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rússia.imperialista.nãoRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Rússia representa uma das principais potências militares da atualidade, com o potencial de tornar pó inclusive os próprios Estados Unidos, com um arsenal de cinco mil ogivas nucleares e mísseis de última geração. Mas, apesar disso e da influência sobre vários dos países vizinhos, está muito longe de ser uma potência imperialista. A principal fraqueza é a economia.


Gigante Militar, Nanico Econômico

Conforme tem aumentado a agressividade da OTAN na Europa, a campanha da grande imprensa capitalista no sentido de apresentar a Rússia como uma potência imperialista tem escalado. A esquerda pequeno burguesa adere em cheio a essa campanha.

O imperialismo surgiu como decorrência da concentração das grandes empresas, num fenômeno que se acentuou a partir do último quarto do século XIX e que apareceu claramente no início do século XX. O novo conteúdo fundamental foi a fusão do capital industrial com o capital financeiro, a exportação de capitais e o acirramento na disputa pelo mercado mundial. Esses foram os fatores da Primeira Guerra Mundial. A Alemanha tinha aparecido como uma potência de primeira linha e passou a disputar o mercado mundial, que era dominado fundamentalmente pela Inglaterra e a França.

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O mercado mundial é controlado por um clube muito seleto e fechado. Esse domínio tem sido consolidado a sangue e fogo por meio de muito sangue e dezenas, ou centenas, de milhões de mortos. As guerras mundiais e os conflitos posteriores têm essa disputa como base.

As potências de primeira ordem são apenas um punhado de países, os Estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha, a França e o Japão. Há as potências de segunda ordem, como vários países europeus, o Canadá e a Austrália. O objetivo fundamental das potências imperialistas é justamente manter o controle do mercado mundial. Gigantescos monopólios dominam a economia, controlam estados, provocam guerras e parasitam a sociedade.

A base das contradições da Rússia com o imperialismo

O parasitismo tem ido a uma escala demencial no último século. O capitalista que montava uma fábrica e ganhava dinheiro fabricando alguma coisa, acabou definitivamente. Hoje, o que temos são 150 famílias que controlam o mundo, a especulação financeira levada ao extremo e a economia real paralisada. O mundo foi transformado num verdadeiro cassino financeiro, cada vez mais podre.

Somente os nefastos e ultra podres derivativos financeiros movimentam 15 vezes o valor do PIB mundial. A especulação financeira, que representa o coração do capitalismo mundial, é controlada, em primeiro lugar, pelos Estados Unidos e a Inglaterra. As potências europeias e o Japão seguem, em boa medida, os Estados Unidos. Mas o bloco formado a partir do final da Segunda Guerra Mundial apresenta crescentes rachaduras.

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A principal política militar norte-americana para manter o status quo foi elaborada em 2001, o Full Spectrum Dominance, ou domínio total do espectro, que representa o principal instrumento coercitivo para conter o desenvolvimento de potências concorrentes, na disputa pelo mercado mundial. Não por acaso, a metade do orçamento do Pentágono foi direcionado para a região Pacífico da Ásia, com o objetivo de conter a China. O cerco contra a Rússia tem sido apertado cada vez mais, principalmente a partir do golpe do ano passado na Ucrânia, promovido pelos Estados Unidos, usando como instrumento vários grupos nazi-fascistas.

A atuação do governo russo, como é típico dos governos nacionalistas, é extremamente pragmática e segue objetivos comerciais, com o principal objetivo de favorecer setores da burguesia nacional (chamados de oligarcas na Rússia e nos países vizinhos). Não por acaso a Rússia tem apoiado inclusive partidos da extrema-direita europeia, busca estreitar a aliança com a União Europeia, e apoiou e facilitou a invasão ao Afeganistão. O acirramento das contradições com os Estados Unidos, e numa medida menor com os europeus, tem na base questões econômicas. O apoio às minorias russas nos países vizinhos, como no caso da Ucrânia, e a contraposição à agressividade da OTAN devem ser analisadas sobre essa ótica em primeiro lugar.

A Rússia é um dos participantes chaves do chamado "Novo Caminho da Seda" impulsionado pela China e do qual também fazem parte a Alemanha e a França. O imperialismo norte-americano se opõe a essa aliança, pois tem como potencial a criação de um bloco que pode enfrentar a sua hegemonia. Obama tem usado a diplomacia como principal instrumento. No próximo ano, acontecerão eleições nos Estados Unidos e a direita deverá ganhar a Casa Branca, sendo que já controla as duas câmaras legislativas com forte presença da extrema direita do Tea Party. Em próxima matéria estaremos analisando essa questão.

