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240111_lenineRússia - Ópera Mundi - O partido do Kremlin convocou uma votação popular pela internet para decidir sobre a retirada da múmia de Lenin da Praça Vermelha de Moscou e o possível sepultamento definitivo do corpo embalsamado do fundador da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em um cemitério.


"Todo mundo sabe que o próprio Lenin não queria nenhum mausoléu. Mas os comunistas desprezaram os desejos do próprio líder e de seus familiares", garantiu Vladimir Medinski, historiador e deputado do partido governista Rússia Unida (RU).

No site Good Bye Lenin os interessados podem votar a favor ou contra e responder a seguinte pergunta: você apoia a ideia de enterrar o corpo de Lenin?.

Até agora, quase 200 mil pessoas já participaram da votação: 136.744 votaram a favor da sepultura (69,67%) e 59.533 contra (30,33%).

A página foi colocada no ar após o 87º aniversário de morte de Vladimir Ilich Ulianov "Lenin" (21 de janeiro de 1924), líder da revolução bolchevique e fundador da União Soviética, cuja desintegração (1991) completa 20 anos em dezembro.

"Sua presença como figura central em um mausoléu no coração da Rússia é um absurdo. Poucos são os que entendem que há uma múmia no centro do país", acrescentou o deputado.

O autor da iniciativa considera que os comunistas "precisavam criar um culto que suplantasse a religião e tentaram transformar Lenin em um substituto de Jesus. Mas a coisa não funcionou bem assim".

"É preciso acabar com esta aberração", disse Medinski, quem lembrou que a viúva de Lenin, Nadezhda Krupskaya, se opunha à exposição da múmia e sustentava que ele desejava descansar junto de sua mãe e do irmão no cemitério Volkovskoye, de São Petersburgo.

Repercussão

A iniciativa recebeu o imediato apoio da oposição liberal e dos ativistas de direitos humanos, que sempre defenderam retirar a simbologia soviética da vida dos russos.

"Rússia precisa de uma política de ruptura com o passado soviético. E é preciso começar por enterrar Lenin. Por que não transformamos o mausoléu em um museu sobre as vítimas do Gulag (sistema penal institucional da antiga União Soviética, composto por uma rede de campos de concentração) e dos bolcheviques?", sugeriu Sergey Mitrokhin, líder do partido Yabloko.

Por sua vez, o último presidente soviético, Mikhail Gorbachev, mostrou-se convencido que tarde ou cedo o corpo de Lenin receberá uma sepultura, mas advertiu que "por enquanto não se deve tomar nenhum tipo de medida concreta e muito menos pela força".

"A própria sociedade o acabará entendendo", vaticinou.

Nesta semana, o Kremlin jogou um balde de água fria nos que esperavam uma decisão rápida para a polêmica.

Processo judicial

Enquanto isso, o líder do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, classificou as palavras de Medinski de "franca provocação" e garantiu que a Rússia "unicamente sabe derrubar monumentos, mudar os nomes das ruas e revolver túmulos".

O grupo radical Frente Esquerdista enviou uma carta à Promotoria para que esta abra um processo penal contra o deputado governista por "semear a discórdia na sociedade e incitar o ódio" em direção aos comunistas.

"Terroristas, tirem as mãos do mausoléu de Lenin", dizia um cartaz dias atrás na Praça Vermelha em posse de um grupo de veteranos nostálgico do antigo regime totalitário.

Entre eles, estava Gueorgui Nazarenko, de 93 anos, comunista desde o berço que nasceu no ano da revolução bolchevique (1917).

"Os que querem enterrar Lenin são idiotas. Não têm direito de tocá-lo. Se o fizerem, explodirá uma guerra", declarou à Agência Efe enquanto caminhava pela praça.

Já Yulia, estudante de Economia de 22 anos, acredita "seria preciso tê-lo enterrado muito antes", enquanto Maria, de 18 anos, comentou que nunca visitará o mausoléu, já que não este não despertava nela "nenhuma emoção".

Decisão

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, garantiu que Lenin ficará no mausoléu aos pés do Kremlin até que uma maioria de russos manifeste publicamente posição contrária, para evitar uma "cisma" na sociedade.

O chefe do Conselho de Direitos Humanos adjunto ao Kremlin, Mikhail Fedotov, propôs uma alternativa para contentar os dois lados: transformar o mausoléu em museu.

"O mausoléu e Lenin são partes de nossa história, por mais trágica que isso possa ser. As pessoas poderiam visitar o mausoléu sabendo que é um museu e não um jazigo (...), como o túmulo de Napoleão no Palácio dos Inválidos de Paris", assinalou.

Sem contar as ausências em alguns períodos específicos, a múmia de Lenin permanece desde 1º de agosto de 1924 no mausoléu, com exceção dos 1.360 dias da Segunda Guerra Mundial, quando foi levado para Sibéria.


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