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sanchezgordilloAndaluzia - Llibertat - [Tradução do Diário Liberdade] Juan Manuel Sánchez Gordillo viaja à Catalunha e defende uma política transformadora que na vila andaluza onde é presidente da Câmara municipal conseguiu plena ocupação e moradia para todo mundo.


Chama-se Juan Manuel Sánchez Gordillo e é sindicalista, independentista, andaluz, deputado no parlamento da Andaluzia e presidente da Câmara municipal de Marinaleda, um município sevilhano do rural. Um político que na tomada de posse como deputado na Câmara andaluza disse estas palavras: "comprometo-me a lutar com todas as minhas forças por subverter o sistema que produz desemprego e corrupção, o sistema capitalista. Declaro-me insubmiso e comprometo-me a dar voz aos que não têm. Por esta nação sem soberania que é a Andaluzia. Viva Andaluzia livre!". 

Sánchez Gordillo é um presidente de Câmara municipal comunista que desde o ano 1979 lutou para "pôr em pé um poder contra o poder, um contrapoder que soubesse opor-se aos muitos poderes que tinha a burguesia e que, infelizmente, continua a ter na luta para conseguir os direitos que aos jornaleiros sempre nos tinham negado". Um contrapoder que "desse lugar a um poder de classe, um poder que se comprometesse até as últimas consequências com os trabalhadores que menos tinham, aos que lhes tinham roubado até a palavra".

Por isto, durante todos estes anos, Sánchez Gordillo criou um poder municipal que ocupou a terra com os jornaleiros, que reclamou moradias e que se rebelou contra as normas que favorecem os terratenentes mas que deixam os desocupados do mundo rural desabrigados. E conseguiu-o, por isto agora toca espalhar este modelo de transformação social que tem enraizado nesta pequena vila andaluza.

Plena ocupação e moradia para todo o mundo

Quais frutos obteve esta política? Plena ocupação e o respeito da moradia como direito universal. "Não nos dá medo construir moradias, tantas como sejam necessárias porque os operários e os filhos dos operários tenham assegurado um teto e por isto também não nos dá medo ter como objetivo a plena ocupação que é justo o contrário do que tem em mente o imperialismo para esta zona do planeta", se afirma da Câmara municipal de Marinaleda.

Em Marinaleda todas as medidas vão destinadas a promover a economia produtiva, enquanto que a economia especulativa é proibida. Nesta vila andaluza pode-se ter uma moradia por 15 euros ao mês em troca de não o vender nem especular, enquanto que uma extensa rede de cooperativas que abrange todos os setores da economia produtiva conseguiu que todos os cidadãos de Marinaleda tenham um trabalho, e que todo o mundo, tenha a responsabilidade que tiver, cobre 1.200 euros ao mês. Os lucros que conseguem as empresas não se acumulam senão que se investem para criar mais ocupação.

Um modelo que Sánchez Gordillo está a estender a mais populações andaluzas, agora com a ocupação de uma parcela de 1.200 hectares propriedade do exército em Osuna e que só se usa para criar cavalos. O prefeito ocupou a parcela porque quer que seja produtiva e dê trabalho a mais jornaleiros.

Numa recente entrevista em Onda Cero, das mais escutadas segundo assegura a emissora, Sánchez Gordillo defende que "a terra é de quem a trabalha" e que "tem de cumprir um fim social". Assim, denuncia que na Andaluzia 2% dos proprietários possuem 50% das terras cultiváveis e que 20% dos grandes terratenentes apanham 80% das ajudas da política agrária comum, facto que traz à ruína o pequeno camponês. Neste despropósito tem muito a ver a Duquesa de Alba, que por número de hectares em propriedade leva boa parte de umas ajudas que não precisa.

O acesso à moradia mais barata de toda a Europa

O regedor afirma nesta entrevista que ter um teto por 15 euros ao mês "teria de ser a norma, o excepcional teria de ser que se vendam moradias em troca de milhões de euros". "Nós que fizemos? Singelamente não especular. Comprámos solo rústico muito barato e fizemo-lo urbano. Acabou-se a especulação do solo. A moradia perfeitamente pode ser um direito universal como a saúde ou a educação. Temos abaratado em mais de 100% a moradia", explica, assegurando que "estamos ante o acesso à moradia mais barata de toda a Europa". "E isto não é milagre nenhum, é possível. Se em Marinaleda é uma realidade, pode sê-lo por todo o lado".

