O congresso contou com a participação de 400 acadêmicos estudiosos do marxismo de 20 países. Estavam presentes grandes nomes internacionais como Samir Amin, Rolf Hecker (diretor do projeto MEGA), entre outros.
Esta iniciativa foi aprovada pelo Ministério de Educação da China e foi conduzida sob auspícios do Departamento de Propaganda do Partido Comunista da China, do Comitê Municipal do Partido de Pequim e do governo municipal. Patrocinado pela Escola de Marxismo da Universidade de Pequim, o evento é um fórum acadêmico de primeira classe cujo objetivo é reunir acadêmicos marxistas do mundo inteiro para discutir o desenvolvimento do marxismo em seus mais diversos aspectos.
É interessante ressaltar que é a primeira vez, desde a queda da maioria dos países socialistas, que uma conferência mundial deste porte sobre o marxismo é realizada em um país socialista.
Segundo os organizadores do congresso, o evento deverá ser realizado a cada dois anos e deve se tornar um importante centro de produção de conhecimento. O tema do primeiro congresso foi “marxismo e o desenvolvimento da humanidade”. O objetivo do encontro foi enfrentar e resolver os problemas atuais comuns da comunidade internacional; discutir os avanços e atrasos do marxismo; debater a experiência socialista chinesa e as práticas socialistas internacionais; acelerar o dialogo e comunicação acadêmica entre marxistas chineses e seus pares internacionais; e revitalizar e promover o desenvolvimento do marxismo no resto mundo.
No consenso de 9 pontos aprovado no congresso, os acadêmicos escreveram: “Afirmamos que o marxismo é resultado do desenvolvimento da civilização humana. Como um dos pensamentos mais influentes, ele revelou a tendência geral do desenvolvimento histórico social e apontou a direção do desenvolvimento da civilização humana. A forte vitalidade do marxismo deriva de sua visão científica do mundo, de sua metodologia, de sua grande perspectiva sobre o desenvolvimento histórico-social, e também de sua visão sobre o desenvolvimento livre e abrangente do ser humano”.
Esta iniciativa é parte do projeto encabeçado pela Universidade de Peking, conhecido como “Projeto Seis Marx”, que inclui a construção de um prédio de oito andares com o nome do grande pensador alemão, o estabelecimento de uma “coleção marxista” em adição às coleções sobre budismo, taoísmo e confucionismo já existentes na universidade, a criação de um site sobre estudos marxistas e a realização bianual do congresso mundial sobre o marxismo.
Nos últimos tempos, o governo chinês tem se preocupado com a entrada de ideias liberais no país e tem estimulado projetos como este, que busquem restituir a proeminência do marxismo na sociedade chinesa.
*Historiador pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Economia Chinesa pela Universidade do Povo da China (Renmin University of China) e doutorando no Departamento de Marxismo na mesma universidade.