O documento econômico que o Podemos apresentou nesta quinta-feira em coletiva de imprensa, elaborado pelos economistas Vicenç Navarro e Juan Torres, supôs uma redução considerável da ambição das medidas com que se apresentaram às eleições europeias. Existem muitas nuances que reduzem o programa de máximos com que a formação conseguiu bater no tabuleiro eleitoral espanhol. Estas são algumas das medidas com que se apresentaram nas eleições europeias e que desapareceram ou foram modificadas de maneira substancial no novo documento.
1- A idade de aposentação
No programa das europeias, Podemos tinha fixado a idade de aposentação nos 60 anos, enquanto o documento econômico de Navarro e Torres aspira a voltar a situá-la nos 65 anos.
2- Renda Básica Universal
Apesar de o programa das europeias defender de forma explícita o "direito a uma renda básica para todos e a cada um dos cidadãos pelo simples fato de o serem", o novo documento reduz as expetativas de uma das medidas mais criticadas e fala de "rendimentos mínimos de subsistência a famílias e pessoas em exclusão ou em risco de o estarem por se encontrarem no desemprego ou em situação de grave precariedade laboral".
3- Nacionalização de setores estratégicos
O documento de Navarro e Torres elimina qualquer referência à possível nacionalização de setores estratégicos ou a aquisição pública em setores energéticos ou de telecomunicações. Entretanto, o programa das europeias era bem mais radical ao respeito: Recuperação do controle público nos setores estratégicos da economia: telecomunicações, energia, alimentação, transporte, sanitário, farmacêutico e educativo, mediante a aquisição pública de uma parte dos mesmos, que garanta uma participação maioritária pública nos seus conselhos de administração e/ou criação de empresas estatais que forneçam estes serviços de forma universal", estabelecia.
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4- Dívida pública
Uma da medidas estrela do programa para as europeias do Podemos foi a possibilidade do não-pagamento da dívida através de uma auditoria que identificasse a considerada ilegítima. "Auditoria cidadã da dívida pública e privada para delimitar que partes destas podem ser consideradas ilegítimas para tomar medidas contra os responsáveis e declarar o seu não-pagamento", afirmava aquele documento. O texto de Navarro e Torres acalmará os mercados, já que elimina a palavra "auditoria" e refere a possibilidade de realizar uma "reestruturação positiva" que inclua alguma quitação "não traumática".
5- Demissões e ETTs
Outra dos desaparecimentos importantes que existem no documento do Podemos diz respeito aos temas relacionados com o âmbito do mundo do trabalho. No programa das europeias falavam de medidas muito ambiciosas, como a proibição das demissões em empresas com lucros e a supressão das empresas de trabalho temporário. Ambas medidas desapareceram por completo do novo documento econômico do Podemos.