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13535522744 6243bd8335 zDiário Liberdade - [André Abeledo Fernández] Sempre pagam os mesmos, os mais fracos, os vilipendiados, as vítimas, os inocentes.


Foto da IHH Humanitarian Relief Foundation (CC by-nc-nd/2.0/) - Foto de uma escola destruida em Taftanaz, na Síria.

Os inocentes foram assassinados em Paris no mesmo dia que em Beirut, os inocentes morrem agora sob uma chuva de bombas, os inocentes afogam-se todos os dias tentando cruzar o Mediterrâneo, fugindo da barbarie, os inocentes tremem de frio nas fronteiras fechadas com arame, abandonados, esquecidos, e criminalizados. Agora homens, mulheres e crianças são presumíveis terroristas, as vítimas convertem-se em culpado e a onda de solidariedade com os refugiados sírios esmorece entre as mensagens de ódio.

Esta onda de povos que hoje chega a Europa a provocaram os governos da França, da Espanha, dos EUA, de Israel, é filha dos interesses das grandes multinacionais do petróleo e o gás, provocou-a o terrorismo da NATO e o silêncio cúmplice da ONU.

Estes refugiados são vítimas de Ocidente e não devemos pedir solidariedade para eles, devemos exigi-la.

Mas a imprensa fala apenas de Paris. O atentado no Líbano mal ocupou algumas linhas, os assassinados pelas bombas recebem o nome de "danos colaterais", já não interessam as fotografias de crianças afogadas, nem as imagens do desespero dos ninguém. Porque é nisso que os querem converter: em nada, em medo. As crianças orfas sentam sozinhas no chão, com olhar perdido e com o mesmo frio e fome que ontem. Sofrem os mesmos abusos, mas Ocidente já não as vê, já não importam, já não são úteis para os seus interesses.

Apesar de que nenhum dos membros das células que na sexta-feira 13 semearam o terror em Paris nasceu na Síria, nem é um refugiado. E todos têm nacionalidade européia e apenas um dos oito nasceu fora do Velho Continente: Mohamed Amri, belga, mas que veio para o mundo no Marrocos.

O Presidente Hollade declarou a guerra ao Estado Islâmico. Se a NATO está em guerra com o EI, se o mundo declara a guerra ao EI, então as perguntas seriam: quem lhes compra o petróleo? quem lhes vende as armas e a munição? quem lhes vendeu os Toyota nos que passeiam? quem permite que milhares de terroristas cheguem ao Iraque de todo mundo para enrolarse no Estado Islâmico? Porque fica claro que se financiam com a venda de petróleo barato, porque as armas e as munições não crescem no deserto, porque para lá cheguarem milhares de mercenários têm que atravessar fronteiras ou apanhar aviões. 

A resposta é que a política internacional é inoral, é hipócrita. A Turquia bombardeia os Curdos que lutam contra o EI no Iraque, a fronteira turca e passagem habitual dos terroristas. Turquia compra o petróleo barato do EI, petróleo que também chega a Ocidente e ajuda a baixar os preços a nível mundial. A Arábia Saudita arma e financia o EI para lutar contra o governo sírio, e a Espanha vende armas à Arábia Saudita.

Israel desempenha como sempre o seu papel interessado. Ajudou a construir o mostro, tal como fizeram os EUA já desde a guerra do Afeganistão no seu confronto geopolítico com a URSS. Israel não se incomoda. Curiosamente este chamado Estado Islâmico não considera Israel o seu objectivo, enquanto Israel aproveita que agora ninguém olha para si para continuar com o genocídio do povo palestiniano.

Os países Ocidentais não são inocentes. Para derrubar o governo sírio tudo vale, e os terroristas do EI eram uma ferramenta. Mesmo nestes momentos quando se falam do EI apenas se fala da Síria, onde o EI está lutando e perdendo a guerra contra o exército governamental e a Rússia.

O estado Islâmico tem o seu centro de poder no Iraque, controla a Líbia, mas falam apenas de atacar a Síria. Qualquer coisa não encaixa. Como acreditar que com todas as superpotências do mundo lutando contra o EI, ele continua a existir?

Entendo que seriam medidas bem mais úteis e menos indiscriminadas do que bombardear cidades o bloqueio económico total ao Estado Islâmico: não comprar-lhes petróleo nem vender-lhes armas, nem a eles nem aos seus sócios Sauditas, uma medida que poderia adotar o governo espanhol, entre outros, e por doutra parte apoiar as forças locais que lutam contra o EI no local.

Todo o resto faz parte desse nojento jogo geopolítico das potências internacionais para controlar zonas estratégicas. São guerras de 'rapina' de recursos, são as chamadas guerras por petróleo. 

É preciso que as consequências deste macabro jogo não continuem sendo pagandas pelos inocentes, pois punir as vítimas não é justiça, nem vingança: é estupidez, é injustiça. Os refugiados da Síria, Iraque, Líbia ou Afeganistão fogem dos mesmos bárbaros, não transformemos as vítimas em carrascos por obra e graça dos meios de manipulação das massas.

Não à guerra!

André Abeledo Fernández, Vereador, Coordenador de Esquerda Unida de Narom (Galiza) e Sindicalista.


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