores. E é curioso porque a honestidade do de Terry George se enfrenta à ambigüidade do primeiro e ao maltrato que o republicanismo recebe em The Boxer, filme, do que há que dizer, que se falasse sobre a máfia estaria muito bem, mas que ao falar do conflito da Irlanda do Norte com a Gram Bretanha nom pode contar com a aprovaçom de quem simpatizar com a causa irlandesa.

Em 1935, um dos meus realizadores preferidos fai cinema sobre a Irlanda e realiza The Informer, era um tal John ford (John Martin "Jack" Feeney), filho de irlandeses, que havia levar com este filme seis candidaturas aos Óscar e quatro estatuetas. O filme narra a estória de um homem que vende um voluntário do I.R.A e amigo seu às forças de ocupaçom británicas por dinheiro, o dinheiro fazia-lhe boa falta, mas ainda assim o filme gira ao redor do conflito moral do protagonista de nom só ter vendido um amigo, mas um compatriota. Um ano mais tarde, Ford volta trabalhar sobre a temática irlandesa com The Plough and the Stars, localizando o tempo no levantamento de Páscoa e o protagonismo num casal republicano. O título fai referência à bandeira do Exército Cidadao Irlandês de James Connolly, a Starry Plough.

Carol Reed (The Third Man, 1949) apresenta ao público em 1947 o interessante Odd Man Out que narra como o líder da Organizaçom tem de fugir depois de atracar um banco e matar um homem, este filme mostra a agonia do protagonista e das suas pessoas achegadas ao ser procurado pola polícia.

Parece que John Ford nom estava demasiado definido politicamente, no entanto e apesar do seu difícil caráter, polo menos a simples vista, quando tinha ocasiom posicionava-se com as justas e os justos. Em 1950 John Ford protagoniza, fora da ficçom, o que para mim é umha das partes mais bonitas da intra-história do cinema ao fazer umha corajosa defesa do meu também admirado Joseph L. Mankiewicz (All About Eve, 1950 ou Sleuth, 1972). Os Estados Unidos estavam a fazer a guerra na Coreia e percorria no ambiente um forte cheiro anti-comunista, Mankiewicz nom fedia, mas arrecendia e numha assembleia do coletivo de realizadores do que era presidente, Cecil B. De Mille (The Greatest Show on Earth , 1952 ou The Ten Commandments, 1956) fijo um discurso contra ele por suposto comunista e um dos "deuses" do Hollywood da altura, como o John Ford era, pediu a palavra e dixo: "O meu nome é John Ford e realizo westerns", a seguir fijo um elógio dos filmes de de Mille e concluiu ao dizer: "mas nom gosto de ti (por de Mille) e nom gosto do que estiveste a fazer hoje. Proponho que demos a Joe Mankiewicz um voto de confiança e depois que vaiamos dormir um bocado" e isso foi o que figérom. O Ford ainda realizaria mais um filme sobre as justas e os justos com um dos mais belos e simpáticos que se tenhem feito sobre a Irlanda, The Rising of the Moon (1957), dividido em três estórias: a primeira sobre o caráter das pessoas do rural irlandês, a segunda sobre um metafórico comboio que nunca acaba de partir e a terceira sobre um líder republicano irlandês condenado a morte pola (in)justiça británica. Ainda Ford realizou mais filmes sobre a Irlanda, mas abordando outras temáticas, como na mítica The Quiet Man em 1952.

Outro grande do cinema que também defendou Mankiewicz foi John Huston, de avô irlandês, faria em 1987 The Dead, um filme muito recomendável sobre o último conto do livro Dubliners de James Joyce embora nom fale sobre conflito político nengum.

David Lean (Lawrence of Arabia, 1962 ou Doctor Zhivago, 1965) em 1970 fai a brilhante e emotiva Ryan's Daughter, umha fita de 176 minutos com comédia, drama, amor, independentismo irlandês e sobretodo brilhantes atores e atrizes. Este é um filme recomendável por muitas razons, mas também porque nele se fala desde umha perspetiva mais do que razoável do republicanismo na Irlanda.

