Presidente russo, Vladimir Putin, e primeiro-ministro indiano, Narandra Modi. Foto: Kremlin (CC BY 4.0)
Recentemente, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, esteve em Moscou para participar da 16ª reunião bilateral anual entre ambos os países. Essas reuniões começaram a acontecer a partir de 1997, após o colapso da antiga União Soviética. Foram assinados vários acordos estratégicos nas áreas de energia, comércio e militar.
A Rússia aumentará as exportações de petróleo e gás à Índia, que representa o terceiro maior consumidor em escala mundial.
As relações comerciais entre vários gigantes russos do setor da energia e a Índia datam de anos e têm evoluído com maior velocidade do que com a China. Esse é o caso da Rosneft, que avança para comprar 49% da indiana Essar com o objetivo de entrar no lucrativo negócio do refino de combustíveis. Em políticas similares têm avançado a Lukoil, a Sistema e a Gazprom.
No setor militar, a Rússia continua sendo o principal fornecedor, apesar da ampliação dos últimos anos. O avião militar T-50 e o míssil de curto alcance BrahMos são desenvolvimentos conjuntos. Em andamento, se encontra a aquisição de quase 150 T-50, que serão equipados com os BrahMos. Também estão em negociação a compra de dois submarinos diesel-elétricos, 48 helicópteros, com a produção dos Kamov 226T, três fragatas, a expansão de peças para o avião Sukhoi 30MKI e o sistema anti-mísseis S-400 que, neste momento, somente é operado pela China e a própria Rússia. A versão seguinte, os S-500, blindou o espaço aéreo russo contra a ameaça nuclear da OTAN.
"It is just business" ("são só negócios")
Narendra Modi foi eleito no mês de maio de 2014 pelo direitista Partido Bharatiya Janata. O grande derrotado foi o Partido do Congresso, dos Nehru e dos Gandhi. A primeira visão desse governo é que tentaria aumentar a proximidade com os Estados Unidos e com o Japão, distanciando-se da Rússia, da China e da OCX (Organização de Cooperação de Xangai). Mas a política é prática. A crise capitalista tem avançado com força sobre a Índia, que tenta adotar medidas de contenção. A burguesia indiana tem buscado vários mecanismos para salvar os lucros e manter os privilégios.
Os acordos com os russos facilitam a política da Índia de aumentar a participação no lucrativo negócio das vendas de armas. Em 2012, foi assinado um acordo para o fornecimento do submarinho classe Akula. Agora, entraram nas discussões os submarinos Kashalot e o Iribis que ainda se encontra em desenvolvimento. O objetivo dos indianos é remodelar esses submarinos e inclui-los não somente no arsenal doméstico, mas também no show room do armamento a ser exportado. O plano de defesa da Índia para 2016 inclui o aumento da produção nacional de 30% para 40%.
Mas os laços militares e políticos da Índia com a Rússia não são “tão exclusivos” como as relações entre a Rússia e a Índia. A Índia ainda mantém como política o chamado “não alinhamento” que, na prática, é uma dança das cadeiras entre as várias potências regionais e imperialistas. Modi mantém essa política. Enquanto conversava com o presidente russo, Vladimir Putin, o governo indiano fazia um pedido de 100 drones aos Estados Unidos, fortalecia os acordos no setor naval com o Japão, e o próprio Modi, numa política difícil de ser prevista, visita o eterno inimigo, o Paquistão, num esforço pela distensão regional.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.