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queda-japaoJapão - Causa Operária - A produção industrial voltada à exportação está paralisada. A dívida pública é de 235,8% do PIB. A "saída": planos de austeridade, especulação financeira e mais dinheiro para os especuladores


A análise do aprofundamento da crise capitalista no Japão é extremamente importante para o movimento operário revolucionário, pois representa a constatação da esgotamento e a inviabilidade histórica do capitalismo. O governo japonês tem implementado a monetização da dívida pública em larga escala, ao igual que os EUA e a Grã Bretanha. Mas, a diferença dessas duas potências imperialistas de primeira ordem, trata-se de uma das duas principais potências industriais, junto com a Alemanha. Apesar da economia ter girado em torno à produção industrial voltada à exportação, ela ter amassado o maior endividamento público do mundo em relação ao PIB e tem produzido taxas de crescimento próximas a 0% nas últimas duas décadas.

O aprofundamento da crise capitalista tem direcionado o governo a promover a escalada da especulação financeira e novas ondas de injeções de papel moeda podre para o sistema financeiro parasitário, da mesma maneira que está sendo feito nos principais países do mundo. É a política do "mais do mesmo" pela completa falta de alternativas.

A disparada do endividamento e déficit públicos, e das despesas com juros

A economia do Japão, que é uma das quatro principais potências imperialistas, sofreu contração em três dos últimos quatro anos. A queda das exportações tem impactado em cheio a produção industrial do País. O desastre de Fucuxima, em março do ano passado, acentuou ainda mais a recessão e levou a reduzir significativamente o superávit comercial.

O endividamento público disparou e, hoje, representa mais de 235,8% do PIB (¥ 958 trilhões ou US$ 12 trilhões); 90% do total está nas mãos de especuladores locais.

A meta de zerar o déficit público em 2020 ficará ainda mais distante e a tendência é continuar aumentando. Os ministérios e as agências do governo estão planejando um orçamento, para o ano fiscal de 2012, de  ¥ 98,5 trilhões (US$ 1,2 trilhões), estabelecendo um novo recorde pelo terceiro ano consecutivo.

O fechamento das 54 usinas nucleares levou à disparada dos gastos com energia. O consumo de petróleo e gás aumentou 157% nos últimos meses.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu a expectativa de crescimento do PIB de 2% em 2012 para 1,75% em 2013.

Em maio, a agência qualificadora de riscos Fitch degradou a dívida pública japonesa, que aumentou 61% desde o colapso capitalista de 2008, de AA para A+.

A ampla monetização da dívida pública tem produzido resultados pífios. Desde o mês de janeiro do ano passado, o BoJ (Banco do Japão) tem comprado ETFs (Exchange Traded Funds – títulos especulativos relacionadas a matérias primas) sempre que o índice Topix tem ficado abaixo de 1%. Ainda teria fôlego para nove rodadas adicionais de compras por ¥ 10 bilhões (US$ 1,25 bilhões) cada.

As taxas de juros a longo prazo têm apontado à baixa. Atualmente, estão em 0,85%. Apesar de significarem baixos custos de capitalização para os grandes bancos, novas quedas poderão implicar em perdas na realização dos bônus públicos. Ao mesmo tempo, os volumes de compras de títulos públicos japoneses, por especuladores estrangeiros, com vencimentos a curto prazo continuam batendo recordes históricos, aumentando a pressão para a rolagem da dívida a curto prazo. Por outra parte, o gerenciamento da rolagem da dívida entrou num círculo vicioso sem saída – se os juros dos títulos com vencimentos a longo prazo aumentarem em 1%, os custos dos serviços aumentarão em mais de US$ 1,2 trilhão. As despesas com juros já atingiram um recorde histórico de ¥ 20 trilhões (US$ 3 trilhões).

Não há saída, todas as alternativas são igualmente ruins.

O novo plano de austeridade no Japão e o desgaste político do regime burguês

Em 15 de junho, o PDJ (Partido Democrático do Japão), do primeiro ministro Yoshihiko Noda, e os principais partidos da oposição, o PLD (Partido Liberal Democrático) e o Novo Komeito acordaram em aumentar o imposto sobre o consumo de 5% para 8% em abril de 2014 e 10% em outubro de 2015. O FMI tem pressionado o governo para aumentar a taxa ainda mais, para 15%.

O desgaste do regime político é inevitável. O PDJ não tem maioria no Parlamento. O PDJ foi forçado a ceder ao PDL e o Komeito que exigiram que os programas sociais relacionados às pensões e cuidados com as crianças, que estavam no alvo dos cortes do governo, fossem preservados.

A aprovação do aumento do imposto sobre o consumo criou problemas internos no PDJ. Políticos importantes do PDJ se recusaram a votar a favor do novo imposto acusando a medida de matar qualquer tentativa de recuperação da economia.

Recentemente, o primeiro ministro Noda trocou cinco ministros, incluindo os ministros da Defesa e dos Transportes que tinham sido censurados pela oposição.

As fracassadas tentativas do governo japonês para ressuscitar a economia falida

O imposto sobre o consumo foi introduzido em 1989, a uma taxa de 3%, coincidindo com o pico das bolhas das bolsas e imobiliária. Em 1997, o imposto foi aumentado novamente para 5%, quando o Japão passava por um relativo pico econômico, mas fora afetado pela crise das bolsas asiáticas. Os governos que estiveram no poder, na época, sofreram forte desgaste político.

O primeiro ministro Keizo Obuchi (1998 – 2000) promoveu a injeção de ¥ 100 trilhões (em torno de US$ 1 trilhão), mas com efeitos pífios que resultaram na disparada do endividamento. Junichiro Koizumi (2001-2006) tentou implementar uma reforma fiscal que resultou no aumento dos impostos pelos governos locais, mas na redução da arrecadação devido à recessão econômica.

As alternativas do governo japonês tem sido extremamente limitadas. A injeção de ¥ 5 trilhões (US$ 63 bilhões), feita em fevereiro, adicionais aos ¥ 70 trilhões (US$ 882 bilhões) já injetados, desde outubro de 2010, destinados à compra de ativos podres, não conseguiram promover o crescimento econômico e contribuíram para disparar ainda mais o endividamento público. Desde 1997, o PIB japonês reduziu-se em 10%, a arrecadação de impostos caiu 22% e a dívida pública mais do que dobrou.


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