Foto de Llibertat - Assembleia Nacional da CUP, ontem.
A Candidatura d'Unitat Popular (CUP) catalá celebrou ontem (27 de dezembro) umha Assembleia Nacional Extraordinária (ANE) com umha única finalidade: decidir sobre o investimento ou nom do candidato à Presidência da Generalitat da Catalunha, Artur Mas, proposto pola candidatura Junts pel Sí (JxS, candidatura unitária de setores independentistas compreendendo da direita neoliberal até a socialdemocracia e alguns movimentos sociais), que conseguiu a vitória nas eleiçons de 27 de setembro passado.
Um sucesso eleitoral que nom é suficiente para ter maioria absoluta no Parlament e que convertiu os 10 assentos da formaçom anticapitalista na chave do que acontecerá. Apesar disso, a JxS nom tem cedido numha das principais reclamaçons da CUP: a nom investidura do ex-presidente Mas, quem fora responsável das mais duras medidas anti-trabalhadoras das últimas décadas na Catalunha durante um período que destacou por altíssimas doses de repressom policial.
Com esse cenário e dous meses depois, durante os quais acontecérom intensas negociaçons, a CUP estava chamada a decidir em assembleia entre duas possibilidades finalistas: Dizer 'Nom' à presidência do neoliberal Mas (quem apresentou um programa social muito ambicioso - mas dificilmente realizável - para tentar obter o apoio da CUP) ou dizer 'Sim' à sua candidatura e, portanto, evitar a convocatória de novas eleiçons para dentro de dous meses. A decisom que a CUP discutia ontem era chave para o futuro dos Países Catalans: o processo independentista continuará avançando mas com a burgesia como cabeça visível e a esquerda hipotecada, ou, do outro lado, ficará em suspenso à espera de novas eleiçons em que o independentismo (e mesmo a esquerda revolucionária representada polas CUP) poderia sofrer um castigo importante ou perder a maioria, segundo os resultados de umha social-democracia espanholista em rápido ascenso.
1.515 a 1.515: o resultado impossível é a fotografia do debate em curso na CUP
O artista francês Jean Cocteau dixo que "nom sabendo que era impossível, fôrom lá e figêrom". Cocteau morreu fai 52 anos, mas a frase bem poderia estar dirigida às e aos 3,030 militantes da CUP que ontem conseguirom um resultado com 0.33 possibilidades entre mil de acontecer: um empate exato a 1.515 votos entre o 'Sim' e o 'Nom' a Artur Mas. A contagem tivo que ser repetida, mas nom houvera engano.
O resultado é umha expressom clara do debate político que neste momento acontece no interior da CUP:
De um lado, o setor mais à esquerda, com a organizaçom socialista Endavant como principal referente, defende a via da continuaçom das negociaçons para forçar JxS a propor um outro candidato ou candidata, negando a presidência a Mas, mas com escassas possibilidades de sucesso e a convocatória de novas eleiçons como mais do que provável. Umha possibilidade que Endavant nom considera necessariamente prejudicial, porquanto poderia, segundo dim, decantar a situaçom mais em favor dos interesses populares.
Do outro, os e as militantes que, consoante às teses do Poble Lliure, defendem deixar esse assunto num segundo plano para priorizar a maioria independentista e avançar mesmo com Artur Mas como presidente do governo autónomo, conseguindo promessas sociais da burguesia mas deixando nas maos dela tanto o processo para a independência como a aplicaçom dessas medidas.
O comunicado emitido por Endavant em finais de novembro, intitulado 'a independência do povo ou um novo pacto entre elites', e o do Poble Lliure, 'A prioridade para o momento presente: a ruptura independentista', refletem as linhas gerais das duas posiçons hegemónicas que som discutidas abertamente neste momento.
A complexa decisom será agora tomada polo Conselho Nacional, com 70 membros e composto em 2/3 por representantes da CUP em cada comarca (entre 3 e 6 para cada umha delas, dependendo da populaçom e número de vereadoras/es da comarca) e 1/3 por organizaçons sociais afins. Isso será dia 2, e a investidura de Mas - caso a CUP apoiar - terá que ser antes de dia 9.