Rússia: participação no mercado mundial quase nula

A Rússia representa uma das principais potências militares da atualidade, com o potencial de tornar pó inclusive os próprios Estados Unidos, com um arsenal de cinco mil ogivas nucleares e mísseis de última geração. Mas, apesar disso e da influência sobre vários dos países vizinhos, está muito longe de ser uma potência imperialista. A principal fraqueza é a economia.

A economia russa é muito débil, inclusive muito mais fraca que a economia da época da União Soviética na época do auge. Na base, está a energia (gás, petróleo e energia nuclear) e o mercado de armas, do qual a Rússia é o segundo maior exportador. A participação no mercado mundial é quase nulo. A dependência dos capitais monopolistas estrangeiros é gigantesca. O PIB é de apenas US$ 1,5 trilhão, 8% do PIB dos Estados Unidos; na época da União Soviética representava aproximadamente 60%.

Na Europa Oriental, que seria uma das zonas de influência naturais da Rússia, a participação é muito pequena. Na Hungria, controla apenas 8,6% das importações e 3,1% das exportações. Na Eslováquia, 10% das importações e 4% das exportações. Na República Tcheca, 5,6% das importações e 3,7% das exportações. Na Alemanha, controla 40% do fornecimento da energia e mais nada. Em contrapartida, a Alemanha inunda a Rússia com produtos manufaturados, química fina e tecnologia de ponta.

Com o aprofundamento da crise na Europa, a partir de 2012, e a escalada dos preços do petróleo, a Rússia avançou no setor nuclear e adquiriu alguns bancos. Mas, a partir das sanções impostas por causa da crise na Ucrânia e a queda do preço do petróleo, os investimentos foram reduzidos drasticamente.

O capital estrangeiro que deixou a Rússia, em 2014, foi de aproximadamente US$ 150 bilhões. Para este ano, a fuga de capitais se estima em US$ 80 bilhões. De acordo com a agência qualificadora de riscos Standard & Poor's, os bancos russos precisarão de US$ 41 bilhões para cobrir os empréstimos podres neste ano.

Rússia: Economia sufocada pelas sanções e pelos baixos preços do petróleo

Na década passada, a economia da Rússia foi reestruturada sobre o setor de energia e se viu favorecida pelos altos preços impulsionados pela disparada da especulação financeira dos mercados futuros de commodities. A Rússia se tornou o principal fornecedor de energia para a Europa e os países vizinhos, o que tem sido usado como um importante fator de pressão política. A indústria nacional foi praticamente desmontada e as importações de produtos manufaturados e agrícolas dispararam. Há dois anos, começou uma nova movimentação para focar a economia no setor de armamentos.

Com o preço do barril de petróleo tendo despencado de US$ 110 para US$ 50 e as sanções das potências ocidentais, a economia, e em primeiro lugar as empresas públicas, tem sido atingida em cheio. Os ingressos do setor energético representam a metade do orçamento público. As reservas soberanas caíram de mais de US$ 500 bilhões para menos de US$ 400 bilhões.

A Rosneft, a empresa estatal de petróleo, está enfrentando dificuldades para rolar a dívida de US$ 35 bilhões por causa das sanções e da queda dos preços do petróleo; US$ 26,2 bilhões deverão ser pago no final do ano para bancos norte-americanos, europeus e japoneses. Há contradições entre setores do governo sobre a eventual privatização parcial da empresa, à qual o setor dominante no governo se opõe. Encontra-se em avaliação o adiantamento de parte dos US$ 63 bilhões que a Rosneft deve receber da China National Petroleum até 2018.

O setor militar continua a ser controlado pelo setor mais vinculado a Putin. Inclui o complexo industrial Rostec e a United Aircraft, que controla várias empresas do setor aéreo como a Sukhoi e a Tupolev.

Vários bancos estatais têm sido favorecidos por repasses de recursos públicos. O VTB, o VEB, o GazpromBank e o Sberbank receberam US$ 16 bilhões. O setor financeiro tem sido atingido em cheio pelas sanções e os lucros caíram 14% em 2014. Os empréstimos concedidos em 2014 somaram US$ 100 bilhões. As emissões de títulos públicos caíram de US$ 53 bilhões em 2013 para US$ 10 bilhões em 2014. A burguesia nacional, os chamados oligarcas, que controlam setores importantes da economia, viu os lucros caírem. Muitos investimentos no exterior estão sendo abandonados para cobrir as perdas na Rússia.

