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russiaRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Um dos principais objetivos da Rússia no Oriente Médio para 2016 será forçar uma saída negociada que possibilite um acordo com o imperialismo para a redução da agressividade sobre a periferia.


Foto: Kremlin (CC BY 4.0)

Os Estados Unidos deverão continuar as negociações sobre questões táticas com os russos, mas evitarão acordos sobre questões estratégicas. A Rússia possui contradições importantes com o imperialismo em relação à disputa das regiões da antiga União Soviética. A política norte-americana, aplicada por meio da OTAN, buscará conter a Rússia ao mesmo tempo que buscará, como objetivo de longo prazo, impor um governo controlado pelo imperialismo. Em cima desse aperto, a Rússia continuará desenvolvendo a aliança com a China, em primeiro lugar, e outras potências regionais como a Índia.

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O governo Putin começará a enfrentar problemas nas províncias devido à contração do orçamento público provocado pela queda da renda petrolífera. Isso já tinha acontecido em 2010. Agora a Federação Russa, em grande medida, se encontra unida em cima da defesa da nação perante o aumento da agressividade do imperialismo na Ucrânia e na região dos Bálticos. Mas o estômago deverá falar mais alto.

As contradições entre o imperialismo e a Rússia continuarão relativamente desescaladas na periferia da Rússia devido aos acordos impulsionados pela Administração Obama com o objetivo de focar a estabilização da Síria.

A guerra civil na Ucrânia continuará congelada, com alguns conflitos menores que fazem parte do jogo para manter o fluxo dos recursos e das ajudas. A crise capitalista na Ucrânia continuará controlada, mas em estágio crítico. A política russa, impulsionada pelo Tratado de Minsk II, não será aplicada. O governo ucraniano de Petro Poroshenko continuará sem condições de aceitar o status de autonomia e o direito ao veto para as repúblicas de Lugansk e Donetsk por causa das pressões da extrema direita. A Rússia manterá o apoio ao enclave no Donbass com o objetivo de evitar o ingresso da Ucrânia na União Europeia e na OTAN.

A contração da economia da Ucrânia, em 2015, levará à queda do primeiro ministro Arseniy Yatsenyuk. A inflação e o desemprego alto continuarão na base dos protestos sociais. O distanciamento da Rússia aumentará ainda mais com o não pagamento da dívida de US$ 3 bilhões e o acordo de comércio com a União Europeia de janeiro de 2016.

As sanções contra a Rússia, e as contra sanções, continuarão durante todo o ano de 2016. Os exercícios militares da OTAN e da Rússia aumentarão em escala, tanto no número das tropas envolvidas quanto na duração e armamento. A Rússia continuará a envolver nas manobras no Mar Mediterrâneo, no Mar Negro e no Mar Ártico, a China.

A OTAN, se bem não alocará tropas de maneira permanente na Europa Central, aumentará as tropas em rotação.

As relações com a Turquia continuarão baixas por causa da atuação da Rússia na guerra civil síria. Os projetos mais importantes no setor de energia, como o gasoduto South Stream e a construção de uma central nuclear, serão adiados.

O enclave de Nagorno-Karabakh continuará avançando na direção de um acordo, entre a Armênia e o Azerbaijão, patrocinado pela Federação Russa, mas enfrentamentos militares ainda acontecerão ao longo do ano. A Rússia manterá os acordos estratégicos com a Armênia, inclusive as tropas estacionadas e os mísseis defensivos, mas continuará se aproximando do Azerbaijão. Neste último caso, a Turquia tentará fortalecer os vínculos para aumentar o fluxo de petróleo e gás à Europa através do próprio território.

A Bielorrússia continuará aumentando os acordos com a União Europeia, mas manterá os acordos estratégicos, inclusive militares, com a Federação Russa. Minsk continuará na linha de frente da aproximação da União Eurasiática com a União Europeia com o objetivo de facilitar a aproximação ao Novo Caminho da Seda chinês, passando por cima das sanções contra a Rússia.

Os Países Bálticos continuarão procurando se distanciar da Rússia e se aproximando da Europa, principalmente em relação à política energética e militar.

Geórgia, o inimigo da Rússia de longa data, manterá os laços com o imperialismo, mas não será admitida na OTAN nem na União Europeia por causa dos enclaves russos da Abkhazia e da Ossétia do Sul. Os laços comerciais com a Rússia aumentarão, principalmente no setor de energia e, eventualmente, substituindo parte das exportações agrícolas turcas.

As repúblicas da Ásia Central tendem a converter-se num dos pontos de concentração de uma nova ascensão das guerrilhas islâmicas conforme militantes retornarão a partir do Oriente Médio e trabalhadores imigrantes retornarão da Rússia por causa da crise econômica. O Cazaquistão e o Uzbequistão tentarão privatizar empresas públicas do setor de energia, que foram atingidas em cheio pela queda dos preços do petróleo e do gás. O gigantes russos do setor ficarão com parte dessas empresas, mas de maneira minoritária por causa dos endêmicos problemas de caixa. Os chineses continuarão aumentando a penetração na região. O mesmo farão os monopólios ocidentais.

Além do Oriente Médio, as repúblicas da Ásia Central são muito influenciadas pela crise política do Afeganistão, fundamentalmente com a recente escalada do Talibã no norte do país, perto das fronteiras com o Uzbequistão, o Turcomenistão e o Tadjiquistão. A Rússia é a potência regional que detém a maior influência na região, apesar das recentes investidas dos chineses, em grande medida com a complacência dos russos. Os Estados Unidos poderão tentar a retomada das posições, a partir da retomada do projeto do gasoduto Trans Cáspio e a abertura de bases militares. O panorama deverá ficar mais claro a partir do mês de agosto de 2016, quando acontecerá a reunião de cúpula do Mar Cáspio, em Astana, a capital do Cazaquistão.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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