Já posteriormente, um militante do cinema social, o Ken Loach será que faga dous filmes sobre o tema. Em 1990 realiza Hidden Agenda e em 2006 The Wind that Shakes the Barley. Dous mais do que interessantes filmes. O primeiro fala sobre umha advogada e um advogado que investigam torturas sobre o voluntariado irlandês. Este é um autêntico e muito recomendável trabalho de intriga com a causa irlandesa como leitmotiv. O segundo filme introduze um novo elemento para a questom nacional irlandesa no cinema, o da luita de classes e conseqüente debate de esquerda no seio do I.R.A.

Também tem bastante interesse Michael Collins (Neil Jordan, 1996), filme bastante épico cujo título já aventura de que é que trata. Seis anos mais tarde o inglês Paul Greengrass ha realizar um trabalho com traços de documentário que narra a sangria provocada polo exército británico o 30 de janeiro de 1972 na Irlanda do Norte, isto é Sunday Bloody Sunday.

Em 2000, Peter Sheridam realiza Borstal Boy, um filme em parte de temática independentista e em outra parte, um filme que fala da sexualidade de Brendan Behan, interno numha casa de correçom de menores por levar explossivos acima como voluntário do Exército Republicano Irlandês. O filme, baseado na própria autobiografia deste escritor, apesar de nom ter durante todo o filme o independentismo como eixo central, mas o amor, é bastante recomendável.

Já mais recentemente aparecêrom dous filmes que vinhérom somar qualidade no cinema irlandês. Em 2008 o realizador novel Steve Mcqueen fai o que nos dias de hoje é o seu único filme, Hunger, que se localiza no tempo na greve de fame que o I.R.A levou a cabo em 1981 através da figura de Bobby Sands.

Em 2009 aparece Five Minutes of Heaven do alemám Oliver Hirschbiegel (Das experiment, 2001 ou Der Untergang 2004). Este é um interessántíssimo filme apresentado desde a ótica de um voluntário das UVF arrependido (Liam Nesson, Michael Collins) que tem combinada umha cita televisiva com umha vítima católica (James Nesbitt, Sunday Bloody Sunday) à que o personagem interpretado por Nesson fijo com que membros da sua família morreram direta ou indiretamente pola sua culpa. Trata-se de umha tragicomédia que achega certa originalidade graças à programaçom de um encontro entre ambos os dous personagens principais na televisom. Este trabalho é muito profundo, realista e coerente, valores que dam muito mérito a este complexo trabalho.

No entanto, há outros filmes, que bem por darem umha visom parcial do conflito, por tocarem o tema quase de passagem ou bem por mostrarem as republicanas e os republicanos como fanáticos ou mafiosos despossuidos de toda humanidade convertem-se em trabalhos pouco recomendáveis para o tema a tratar ou porque nas sinopses misturam questons como a do I.R.A e podem ser filmes recomendáveis (The General, 1998) mas nom por esta questom. Estes som: Cal (Pat O'Connor, 1984), A prayer for the Dying (Mike Hodges, 1987), Patriot Games (Phillip Noyce, 1992), The Crying Game (Neil Jordan, 1992), Nothing Personal (Thaddeus O'Sullivan, 1993), Blown Away (Stephen Hopkins, 1994), A Further Gesture (Robert Dornhelm, 1997), The General (John Boorman, 1998), The Devil´s Own (Alan J. Pakula, 1997), The Boxer (Jim Sheridan, 1997), Omagh (Pete Travis, 2004) ou Breakfast on Pluto (Neil Jordan, 2005).

Nos últimos anos especulou-se com que se estava a realizar um filme sobre James Connolly (que se havia titular Connolly), porém o único certo é que neste ano (2011) está-se a preparar o lançamento de umha curta metragem The Death of James Connolly (estava prevista para 2010). A curta falará das últimas horas do referente de esquerda do republicanismo e dirigente histórico do independentismo irlandês, para além de um dos protagonistas do Levantamento da Páscoa de 16. Está por ver a influência que poda chegar a ter nas velhas e novas geraçons de simpatizantes com a causa irlandesa e sobretodo se depois alguém se animar a realizar um filme sobre a vida deste revolucionário. Por enquanto, aguardamos com impaciência esta hipótese.


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