O aquecimento do mar causado pelas mudanças climáticas pode ser benéfico para algumas espécies de peixes e negativo para outras.
É isso que mostra um trabalho publicado na sexta-feira na revista "Current Biology". Cientistas britânicos analisaram a evolução da população de peixes no nordeste do Oceano Atlântico (na Europa), a partir de uma revisão de 11 estudos publicados.
Os dados mostram que pelo menos 72 por cento das espécies da região sofreram alterações populacionais significativas. Dessas, três em cada quatro tiveram um aumento da quantidade com o aquecimento, nas últimas três décadas. As outras tiveram redução.
"As espécies mais a Sul, adaptadas a águas quentes, estão a ajustar-se melhor do que os peixes que habitam no Norte", disse Stephen Simpson, da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Um exemplo é o bacalhau, peixe amante do frio. A sua população desceu para metade nas últimas três décadas.
O nordeste do Atlântico, que reúne cerca de 100 milhões de peixes, segundo estimativas, tem sido descrito como um "caldeirão das mudanças climáticas", porque a subida de temperatura na região podem chegar a quatro vezes a média mundial. De acordo com Simpson, a temperatura das águas tem grande influência na maturação dos ovos dos peixes, no crescimento e na sobrevivência das larvas e na manutenção do fito plâncton, camada de algas que é a base da alimentação de muitas espécies.