Segundo o político comunista, "quando fazes de uma necessidade humana como é o teto um objeto de especulação é quando se encarece". Por isto a sua política baseia-se simplesmente "na aplicação da não especulação na moradia". E isto pode-se fazer por todo o lado. Que faz falta? Sánchez Gordillo tem-o claro: "Vontade política, e amanhã mesmo fazem-se moradias sem ânimo de lucro".

"Esta crise é um grande roubo. Isto chama-se roubo a mão armada"

Sánchez Gordillo mostra-se muito crítico com a crise. O prefeito comunista assegura que a crise "é um grande roubo do capital financeiro com as hipotecas lixo". Um roubo, argumenta, porque "o BCE não empresta diretamente o dinheiro público ao Estado, senão aos bancos. E isto diz-se roubo a mão armada". "Está pensado pelos que mandam, há uma perda de soberania. Rajoi não manda, aqui manda o capital financeiro. Não nos resgatam, sequestram-nos, e já estamos sequestrados", assinala.

A alternativa: nacionalizar a banca e os setores estratégicos

Por isto, para Sánchez Gordillo o primeiro que se tem de fazer para adiantar para um modelo social justo é nacionalizar a banca, que seja pública, e nacionalizar também as companhias energéticas. "A energia tem de ser pública porque é um sector estratégico", diz. Também defesa mais investimento em serviços básicos como a moradia ou as infra-estruturas e uma mudança no modelo agrário para que o alimento seja "um direito e não um negócio". "Desde a austeridade prática e concreta pode-se adiantar muito", sublinha.

O político defesa também a gratuidade de toda a etapa formativa, desde as escolas berço até a universidade. Em Marinaleda uma creche costa 12 euros ao mês, enquanto que em Barcelona, por exemplo, oscila entre os 200 e os 600 euros ao mês, e não há praças garantidas por todo mundo. Isto provoca que "não estejam ao alcance de todas as famílias. Os meninos de um mileurista não têm direito à creche. Tem de ser pública e gratuita", remarca.

Democracia participativa

O modelo rupturista implantado em Marinaleda não entender-se-ia sem uma democracia radical, 100% participativa. Por isto em Marinaleda todas as decisões são tomadas nas assembleias de bairro, onde participa todo o mundo. "Tem-se de voltar o poder real ao povo. Agora está a ter lugar um transvasamento de soberania desde as classes trabalhadoras ao capital financeiro, e isto tem-se de impedir porque acabará com a democracia", adverte Sánchez Gordillo.

A Câmara municipal de Marinaleda afirma que "não há projeto de esquerdas sem participação direta do povo, desde um princípio não queríamos que a gente fosse votar uma vez a cada 4 anos senão participar a cada dia em todos os assuntos que repercutissem na sua vida", expõe. Assim, criaram-se assembleias, tanto gerais como de bairro, onde o povo participa diretamente da elaboração e aprovação dos orçamentos e todo o relacionado com o povo.

Turné catalã

Neste mês de julho Sánchez Gordillo trouxe a experiência de Marinaleda aos Países Catalães. Sexta-feira passada passou por Tarragona num ato organizado pela Associação Artística-Cultural-Meioambiental Hunab Ku de Vilaseca. Sábado tinha de passar pelo CSA Lo Maset de Deltebre mas tiveram-se de suspender as conversas pela ocupação em Osuna.

E quinta-feira, mais de 300 pessoas encheram a Praça da Assunção de Vilanova i la Geltrú para escutar Sánchez Gordillo num acontecimento organizado pelas CUP. Gordillo fechou o seu discurso com "Viva Andaluzia Livre! e Viva Catalunha Livre!" e pôs especial énfase no facto de o independentismo de esquerdas andaluz e catalão serem uma proposta revolucionária chave.


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