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161015 prisGrécia - Esquerda Diário - [Simone Ishibashi] Pouco mais de um mês após a comoção que tomou conta do mundo pela foto do menino sírio Aylan surgido morto por afogamento numa praia turca, que escancarou o drama dos refugiados que tentam chegar à Europa, mais um fato estarrecedor vem à tona.


O relato feito pelo jornal inglês The Independent mostra que a repressão, humilhação e as arriscadas condições que esses refugiados, em sua maioria sírios, enfrentam ao tentaram salvar suas vidas indo para outros países, pode alcançar níveis que correspondem a apenas um nome: barbárie. Barbárie capitalista que golpeia as crianças de maneira ainda mais perversa.

A nota do jornal britânico denuncia que as crianças refugiadas sírias estão sendo mantidas em prisões, em celas absolutamente insalubres, cobertas por fezes, e com prisioneiros adultos. A maioria dessas crianças estavam nas prisões policiais da ilha grega de Kos. Tratam-se de crianças de pouco mais de 11 anos de idade, que vem pela Turquia. As condições em que estão são as piores possíveis. A mesma nota revela que as crianças recebem apenas uma refeição diária, o que “não é considerado normal na Europa”, de acordo com uma declaração de um voluntário de um organismo de defesa dos Direitos Humanos que inspecionou as celas. Outro voluntário disse que as celas são “masmorras medievais”. Além disso, quando são transportadas são algemadas.

O problema das crianças refugiadas só está aumentando. Trata-se de uma tendência crescente que crianças e jovens com idade menor a 18 anos fujam sozinhos, o que os torna ainda mais vulneráveis à abusos, redes de tráficos de pessoas, e exploração de trabalho infantil. Estima-se que haja somente na Alemanha um total de 17 mil crianças e adolescentes que fugiram sem a companhia dos familiares. Em sua maioria são obrigadas a passar pela Grécia, para chegar a outros países da Europa.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados da (Acnur) mostra como os organismos internacionais, chefiados pelas principais potências capitalistas, encara a questão. Apesar de muita verborragia, e mesmo diante da revoltante condição a que os refugiados são tratados, e que golpeia mais duramente as crianças, a Acnur se restringiu até agora a “alertar” o governo grego e a estimular que algumas das crianças e jovens mantidas encarceradas nas prisões comuns, sejam transferidas para outras delegacias, onde poderiam estar em “celas individuais”. A questão é: por que os refugiados em geral, e as crianças em particular, deveriam ser mantidas em prisões?

A resposta é que apesar de muito jogo de cena, para as burguesias dos países imperialistas e europeus, é dessa forma que os refugiados devem ser tratados. Sob a argumentação de que se tratariam de menores de idade, e que o encarceramento se daria para a sua “própria segurança” essa denúncia sobre a prisão das crianças na Grécia escancara que a situação está longe dos patamares básicos de dignidade para uma grande parcela dos refugiados. Os campos de refugiados, que mais bem se assemelham a campos de concentração, são comuns em diversos países que se transformaram em única rota de fuga.

Na Turquia, por onde uma ampla gama de sírios busca escapar da guerra civil, o governo de Erdogan está levando os refugiados à força para campos desse tipo. Isso em considerando-se ainda que quando a crise migratória tornou-se inegável em meados de setembro, as belas palavras de “defesa humanitária” dos governantes europeus mesclaram-se ao fortalecimento do controle das fronteiras. Na Alemanha, país em que houve um movimento popular de apoio aos refugiados que foi um dos elementos que pressionaram Angela Merkel a receber o contingente fugido da Síria é uma superfície aparentemente amável para ganhar margem de manobra de modo a que se restabeleça regras duras de asilo, enquanto pede flexibilização das leis trabalhistas para que os “refugiados qualificados possam ser incorporados à mão-de-obra empregada”, nega-se a desenvolver planos que permitam aos demais um trabalho com o qual possam se sustentar.

O governo que representa uma classe dominante imperialista como a da Alemanha, que não se importa em sangrar a Grécia com os draconianos pacotes econômicos impostos, não atua por “razões humanitárias”, mas por cálculos políticos que visam seus próprios benefícios. Dessa forma, essa ação corresponde antes à necessidade de Angela Merkel de recuperar terreno frente aos partidos opositores à essa medida no terreno interno, e ao movimento popular solidário que emergiu na Alemanha.

Não é demais ressaltar ainda que a crise migratória não é o resultado de um acaso. É criada pela política imperialista nos países do Oriente Médio e Magreb. Pelas intervenções militares que essas potências deflagram em nome de seus próprios interesses. Pelos déspotas locais que são sustentados pelos menos imperialismos, que não raramente após décadas de colaboração, são alvos de intervenções militares.


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