Vários projetos considerados como estratégicos serão mantidos, como o projeto de gás liquidifeito na Península de Yamal, avaliado em US$ 2,6 bilhões, e os principais projetos da Gazprom somam em torno a US$ 200 bilhões. Por outro lado, a maioria dos investimentos sociais estão sendo afetados.

Rússia: O aumento das pressões inflacionárias

Os preços dos alimentos têm aumentado significativamente, em média 15% em 2014, por causa da desvalorização do rublo e das contra sanções aos produtos da União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Noruega.

Até o momento, a Rússia importava 70% das frutas e a quarta parte da carne. O preço das verduras e das frutas dispararam. O repolho, que é um alimento importante na mesa dos russos, subiu 60% neste ano. As batatas, 36%; a cebola, 40%; e a cenoura, 30%. A carne, 10%. No final de fevereiro, vários supermercados anunciaram um congelamento dos preços por dois meses nos principais produtos da cesta básica. Mas os preços nas prateleiras têm aumentado assustadoramente.

Uma parte das importações de pequenos países dos Balcãs representam desvios ilegais de produtos banidos da União Europeia. As importações de frutas e verduras da Macedônia aumentaram em 200% no ano passado e as da Sérvia 36%. Da mesma maneira, os desvios têm acontecido por meio da Bielorrússia e o Cazaquistão. Há uma certa vista grossa do governo por causa do aumento das pressões inflacionárias.

A Turquia aumentou as exportações de frutas e verduras para a Rússia, no segundo semestre do ano passado, em 25%. As exportações de carne cresceram em 400%. O governo russo levantou a proibição da importação de carne brasileira de 90 frigoríficos no ano passado.

Os preços dos fertilizantes também dispararam, tanto por causa das sanções como por causa dos fabricantes domésticos de fertilizantes terem desviado parte da produção para obterem lucros maiores com as exportações por causa da desvalorização do rublo. O Ministério da Agricultura tentou minimizar o problema impondo uma taxa de 35%, mas que foi eliminada pelo Kremlin por causa do lobby dos exportadores.

A Rússia é um grande produtor de cereais, principalmente na região do Volga, ao sul do país. Mas, ao mesmo tempo, é um grande importador de grãos. Do Brasil importa soja, da Argentina trigo. Em março, a inflação dos alimentos foi de 1,6% em comparação ao mês anterior, mas de 23% na comparação com o mês anterior.

O grande problema colocado é que a disparada dos preços dos alimentos conduz à desestabilização social. A dependência das importações deixa a economia altamente exposta. Algumas políticas públicas recentes tentam impulsionar a produção interna, mas está longe de atender à demanda. Os investimentos públicos estão direcionados para a exportação de gás, petróleo, energia nuclear e armas.

Rússia: Déficit fiscal e cortes nos investimentos sociais

O déficit fiscal esperado para este ano é de US$ 45 bilhões. No entanto, o orçamento de defesa aumentou em 20%. Os gastos sociais foram recortados. Os governos provinciais (oblasts) e municipais estão cortando os gastos com saúde, o que tem levado à aparição de protestos sociais espontâneos. Em novembro, aconteceram protestos em Moscou por causa dos cortes, após a prefeitura ter fechado clínicas e hospitais, de aproximadamente a quarta parte dos locais de atendimento médico e a demissão de dez mil médicos.

Foram anunciadas reformas estruturais na educação pública. Investimentos em infraestrutura também foram cortados. A construção de parte do anel periférico da cidade de Moscou, com 500 quilômetros, orçado em US$ 2,6 bilhões, foi adiado.

Outro dos fatores que têm gerado protestos nas ruas foi o desvio dos fundos de pensão para cobrir buracos orçamentários no ano passado. A soma envolvida gira em torno de US$ 7 bilhões. Os fundos da reserva pública (reservas soberanas, e fundos sociais em conjunto) despencaram de US$ 600 bilhões na metade do ano passado para US$ 400 bilhões.

De acordo com o Ministério do Trabalho, foram fechadas quase 155 mil vagas de emprego no ano passado e 127 mil somente nos dois primeiros meses deste ano. Os principais afetados foram os trabalhadores das grandes empresas russas, como a Rosneft, a Rostelecom, a Avtovaz e a Mechel.

