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hezbollahLíbano - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] No último período, o governo alawita de al-Assad tem conseguido, com a ajuda direta da milícia libanesa Hizbollah, das milícias xiitas, do Irã e da Rússia, manter o controle de Damasco, a capital da Síria, e das regiões localizadas na costa do Mar Mediterrâneo, ao norte do Líbano.


O Hizbollah possui forte apoio de boa parte da população libanesa. Foto: Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0)

O Hizbollah tem se focado em “limpar” a fronteira e em manter os corredores que suportam o controle do território ocidental da Síria pelos alawitas. A al-Nusra, a al-Qaeda na Síria, foi contida na cidade de Tripoli, localizada ao norte do Líbano. Mas ainda se mantém ativa na cidade de maioria sunita de Arsal, localizada no nordeste do país, após as Montanhas de Qalamoun.

A guerra civil, entre os druzos e os maronitas, que no século XIX vazou do Líbano para a Síria, agora tomou o caminho oposto. Conforme o governo alawita tem conseguido se manter no poder, mas se enfraquecendo, a tendência é que a miríade de “rebeldes” apoiados pela Arábia Saudita tentem estender a atuação para o Líbano, da mesma maneira que o Estado Islâmico e a al-Nusra já o estão fazendo.

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As conversações entre a Rússia e a Arábia Saudita, realizadas recentemente em Moscou, sobre uma saída negociada na Síria, fracassaram. Os sauditas querem a saída imediata de al-Assad. Os russos buscam uma saída, onde os alawitas mantenham uma parte do poder e eles, os russos, mantenham uma proximidade. A cenourinha saudita envolve a promessa de compra de armas russas no contexto da próxima visita do rei saudita a Moscou.

Os russos têm tentado acelerar a saída negociada, com o afastamento de al-Assad. Eles têm promovido conversações com os curdos do YPD (União Democrática Curda da Síria) e com a CNS (Coalisão Nacional Síria). Mas os sauditas, o Catar, a Turquia e os sionistas israelenses procuram se fortalecer, por meio dos “próprios" rebeldes. Israel tem atacado constantemente os guerrilheiros do Hizbollah que atuam nas Colinas do Golã. Recentemente, num bombardeio aéreo, assassinou cinco guerrilheiros e um general da Guarda Revolucionária iraniana. Ao mesmo tempo, tem feito vista grossa aos “rebeldes” que atuam na região sul da Síria, perto da fronteira com o Líbano. Segundo alguns jornais do Oriente Médio, Israel tem tratado guerrilheiros da al-Nusra (a al-Qaeda na Síria) feridos em combate.

O exército libanês e as milícias

O exército libanês se encontra dividido e com baixa “motivação” para combater os guerrilheiros fundamentalistas. Em Trípoli, cidade do norte do país, conseguiram conter a al-Nusra, mas têm se paralisado para atuar em Arsal, apesar da pressão do Hizbollah.

Ao longo do país e, principalmente, nas grandes cidades e nas regiões do sul, existem uma grande quantidade de postos de controle, a maioria nas mãos do Exército, mas também controlados pelas milícias. No sul do Líbano, ainda existe a presença das Nações Unidas.

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O Líbano é um país onde os cidadãos têm no próprio RG a filiação religiosa (cristã, sunita, xiita, druzo). Há leis específicas para cada uma dessas minorias, assim como cotas no parlamento. O voto é específico para a eleição de candidatos da minoria específica.

Em 2006, o Hizbollah derrotou o Exército israelense. Em 2008, perante o aumento da pressão para ser desarmado, chegou a ocupar Beirute. Os acordos e as disputas com os vários grupos políticos foram primeiramente negociados em Doha, a capital do Catar, no mesmo ano, com o estabelecimento de cotas parlamentares. Em 2009, os Acordos de Taiff estabeleceram cotas para a formação do governo nacional.

O Líbano é um campo fértil para a atuação dos serviços de inteligência de todas as principais potências. Além do Exército, existem várias milícias, que representam os interesses das minorias que compõem a base do país. Além do Hizbollah, que parece ser mais poderoso que o próprio Exército, existe outra milícia xiita, semi-vinculada ao estado e ligada estreitamente aos sírios, o Amal. Nos campos de refugiados palestinos vários grupos armados disputam o controle. Nos campos de refugiados sírios, já há mais de dois milhões de pessoas, o que é um número muito grande considerando que a população total do Líbano é de quatro milhões de habitantes. Ao mesmo tempo, representam um elo para a penetração da al-Qaeda e do Estado Islâmico.

O Líbano não é a Síria, da mesma maneira que a Síria não é o Líbano. Mas conforme a desestabilização avança, a tendência é que todos os países da região acabem sendo atraídos para o olho do furacão.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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