Fotos superiores: Günther Quandt, fundador da BMW (lado esquerdo) e Hitler com Joseph Goebbels (lado direito).
O grupo Quandt chegou a ter mais de 200 companhias, da indústria têxtil à farmacêutica. Nas holdings da família também se incluíam grandes investimentos na indústria automobilística alemã (Daimler-Benz e BMW), na fábrica de baterias automotivas Accumulatorenfabrik AG (Afa/Varta).
O historiador acusa o patriarca Quandt, de uma das famílias mais ricas da Alemanha, de fazer parte do regime nazista. Diz Joachim Scholtyseck: Nas suas usinas, Günther Quandt explorou até a morte mais de 50.000 trabalhadores forçados, prisioneiros de guerra e de campos de concentração, para fabricar armas e baterias indispensáveis à Hitler. Empresário sem escrúpulos prosperou durante o nazismo, aproveitando para roubar empresários judeus e transformar seus negócios em um império industrial, diz Scholtyseck.
Joachim lembra que Quandt até não simpatizava com Joseph Goebbels, mas por motivos meramente pessoais – após se divorciar de sua mulher Magda, esta acabou casando com Goebbels, chefe da propaganda de Hitler, e criou seus filhos Herbert e Harald Quandt na casa de Goebbels. Na foto do German Federal Archive, Magda e Joseph Goebbels com outros de seus filhos, Helga, Hildegard, e Helmut, em 1937.
Herbert Quandt, uma das figuras do patronato alemão durante o milagre econômico do pós-guerra – reverenciado por ter salvado a BMW da falência ao recomprá-la em 1959 – recorreu a trabalhadores forçados enquanto dirigia uma das empresas do grupo em Estrasburgo. E, no fim da guerra, até supervisionou a construção de prisão para os prisioneiros de campos de concentração em Sagan, na atual Polônia, revela o historiador.
Já, a neta e o neto do velho fundador da BMW, Gabriele e Stefan Quandt, possuem uma fortuna estimada em 20 bilhões de euros. Gabriele Quandt declarou à revista alemã Die Zeit, na única entrevista concedida após a publicação da pesquisa: gostaríamos que fosse diferente. Stefan Quandt vê em seu avô, um empresário responsável, distante da política e que não tinha o objetivo de matar pessoas. Um retrato contestado pelas investigações de Scholtyseck.
A pesquisa de Joachim também encontrou um rumor embaraçoso sobre a griffe Hugo Boss que, segundo o historiador, era o costureiro preferido de Hitler.
Diz o pesquisador, que Ferdinand Hugo Boss vestiu o Partido Nazista com camisas escuras desde 1924. Após a crise de 1929, ele mesmo entrou para o partido, e não foi apenas para fornecer uniformes para a Wehrmacht e a SS.
Hugo Boss não era claramente hostil aos nazistas, e aderiu à política do partido, indica o estudo realizado por outro historiador publicado recentemente. Mas ele está longe de ser o principal fornecedor de uniformes do regime. Para costurar o passado, a fabricante de prêt-à-porter apresentou suas profundas desculpas por ter empregado 140 trabalhadores forçados, a maioria mulheres e 40 prisioneiros de guerra franceses, reitera o pesquisador. Na foto, membros da juventude hitlerista vestidos com uniformes confeccionados por Boss.
No histórico da marca Hugo Boss, na internet, não há fotografia de seu fundador. Ali, a menção de que Ferdinand Hugo Boss foi obrigado a confeccionar uniformes para os nazistas.
A maioria das empresas alemãs recorreu ao trabalho forçado durante o nazismo. No total, 6.500 delas contribuíram com o financiamento da Fundação Memória, Responsabilidade e Futuro (EVZ), que pagou 4,4 bilhões de euros em indenizações, para mais de 1,6 milhões de antigos trabalhadores forçados ou seus herdeiros. No entanto, muitos outros nunca receberam indenização. As últimas investigações históricas avaliam que o número de trabalhadores forçados na Europa de Hitler chegou a 20 milhões.