1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (0 Votos)

160915 detPalestina - PCO - Iyad Burna foi detido durante um protesto pacífico e ficou preso durante dez horas com duas costelas quebradas, com as mãos amarradas nas costas e uma venda embebida em gás pimenta nos olhos


Políticos de Israel sempre repetem que o País seria a única “democracia” da região, em defesa dos “valores do ocidente” no Oriente Médio, nas palavras do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. No entanto, esse enclave imperialista dos EUA no Oriente Médio impõe um regime de apartheid contra a população palestina.

Abaixo, publicamos o relato de Iyad Burna, palestino detido por forças israelenses na Cisjordânia no final de agosto, presidente do Comitê contra o Muro, que faz protestos pacíficos e semanais contra um muro erguido em sua vila, desde 2005:

No dia 28 de agosto, uma sexta-feira à tarde, fomos ao nosso protesto semanal, contra o roubo de nossas terras e o muro do apartheid, em Bil’in. Fazemos esse protesto não-violento há 10 anos. Como sempre, os soldados estavam lá nos esperando na frente da nossa vila, mas dessa vez nós podíamos sentir desde o começo que alguma estava diferente do bombardeio de gás lacrimogêneo de sempre, lançado dos jipes dos soldados. Pra começar eles atiraram uma quantidade menor de gás contra nosso protesto pacífico, mas enquanto a marcha continuava para o local da velha parede da segregação os soldados fizeram uma emboscada e me colocaram sob a mira de armas, ameaçando atirar. Os soldados amarraram minhas mãos muito apertado atrás das minhas costas, a amarra de plástico cortava minha pele. Ainda com as armas apontadas para mim, bateram em mim brutalmente, cinco ou seis soldados com cassetetes. E eles vendaram meus olhos com uma venda embebida em spray de pimenta. Eu não resisti, qualquer resistência contra esse tipo de soldados só levaria a mais agressões ou coisa pior.

Depois de me bater, em agonia, fui levado pelos soldados para seu jipe do outro lado do muro que cerca o assentamento ilegal perto da nossa vila. Eu estava com muita dor e podia sentir que os soldados tinham causado ferimentos sérios. Eu apelei para os soldados para falar com o comandante deles porque eu estava com muita dor no peito e precisava ir ao hospital. Os soldados então apenas riram e disseram que não hospital para “terroristas”. Eles mentiram pra mim dizendo que me levariam pro hospital, mas me levaram para uma delegacia. Chegando lá, ainda algemado e com os olhos vendados, eu disse mais uma vez que precisava ver um médico, mas ninguém se importou.

Eu fiquei detido das 14h às 0h sem nenhuma acusação e sem acesso a cuidados médicos, o tempo todo com o spray de pimenta queimando meus olhos e a amarra cortando meus punhos. Quando finalmente me soltaram, junto com meu primo Hamza, que foi preso por tirar fotos documentando os acontecimentos do dia, eles me jogaram no meio da rua e me disseram que eu mesmo deveria chamar uma ambulância. Hamza chamou a ambulância, pois eu estava exausto e não conseguia me mover pro causa da dor. A ambulância chegou em aproximadamente 20 minutos e me levou para um hospital em Ramallah, onde me trataram e me disseram que eu tinha duas costelas quebradas na altura do peito, além de machucados por todo o meu corpo. Eles me deram remédios e me disseram que não podiam fazer nada para tratar minha costelas quebradas.

Eu fui preso e ferido muitas vezes durante nossa luta contra os assentamentos ilegais e o roubo das terras de nossa família, mas dessa vez eu senti que os soldados israelenses queriam me matar. Eles fizeram muitas coisas durante anos para tentar nos quebrar e quebrar o espírito da vila, especialmente contra mim e minha família. Quando eu estava no hospital no dia 28 de agosto, dia do aniversário do meu filho Majd, eu me lembrei de que exatamente um ano antes, ele próprio estava em um hospital esperando tratamento depois de levar um tiro na perna dos soldados israelenses durante um protesto. É assim que os israelenses usam a violência para ameaçar e assustar minha família, na esperança de que eles vão ceder e desistir da resistência contra a ocupação e entregar a terra de que eles dependem.

O opressor deve entender que toda bala e agressão contra nós não vão nos tornar fracos, mas vão fortalecer nossa determinação e nos unir. Não vamos desistir, vamos resistir até eles se cansarem de usar violência contra nós. Eu vou continuar lutando por nossa liberdade, por um futuro melhor para meus filhos e para todas as crianças. Assim que eu estiver bem e puder comparecer, voltarei para nossos protestos semanais e vou continuar me manifestando contra a agressão que está diante de nós cotidianamente.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.