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merkel.putinRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] No mês de março deste ano, os exercícios militares do Exército russo no Báltico mobilizaram 45 mil soldados no início e 80 mil no final, 40 navios, 15 submarinos, 110 aviões, mísseis balísticos submarinos, os mísseis balísticos Iskander, que foram alocados em Kaliningrado, e os bombardeiros TU-22M3 de longo alcance que foram alocados na Crimeia. Os exercícios tiveram como objetivo contrapor os exercícios militares conduzidos pelos Estados Unidos, a Operação Atlântico Resolve, que envolveu os países Bálticos, a Romênia e a Hungria.


A imprensa imperialista tentou apresentar os exercícios militares russos como os maiores, mas na realidade, em anos anteriores, aconteceram exercícios com 150 mil soldados.

O que chamou a atenção da movimentação, em primeiro lugar, foi a amplitude da movimentação de tropas. Começou com a Frota do Norte em direção ao Ártico, onde atuaram tropas em terra, navios e submarinos. Em Kaliningrado, foram movimentados aviões de combate e mísseis balísticos. Na Crimeia, bombardeiros de última geração. Diferentes unidades dos distritos ocidentais e do sul participaram, o que marcou uma diferença central dos exercícios anteriores que eram mais concentrados. Na realidade, tratou-se de uma resposta aos exercícios da OTAN, mas com alto conteúdo defensivo. Uma resposta às movimentações no leste da Ucrânia, a movimentação da OTAN nos países Bálticos, na Romênia e na Bulgária.

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A nova doutrina militar da Federação Russa foi feita pública no mês de dezembro de 2014. O caráter é eminentemente defensivo.

A política do imperialismo norte-americano busca neutralizar a Rússia por meio da Alemanha, e a China por meio do Japão. A partir do colapso capitalista de 2008, as tendências centrípetas se aceleraram. A Rússia foi a primeira potência regional, do primeiro time, a se contrapor abertamente ao bloco imperialista estabelecido com a implementação das políticas neoliberais: invasão militar da Geórgia, avanço sobre os países da antiga União Soviética e inclusive da Europa, como a Grécia, a Hungria e Chipre. Com o lançamento do chamado "Novo Caminho da Seda", no final de 2013, pela China, e o fortalecimento da aliança China-Rússia, um novo bloco passou a ameaçar o bloco hegemônico. O novo bloco avança, de maneira muito contraditória, em direção à incorporação da Alemanha e da França.

As contraditórias relações da Rússia com a Alemanha

A única potência ocidental que enviou a Moscou um representante de alto nível foi a Alemanha. Mas a chanceler, Angela Merkel, não esteve presente nas comemorações dos 70 anos da derrota no nazismo que aconteceram no dia 9 de maio. Merkel esteve em Moscou um dia depois. Houve grande cobertura da imprensa russa e alemã. Foi o primeiro encontro pessoal com Putin após os dias 11 e 12 de fevereiro, quando, em Minsk, junto com François Hollande e Poroshensko, os presidentes da França e da Ucrânia, acordaram a estabilização do conflito nas províncias separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia. O objetivo comum é, em primeiro lugar, a retomada do comércio que caiu 6,5% no ano passado, e 35% somente nos dois primeiros meses deste ano.

No dia 4 de maio, 10 países da OTAN e a Suécia lançaram exercícios militares conjuntos, durante duas semanas, no Mar do Norte, com foco na guerra anti-submarina. A Finlândia, que não é membro da OTAN, colocou 900 mil reservistas em estado de alerta. A Suécia, que também não participa da OTAN, acusou o governo russo de impedir a instalação de cabeamento submarino com a Lituânia, o que se soma a outras várias acusações, durante exercícios militares.

Os países Bálticos e Nórdicos representam regiões estratégicas de primeira ordem para a Rússia, principalmente quando no início da década passada, a presença da OTAN ficou a pouco mais de 100 quilômetros da segunda cidade da Rússia, São Petersburgo.

As contradições escalam na região por conta do aperto do cerco da OTAN contra a Rússia e do acirramento da luta pelo controle do Ártico, onde se concentram enormes riquezas minerais, como, por exemplo, 30% das reservas mundiais de petróleo. O imperialismo europeu tem interesses estratégicos em comum com a Rússia, que representa o pivô da integração da Europa com a China, por meio do Novo Caminho da Seda impulsionado pelos chineses.

Mais de 35% do consumo do gás na Alemanha depende das importações da Rússia, o que movimenta boa parte da indústria. O investimento do capital financeiro alemão na Rússia é enorme. Mas ao mesmo tempo que a Rússia tem avançado sobre a Grécia e a Hungria, a Alemanha controla os três países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e avança sobre os países da periferia da antiga União Soviética.

A Rússia e a China avançam para lançar o próprio sistema SWIFT, para o controle dos investimentos financeiros. A Rússia avança para blindar o próprio espaço aéreo com os mísseis S-500 que serão colocados em funcionamento em 2017. A crise na Ucrânia foi controlada no fundamental, pelo menos por enquanto.

As contradições da Alemanha com os Estados Unidos

As contradições entre os norte-americanos e os alemães aparecem na política a ser seguida na região. Os primeiros tentam impor uma saída de força, promovendo golpes militares fascistas e o cerco da Rússia. O golpe militar na Ucrânia e os recentes acontecimentos na Macedônia fazem parte dessa política, que poderá escalar depois das eleições que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano.

A Alemanha atua fundamentalmente por meio do controle econômico e político, ao mesmo tempo em que procura manter estreitos laços com os russos e os chineses. Assim, o grande risco para a hegemonia do imperialismo norte-americano na Europa não é tanto a Rússia, mas a própria Alemanha, da mesma maneira que na Ásia é o Japão.

Trata-se das sementes do ressurgimento da Alemanha como potência em condições de quebrar o domínio dos Estados Unidos na Europa, o que implica na escalada das contradições. A disputa do mercado mundial tem acontecido por meio de guerras brutais. O aprofundamento da crise capitalista acelera as condições para a retomada das contradições que levaram às guerras mundiais.

Os antigos países do bloco soviético têm se transformado na mão de obra barata que está por trás do sucesso da potência industrial exportadora alemã, principalmente nos casos da Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Hungria. Na Ucrânia, a situação escapou de controle, mas os alemães e os russos mantêm o acordo de buscar a estabilização.

O imperialismo procura, no longo prazo, controlar diretamente os recursos naturais da Rússia e dos países da periferia, como o gás do Turcomenistão. Mas essa política não consegue avançar já que o aprofundamento da crise capitalista tem impulsionado os governos nacionalistas e as potências regionais. A Alemanha mantém fortes laços com os russos, impulsiona a Grécia, Itália e a Hungria a aplicar as sanções contra a Rússia e contém os governos direitistas da Polônia e da Lituânia que buscam escalar as tensões com a Rússia. Os laços com os norte-americanos são grandes. Esse tem sido o bloco hegemônico desde o final da Segunda Guerra Mundial, mas as contradições aumentam conforme a crise se aprofunda.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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