A crise dos governos regionais tem escalado. Durante os últimos meses, Vladimir Putin manteve encontros com vários dos governadores provinciais. Pelo menos 63 dos 83 governos regionais enfrentam o risco da falência. O endividamento duplicou desde 2009, e, de acordo com a Standard & Poor's, poderá atingir os US$ 103 bilhões. Junto com o endividamento federal a quantia para US$ 300 bilhões. Dos impostos recolhidos somente 37% ficam com os governos regionais. Outros 20% retornam na forma de subsídios. As dívidas passaram a ser restruturadas desde março, estendendo o prazo dos pagamentos para 2034.

Rússia: Como o aumento da carestia da vida é sentido pela população?

O salario mínimo nacional é de 10 mil rublos, que é o que a maioria dos aposentados recebe. Na Sibéria, o salário mínimo é de 12 mil rublos.

O salário médio é de 70 mil rublos. O salário mínimo em São Petersburgo é de 27 mil rublos mensais, dos quais 13% são descontados pelo governo.

O peso da alimentação no orçamento familiar é enorme. É raro ver os russos comprando frutas, por exemplo. Um quilo de maçãs custa em torno de 100 rublos, ou dois dólares. Um quilo de laranjas, 130 rublos.

O preço do Metrô em São Petersburgo passou de 25 rublos em 2013 para 28 em 2014 e 31 em 2015. O ônibus e o transvia passaram de 22 para 25 e 28 rublos respectivamente.

Os custos com moradia têm disparado nos últimos anos. O aluguel de um apartamento de um dormitório perto do Metrô passou de 14 mil rublos para mais ou menos 17 mil, de 2013 para 2014. A isso se somam dois mil rublos de serviços de energia e água no verão, que passam para três mil no inverno. Em Moscou o custo seria entre 15% e 20% a mais.

O aluguel de um apartamento de dois dormitórios perto do Metrô, em São Petersburgo, custa acima de 30 mil rublos. Os serviços mais 4.000 rublos no verão e 6.000 rublos no inverno. O aluguel de um apartamento de três dormitórios sobe para 45 mil rublos.

O preço do gás passou de 50 rublos o metro cúbico, em 2013, para 60 em 2014 e 70 em 2015.
Existe uma escola pública em cada bairro e a transferência de uma escola para a outra é fácil. O acesso às universidades públicas é relativamente fácil, mas tem ficado cada vez mais difícil. Tem começado a proliferar os cursos pagos nas escolas públicas.

Os hospitais públicos oferecem o mesmo serviço que os particulares, mas o atendimento é mais demorado.

Os aposentados não precisam pagar pelos medicamentos. A idade de aposentadoria para as mulheres é de 55 anos e a dos homens 60 anos, mas já se fala em aumenta-la para 60 e 65 anos respectivamente.

O que representou a subida de Vladimir Putin ao governo russo?

Entre 1995 e 1996, em várias localidades da Rússia, a maioria das pessoas não tinha dinheiro. Muitas delas plantavam frutas e legumes onde podiam para sobreviverem.

Em 1998, a crise que tinha estourado nos países asiáticos atingiu em cheio a convalida Rússia, que enfrentava o caos da implosão da União Soviética, acentuado pelas políticas neoliberais implementadas durante o governo de Boris Ieltsin. As taxas de juro aumentaram 150% enquanto os preços da energia caíram. Em agosto, o rublo sofreu forte desvalorização. Os mercados financeiros entraram em colapso. O governo não conseguiu pagar US$ 40 bilhões da dívida pública. A inflação passou para 84%, os preços dos alimentos duplicaram e os custos com as importações subiram quatro vezes. A maioria das empresas deixou de pagar os salários. Em torno de 30% da população (quase 45 milhões de pessoas) caíram para baixo da chamada linha oficial de pobreza, ou US$ 25 mensais no mês de dezembro.

A produção industrial, que já tinha caído quase pela metade após o colapso da União Soviética, ficou semi paralisada. A solução aplicada pelo governo Putin para estabilizar a economia e enfrentar a pressão das potências imperialistas foi direcionar a economia para a produção e exportação de energia. Dessa maneira, conseguiu ingressos que viabilizaram o país e impulsionou um instrumento de pressão e negociação com a Europa. Em contrapartida, a indústria nacional foi sucateada.

Rússia: O colapso dos governos regionais em 1998 e 1999

As regiões mais atingidas pela crise de 1998 foram as regiões mais industrializadas como Sverdlovsk, Chelyabinsk, Vologda, Kemerovo, Krasnoyarsk, Orenburgo, Volgogrado, Omsk e Lipetsk.

