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Pedro Penido

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Pensamento em Rede

'Investigados' pelos EUA partilham cenário comum: liberdade de informação

Pedro Penido - Publicado: Quarta, 12 Janeiro 2011 12:21

Pedro Penido

Um império com o cetro trincado, uma coroa em pedaços e um território gradualmente desarticulado. Ei-lo: os Estados Unidos da América.


E a escolha da palavra império não foi por acaso. Com guerras muito mal explicadas, como Iraque e Afeganistão, os Estados Unidos se posicionam, sim, como um império dedicado a conseguir (à força, se necessário), perpetuar seus interesses. Mesmo que isto venha ao custo da soberania e sobrevivência de outros povos. (Governos latino-americanos têm muito a falar sobre isso.)

Este tipo de atitude encontra claros reflexos no comportamento político de muitos de seus cidadãos, ainda alinhados às fileiras de movimentos pára-militares e facções xenófobas, com coniventes "tolerâncias" políticas nos estados onde atuam.

Mas, no mundo digital, tendemos a pensar que a "Teoria da Terra de Ninguém" se aplica, inclusive, à presença de autoridades no ciberespaço. Grande engano, principalmente no que se refere ao governo estadunidense.

Além de tentar, de todas as maneiras, transformar Julian Assange em réu dos processos e ações que ele mesmo, como porta-voz do WikiLeaks, traz ao conhecimento público, o governo de Obama continua arcando com o caos desencadeado por decisões autoritárias e descabidas, como a investigação de perfis no Twitter de pessoas simpáticas ao WikiLeaks.

Entre estes nomes estava o de Birgitta Jonsdottir, deputada islandesa que defende a atuação de Assange e a existência de sites como o WL.

De acordo com o portal CiudadCCS a reação de autoridades na Islândia mostra profundo incômodo com as ações da Corte de Justiça da Virgínia:

El pasado 14 de diciembre un tribunal de Virginia envió una orden judicial a la red social Twitter pidiéndole información en el marco de una investigación criminal en curso. Las informaciones solicitadas conciernen las cuentas Twitter de Julian Assange, Bradley Manning, Jacob Appelbaum, Rop Gongrijp y la propia Birgitta Jonsdottir.

Parece que o desespero das autoridades estadunidenses em arranjar "acusados" para os crimes que ele próprio (o governo imperialista) cometeu beiram o absurdo. E a reação na Islândia não foi diferente da que se esperaria de qualquer outro país soberano.

Oessur Skarphedinsson, Ministro das Relações Exteriores da Islândia, qualificou como inaceitáveis as tentativas de obter informações confidenciais de um integrante de seu corpo governamental. Já Oegmundur Jonasson, Ministro do Interior da Islândia, além de se manifestar contra a investigação de Birgitta, expressou todo seu apoio ao WikiLeaks.

Para entendermos um pouco melhor a situação, vejamos quem são as pessoas cujos nomes foram alvo de solicitação de violação de privacidade no Twitter pela Corte da Virgínia em uma investigação penal:

- Julian Assange: um dos fundadores do WikiLeaks, Assange é o principal porta-foz do site de leaks. Enfrenta graves acusações de estupro e abuso sexual na Suécia e foi preso na Inglaterra. É alvo de críticas vorazes de autoridades, que o acusam de comprometer a segurança, via vazamento de documentos, a segurança de milhares de soldados. Assange também foi eleito a personalidade do ano, pelo jornal francês Le Monde.

- Jacob Appelbaum: é um hacker americano envolvido com o WikiLeaks, projetos voltados para a liberdade de informação na Internet e com o Projeto Tor, que pretende garantir a segurança de informações pessoais que possam ser "liberadas" por navegadores de Internet. O Tor é atualmente utilizado por jornalistas, dissidentes políticos e pessoas que consideram a segurança de informações na Internet uma questão fundamental. Appelbaum também é considerado um porta-voz do WikiLeaks e teve seu notebook e três celulares "confiscados" pelo governo dos EUA em 2010. De acordo com ele pessoas cujos contatos estavam em seus celulares tiveram problemas semelhantes em fronteiras e aeroportos. Entrevista de Appelbaum à Rolling Stones.

- Rop Gonggrip: um dos membros fundadores da XS4ALL ("Access for All"), o terceiro mais antigo provedor e servidor de Internet da Holanda. O provedor é muito conhecido pela tecnologia de vanguarda e pelas ações polêmicas, como a ação de colocar no ar via streaming a estação B92, quando o regime de Slobodan Milosevic (ex-presidente da Iugoslávia) provocava um caos nos sistemas e redes de comunicação.  Sobre seu nome integrar a lista de perfis investigados do Twitter, Rop escreve: http://rop.gonggri.jp/?p=448

- Bradley Manning: soldado estadunidense responsável pelo envio de milhares de leaks ao site WikiLeaks. Entre estes arquivos estavam informações confidenciais que expuseram as ações inaceitáveis do exército americano em variados frontes de combate. Entre estas informações estava um vídeo militar que mostra como soldados americanos atiraram em civis desarmados que andavam por Bagdá. Entre estes civis estavam dois repórteres da Reuters. Manning está preso e pode ser condenado à morte por um tribunal militar. Material e vídeo no +Tags

- Birgitta Jonsdottir: deputada de esquerda da facção The Movement, na Islândia. Atuante e defensora do WikiLeaks, teve seu nome incluído na lista de perfis investigados pela Justiça dos Estados Unidos. É artista, poeta, escritora, pioneira na Internet, editora e  atuante defensora de movimentos de direitos humanos e liberdade de imprensa. Site pessoal: http://this.is/birgitta/

Estranho é que todos, de um modo ou de outro, partilham de um cenário em comum: são ativistas pela liberdade de informação e garantia de acesso seguro (sem vigilância e restrições) ao público na Internet.


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