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xangaiChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] De acordo com o economista chefe do Citigroup, Willem Buiter, o crescimento real da China não é de 7%, mas de aproximadamente 4%.


Centro financeiro de Xangai. Foto: Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)

Que as estatísticas são falsificadas pelo governo chinês é sabido. Mas as falsificações se converteram na norma com as políticas neoliberais, a partir do final da década de 1980, e são praticadas em larga escala em todo o mundo, fundamentalmente, nos países centrais.

Os indicadores sobre inflação, desemprego, crescimento, endividamento etc., são brutalmente manipulados. Por exemplo, nos Estados Unidos, a inflação oficial de 2,5% passaria para os 12% simplesmente usando a metodologia anterior à Administração Ronald Reagan. No Brasil, a inflação, para quem ganha até dois salários mínimos e precisa priorizar os gastos com alimentos, moradia e assistência médica, ultrapassa, em pelo menos o dobro, a inflação oficial. Ou seja, se encontra acima dos 15%.

A manipulação do desemprego é simplesmente obscena. Nos cálculos, não se consideram os trabalhadores que não têm procurado emprego há mais de um ou três meses, os trabalhadores precarizados, ou que trabalham em período parcial, ou como autônomos, devido à falta de alternativas. Sem isso, e outros “descuidos” semelhantes, o desemprego nos Estados Unidos dispararia para mais de 20% e no Brasil para mais de 35%.

O que realmente mede o nível de desenvolvimento de um determinado país não é o PIB, que apenas pode ser considerado como uma referência superficial. Outros indicadores, tais como a produtividade do trabalho ou o nível de desenvolvimento social, revelam de maneira muito mais clara, a realidade. Por esse motivo, por exemplo, a China não representa a segunda economia mundial nem o Brasil a sétima. Ambos são países atrasados, apesar de serem potências regionais, com enormes contradições sociais. Na China, por exemplo, vivem mais de 600 milhões de camponeses pobres.

A farsa do PIB, ainda mais obscena que a farsa do PNB

O PIB (Produto Interno Bruto), como instrumento de medição da produção nacional, é um dos tantos mecanismos de ocultação da realidade usados pelos governos burgueses. Os componentes consideram o consumo, os investimentos privados, os gastos estatais e as exportações, aos quais subtraem as importações. São incluídos componentes evidentemente parasitários, tais como as tarifas bancárias e os impostos. São desconsiderados os bens e serviços intermediários, os custos diretos de produção e, principalmente, os bens e serviços produzidos no exterior.

Com a escalada do chamado neoliberalismo nos anos de 1990, o PNB (Produto Nacional Bruto) foi abandonado com o objetivo de ocultar o aumento parasitário das remessas dos países atrasados para os países imperialistas de crescentes volumes de recursos. Vários, e cada vez mais sofisticados, mecanismos financeiros especulativos foram desenvolvidos e implementados para compensar as crescentes dificuldades para a obtenção de lucros a partir da produção. A crise mundial de 1974 marcou o início do fim do chamado “estado de bem-estar social”. Desenvolvido em cima de gigantescos investimentos estatais, principalmente no setor de armamentos, provocou o aumento do endividamento e do déficit público.

As políticas neoliberais implantadas a partir do Consenso de Washington, orquestrado pelo então todo-poderoso secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, no final da década de 1980, oficializaram a escalada de métodos fundamentalmente parasitários para aumentar o saque aos países atrasados pelas potências imperialistas. As leis de propriedade intelectual e de patentes datam dessa época. Também, a disparada generalizada da dívida pública, a estruturação dos derivativos financeiros e do mercado manufatureiro asiático focado na produção de produtos de baixo valor agregado, em cima de mão de obra semiescrava, como os principais mecanismos para continuar garantindo altas taxas de lucro e conter o avanço das massas trabalhadoras.

O PIB desconsidera componentes que o PNB, apesar de ser um índice que também fraudava as estatísticas, evidenciava, como os fluxos internacionais das rendas dos fatores, as remessas de lucros das multinacionais para os países centrais, o que permitia ultrapassar a visão das fronteiras estritamente nacionais, fenômeno que tem se acentuado nas últimas décadas. O PNB considerava o PIB adicionado da diferença entre as entradas e as saídas de capital, com destaque para a RLEE (renda líquida enviada) e RLRE (renda líquida recebida do exterior), que representa a diferença entre os recursos alocados no exterior menos os recursos repatriados para as matrizes.

Desta maneira, os países imperialistas apresentam um PNB maior que o PIB enquanto os países atrasados apresentam um PIB maior que o PNB. No caso do Brasil, por exemplo, é evidente que o PNB é inferior ao PIB, pois os recursos que são repatriados aos países imperialistas, por meio das remessas de lucro, pagamentos de juros, dívidas e serviços, são maiores que os que entram no país.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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