A produção agrícola também tinha caído pela metade. A produção de fertilizantes e maquinário agrícola foi abandonada. Em várias regiões faltou comida, como aconteceu em Sakhalin, Kamchatka, Daguestão, Chukotka e Kaliningrado.

Em outubro, aconteceram protestos de massas nas ruas das principais cidades da Rússia. A política do Kremlin para estabilizar a situação levou a maioria dos governos locais à bancarrota.

Algumas regiões proibiram as exportações de alimentos, fizeram estoques e estabeleceram o racionamento, o que é proibido pela legislação federal. Algumas regiões pararam de repassar impostos ao governo federal. Outras deixaram de pagar os salários e fecharam os serviços públicos municipais e federais. Empresas e bancos foram intervindos pelos governos regionais. São Petersburgo e Novgorod venderam terras e ativos para capitais estrangeiros. Tatarstão, Komi e Sakha, entre outros, tomaram empréstimos de bancos estrangeiros para cobrirem as dívidas que não conseguiram cobrir, o que levou a novos defaults. A situação ficou fora de controle para o Kremlin.

De acordo com o Ministério da Justiça, mais de dois terços das regiões aprovaram leis anti constitucionais, que podem ter chegado a 20 mil.

No mês de julho de 1998, o então presidente russo, Boris Yeltin, nomeou Vladimir Putin como chefe da FSB (Serviço Federal de Segurança), a sucessora da KGB. Em outubro, ele tornou-se o homem forte do Conselho de Segurança. Imediatamente, e com mão de ferro, Putin passou a controlar os governos regionais. Unidades militares foram enviadas a todas as regiões. No ano seguinte, 46 das 89 regiões tinham assinado acordos para enquadrar a legislação sobre o controle federal e a terceira parte renunciaram. Foram abolidas as eleições regionais e a Rússia Unida, o partido de Putin, passou a dominar as regiões. Foram criados sete distritos que passaram a ser controlados diretamente pelo presidente.

Rússia: A consolidação dos governos liderados por Putin

O grupo de oligarcas que formava a base do governo Yeltsin começou a ser removido do poder. Em 2001, aconteceu uma reforma ministerial que removeu os ministros desse grupo, inclusive os da Defesa, do Interior, Energia Atômica e Segurança. No lugar, se fortaleceu o grupo ligado à FSB e ao governo regional de São Petersburgo, a partir de onde Putin tinha se projetado.

Em 2004, Putin nomeou como primeiro ministro Mikhail Fradkov, com pouca vinculação com os grupos de oligarcas, que, em 2007, posteriormente foi substituído por Viktor Zubkov, este já ligado aos círculos próximos a Vladimir Putin.

Várias das empresas que Yeltsin tinha entregado para particulares passaram a ser reestatizadas. Em 2005, o grupo de Khodorkovsky foi removido do controle da gigante do petróleo Yukos que foi dividida entre duas gigantes estatais, a Gazprom (gás) e a Rosneft (petróleo). Boris Berezovsky, o controlador da fabricante de automóveis Avtovaz, da Sibneft e da Aeroflot, fugiu do país. Roman Abramovich vendeu a Sibnet para a Grazprom depois de tê-la adquirido de Berezovsky.

Em relação ao complexo militar, o governo Putin enfrentou a crise do afundamento do submarino Kursk em 2000 e a crise das guerras na Tchechênia. Em 2001, Putin indicou o primeiro civil, Sergei Ivanov, para o Ministério da Defesa, com o apoio da FSB. Imediatamente, começaram as purgas no primeiro escalão e nas empresas ligadas à indústria de defesa. As empresas foram consolidadas em grandes complexos como a Rosoboronexport e a United Aircraft Corp.

Putin direcionou a economia para a exportação de energia e de armas. A indústria nacional foi abandonada, assim como, em grande medida, o desenvolvimento da agricultura.

A tendência natural do governo Putin passa por maiores purgas na cúpula dirigente, a concentração e maior controle do setor de energia e do setor de defesa, o maior controle do setor financeiro, o desenvolvimento do setor automobilístico e de minerais, e a contenção dos movimentos separatistas no Cáucaso, em regiões como Bashkortostan, Tatarstan, Tchechênia e o Daguestão, que podem rapidamente, conforme a crise capitalista se aprofundar e o eventual contágio do Oriente Médio e do Afeganistão transbordar, atingi-las em cheio.

O desenvolvimento da situação no próximo período depende diretamente da evolução da situação política que é influenciada diretamente pelo aprofundamento da crise capitalista mundial.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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