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151014 consumoItália - Envolverde - [Emílio Godoy] "Queremos alimentos saudáveis, queremos produzir segundo nossas tradições", cobraram produtores e ativistas durante o fórum internacional de especialistas em agricultura e ambiente, que acontece nesta cidade do sul da Itália.


 Para encontrar um exemplo das dificuldades que os agricultores enfrentam para conseguir essa meta, não precisa ir longe, disse à IPS o jovem Dario Natale, que mora na chamada Terra dos Fogos, uma faixa entre as cidades de Nápoles e Caserta, batizada assim pelos contínuos incêndios do lixo depositado ilegalmente na área.

"A terra está contaminada, as pessoas adoecem e suspeita-se de nossos produtos. O governo não faz nada", denunciou Natale, de 24 anos e membro da organização Stop Biocidio, que pede o fim do despejo ou aterramento de lixo no lugar, muitos deles tóxicos, e abandone a prática de sua incineração, iniciada na década de 1990. Essa área da província de Campania é produtora tradicional de hortaliças, frutas e queijo mussarela de búfala.

A Camorra, o grupo mafioso napolitano, controla desde essa época o negócio do lixo e de resíduos perigosos, transportados desde o industrial norte italiano até esse lixão improvisado no sul, com severos danos ambientais, à saúde e à economia da região.

Problemas como este serão abordados na Expo Milão, que acontecerá em maio de 2015 com o título Alimentar o Planeta, Energia Para a Vida. Na exposição os países participantes apresentarão sua situação sobre a produção de alimentos, o combate à fome e a garantia da segurança alimentar. São os mesmos temas abordados o XI Fórum Internacional para Meios de Comunicação sobre a Proteção da Natureza, realizado em Nápoles entre os dias 8 e 11 deste mês, sob o lema Gente Que Constrói o Futuro. Alimentando o Mundo. Alimentação, Agricultura e Ambiente.

O fórum, organizado pela Greenaccord, uma rede italiana de especialistas dedicada à capacitação em assuntos ambientais, reuniu cerca de 200 jornalistas, acadêmicos, ativistas, estudantes e representantes de governos e organizações multilaterais de 47 países. Durante os quatro dias de exposições e debates também foram abordados temas como a luta contra a fome, o papel das corporações transnacionais e a adaptação da agricultura à mudança climática.

As nações do Sul em desenvolvimento – segundo diferentes especialistas – estão em uma situação ambígua, pois lutam contra a fome mas vão mal quanto à segurança alimentar, a qual envolve também a produção e distribuição de alimentos e sua qualidade.

"Não basta a produção de alimentos para todos, é preciso que cada indivíduo tenha acesso à comida. Na América Latina, por exemplo, o direito é cumprido de maneira variada. O fato de os países terem leis não pode ser considerado um cumprimento", apontou à IPS Adriana Opromolla, gerente de Campanhas da organização humanitária Cáritas Internacional.

Essa entidade anunciou a divulgação de um informe sobre segurança alimentar na Guatemala e Nicarágua durante o fórum anual do Mecanismo da Sociedade Civil sobre a Segurança Alimentar Internacional e a Nutrição, que acontecerá na sede de Roma da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A atividade faz parte da semana em prol da eliminação da fome no mundo, entre 12 e 19 deste mês.

Até 2050, a demanda por alimentos aumentará 65%, enquanto a população mundial chegará a nove bilhões de pessoas. O Estado da Segurança Alimentar no Mundo 2014, divulgado em setembro, revela que a proporção de pessoas que sofrem subalimentação na América Latina caiu de 15,3%, no triênio 1990-1992, para 6,1% no período 2012-2014.

Essa baixa levou a região a alcançar, um ano antes do prazo, o primeiro dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pela comunidade internacional em 2000, o de erradicar a pobreza extrema e a fome, cuja meta concreta era reduzir pela metade as pessoas subalimentadas no mundo, com relação ao índice de 1990. Na região houve uma abordagem variada do tema. Por exemplo, nações como Colômbia e México incluíram em suas constituições o direito à alimentação, e na Argentina, Equador e República Dominicana existem leis a respeito.

"A insegurança alimentar continua sendo um problema e não significa apenas comer, mas quando, como e quanto. Há uma segurança real e uma percebida", e esta atende ao número de pessoas com fome, disse à IPS o acadêmico Marino Niola, diretor do Centro de Pesquisa Social sobre a Dieta Mediterrânea, também conhecido como MedEat Research, da universidade privada Sour Ursula Benincasa, de Nápoles.

Em 2004, foram adotadas as Diretrizes Voluntárias da FAO em apoio à realização progressiva do direito à alimentação, cuja avaliação acontece este ano. É neste contexto que se comemora o Dia Internacional da Alimentação, no dia 16, sob o lema Agricultura Familiar: Alimentar o Mundo, Cuidar do Planeta. "O direito à alimentação é uma maneira ética de abordar a produção e a distribuição de comida. É preciso garantir a segurança alimentar aos países importadores" de comida, ressaltou à IPS o pesquisador Gary Gardner, do não governamental Worldwatcht Institute.

Em suas pesquisas, este especialista descobriu que 13 países eram, em 2013, totalmente dependentes de grãos importados, 51 o eram em mais de 50% e 77 em mais de 25%. Mais de 90 milhões de pessoas no mundo dependem totalmente de grãos importados, 376 milhões o são em mais de 50% e 882 milhões em mais de 25%

Para Opromolla, são necessários maiores recursos orçamentários, transparência na tomada de decisões e maior participação da sociedade civil. "É um problema estrutural. São necessárias medidas múltiplas, aplicadas de forma coerente. É fundamental o compromisso do Estado, porque deve garantir o direito à alimentação", destacou.

Natale tem claro o que quer e não quer para situações com a da Terra dos Fogos. Não quer mais contaminação do solo e da água e quer que o governo proteja a produção agrícola da área. "Nossa dieta é boa. Não depende apenas de pasta e pizza, como diz o governo. Se não produzirmos, de onde virá a comida?", questionou.


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