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130715 kkeGrécia - Guerrilha - [Francisco Toledo] O KKE - Partido Comunista da Grécia - é uma das maiores forças de esquerda da Europa, e já deixou claro que não acredita em reformas dentro do atual sistema, rejeitando desde o início a vitória de Tsipras e do Syriza. Antes, desacreditado pelo discurso “radical”, o KKE ganha espaço e se fortalece diante de uma possível traição do governo grego contra a sua população.


Fundado em 1918 como Partido Socialista Trabalhista da Grécia, o KKE é a agremiação política mais antiga do país. Muitos gregos consideram os comunistas como responsáveis pela Grécia ter se poupado de mais décadas de sofrimento após a segunda grande guerra, quando os militantes do partido combateram contra o Exército Helénico durante a Guerra Civil Grega. Enfrentaram, posteriormente, a ditadura militar grega e a redemocratização. Saiu do regime como a maior força de esquerda do país, alcançando em 1989 seu maior número de representatividade no Parlamento (cerca de 28 assentos).

Foi nos anos 90 que o KKE começou a perder espaço, com o surgimento de forças de esquerda mais moderadas, como os social-democratas, e o fortalecimento de siglas como o Pasok, consideradas de centro-esquerda. Na década seguinte, com o surgimento do Syriza como principal opção de esquerda, os velhos comunistas viram mais uma vez os trabalhadores se distanciarem de seu plano político, considerado por muitos como “radical”.

Assistiu de camarote a vitória do Syriza, no começo deste ano. E também de camarote, se negou a participar do governo de Alexis Tsipras. Desde o começo, o KKE considerou o programa político do Syriza como “reformista” - apenas mais uma repetição do que o Pasok já fez com a Grécia, iludindo a classe trabalhadora e aplicando pacotes de austeridade, esmagando o bolso do trabalhador. E não demorou muito para que os gregos começassem a perceber que aqueles ditos radicais estavam certos.

O Referendo

Muito se discutiu sobre o posicionamento do KKE sobre o referendo realizado no dia 5 de julho, convocado pelo governo grego sobre a aceitação ou não da proposta da União Europeia. Várias pessoas acusaram os comunistas de se posicionarem de forma neutra, abrindo espaço para um possível fortalecimento do voto no “Sim” - defendido por partidos de centro, como o próprio Pasok. Mas o que poucos sabem é que no dia 27 de junho, a maioria governista no Parlamento grego rejeitou uma proposta do KKE para o referendo, onde seriam colocadas também as seguintes questões ao julgamento do povo grego: o Não às propostas de acordo da UE; e a escolha de sair ou não da União Europeia.

A proposta dos comunistas não foi aceita. Para eles, tal postura do governo demonstra uma possível “chantagem ao povo”, uma mera ilusão de que votando no “Não” a Grécia sairia ilesa de mais pacotes de maldades da Troika.

E o que propõe o KKE?

Para os comunistas gregos, a opção viável para a Grécia no atual momento seria a retirada imediata da União Europeia. Diante do ciclo vicioso que se tornou nos últimos governos os pacotes de austeridade, esta seria a única forma do povo grego conseguir reconstruir o seu país de forma digna.

Por isso, a forte oposição ao governo de Alexis Tsipras, que tem tentado ao máximo conciliar seu discurso contra a austeridade com elogios e afirmações claríssimas de que o Syriza apoia a permanência da Grécia no bloco europeu.

A diferença de posicionamento entre ambos os partidos pôde ser vista com mais clareza nos últimos dias, quando o governo de Alexis Tsipras, em mais uma cartada, enviou uma grave proposta para a Troika na tentativa de manter o país na UE. A proposta de Tsipras afetaria diretamente o bolso dos aposentados e pensionistas, além de aplicar ainda mais privatizações na máquina pública do Estado, que vive um declínio sem precedentes nas últimas décadas.

Diante desta possível “traição” do governo do Syriza ao povo grego, menos de uma semana depois do referendo, boa parte do eleitorado já demonstrou sua falta de esperança em Tsipras. E não só o eleitorado, como boa parte dos militantes e parlamentares de seu partido.

Várias manifestações ocorreram nos últimos dias denunciando o possível retrocesso comandado pelo Syriza diante dos acordos com a UE. O KKE tem encabeçado vários protestos desde então, alertando a população sobre a possibilidade de mais cortes e mais pacotes de maldades. Com isso, segundo o jornal português PÚBLICO, a aproximação dos comunistas com o setor trabalhador tem aumentado ainda mais, fortalecendo as bases do partido que um dia já foi o maior representante de esquerda da Grécia.

O posicionamento ideológico do KKE

Muitas críticas surgem ao KKE por conta de seu possível radicalismo político, mas também ao seu posicionamento específico dentro da esquerda. Por ser um tradicional partido stalinista, muitos grupos anarquistas e comunistas enxergam o KKE como anti-democrático e próximo de grupos pró-Putin.Nos últimos anos, correntes anarquistas entraram em confronto com frequência contra militantes do KKE - casos ocorreram durante manifestações contra a austeridade, realizadas nos anos de 2010 e 2011, quando militantes do KKE chegaram a bater em anarquistas após alguns manifestantes tentarem passar pela barreira policial. Em uma reportagem realizada pela revista VICE em 2011, militantes anarquistas acusaram o KKE de reprimir a manifestação em conjunto com os policiais. E agora?

É preciso prestar muita atenção no que acontecerá nos próximos dias na Grécia. A presença do KKE no front contra a austeridade e a União Europeia pode ser o diferencial diante de um possível arrego de Tsipras e da base moderada do Syriza. Para entender ainda mais o posicionamento do KKE na atual conjuntura política grega, saca só a entrevista que a Revista Ópera fez com um de seus membros, no começo deste ano.


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