Protesto anti-imperialista contra a política externa dos EUA. Foto: Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0).
Neste artigo pretendemos analisar as táticas dos Estados Unidos neste sentido, além de estudar o papel das embaixadas desse país para promover suas políticas intervencionistas.
EUA e seu lema de defender a democracia
O fato de que os EUA, por um lado, com seus planos, estão destruindo a democracia no mundo, e por outro pretende defendê-la, tem sido uma realidade amarga na história contemporânea.
Neste sentido, o Prêmio Nobel de Literatura de 2005, Harold Pinter, afirma: “Os EUA têm manipulado de forma inteligente as equações internacionais do poder e ao mesmo tempo aparenta que se esforça para melhorar o mundo. Isso significa uma exitosa e inteligente hipnose do mundo, ainda que seja hostil, ofensivo e cruel”.
Washington, com estas estratégias que tem adotado em outros países que mensionaremos a seguir, tem demonstrado que apoia somente a democracia que lhe convém e do contrário recorre a tudo o que for possível para obstruí-la.
Neste contexto, é preciso dizer que os EUA em seus planos intervencionistas em outros países sempre prefere evitar um confronto direto e normalmente recorre a guerras subsidiárias, ao apoio às forças opositoras, a golpes de Estado, entre outras medidas. Quando essas opções não têm resultado algum, o país será alvo da operação militar direta da Casa Branca.
Prova disso é o caso em que os EUA fracassaram em executar um golpe de Estado contra o ditador iraquiano Saddam Hussein em 1996, e o regime iraquiano percebeu o plano. Washington não teve outra opção senão lançar um ataque direto ao país árabe.
Métodos para derrubar governos
Desde 1953 até hoje, os EUA têm adotado uma série de medidas para derrubar aqueles governos que se opõem ao seu domínio:
Criar e apoiar as forças opositoras
Na primeira fase de suas medidas, recorre a prestar apoios financeiros aos partidos opositores, associações estudantis e aos meios de comunicação opositores para lançar campanhas antigovernamentais.
Por exemplo, para impedir a chegada à presidência de Salvador Allende no Chile, na década de 1960, recorreram a esta mesma medida. Fracassaram nas eleições de 1958 e o governo de John Fitzgerald Kennedy enviou uma equipe formada por 100 agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) e da Secretaria de Estado ao país sul-americano para mudar o resultado das eleições de 1964.
Dado que Allende era socialista e poderia se aliar com a União Soviética, a equipe estadunidense lançou a campanha “Terror Vermelho” que continha imagens de repressão ao povo na URSS, entre outros programas para atemorizá-los. Foi assim que Eduardo Feri venceu as eleições de 1964, contando inclusive com os votos das mulheres.
O caso mais recente é o apoio direto dos EUA à oposição venezuelana por meio da campanha de guerra econômica contra o governo. Washington, que considera o chavismo na Venezuela como uma ameaça para os seus interesses na região, decidiu apoiar a Mesa de Unidade Democrática (MUD) liderada por Henrique Capriles Radonski para acabar com o governo dos socialistas neste país. Nas eleições legislativas do último 6 de dezembro, os resultados respaldaram, após 17 anos, a dominação da oposição na Assembleia Nacional.
Violentos protestos antigovernamentais
Esta medida é algo que Washington sempre utilizou, mas na última década tem sido uma parte primordial dos planos para derrubar os governos que se opõem a ele.
Ela também faz parte da primeira fase, ou seja, apoiar as forças opositoras. Começa facilitando dinheiro para que organizem protestos antigovernamentais violentos para assim pressionar o impulso de reformas que beneficiem os interesses da oposição que representa os EUA.
Prova disso foram os protestos antigovernamentais na Ucrânia apoiados e financiados pelos Estados Unidos. Após vários meses de protestos e enormes pressões contra o governo, conseguiram derrubar Viktor Yanukovich. A isto somam-se os protestos na Tailândia que provocaram a queda do governo de Yingluck Shinawatra, assim como os protestos no Equador, Brasil, Uruguai, Guatemala, entre outros.
Apesar desta estratégia, nem sempre se obtêm os resultados esperados. Neste caso, pode-se mencionar os protestos pós-eleitorais de 2011 no Irã, quando uma parte da população encheu as ruas da capital, Teerã, e de outras províncias do país sob o pretexto de fraude eleitoral, que, mesmo contando com o apoio dos EUA, não teve resultado algum. A isto se pode acrescentar os protestos na Venezuela, Bolívia, Hong Kong na China, entre outros.
Neste sentido, o agente duplo da CIA em Cuba e Venezuela, Raúl Capote, revelou recentemente o projeto a longo prazo dos EUA para formar movimentos estudantis ultradireitistas na Venezuela. Seus efeitos foram notados nos protestos antigovernamentais dos estudantes venezuelanos em Caracas.
Golpe de Estado
Nesta fase, o papel dos adidos militares das embaixadas dos EUA é primordial. De fato, os militares estadunidenses, com suas colaborações e os laços que mantêm com militares de alto escalão de outros países, elegem os possíveis líderes do golpe. Esta estratégia, durante o mandato do atual presidente estadunidense, Barack Obama, se incrementou ainda mais com a presença das forças especiais dos EUA em 134 países do mundo.
Normalmente, os líderes eleitos para promover o golpe são treinados pela CIA e, enquanto recebem treinamento, as autoridades estadunidenses impulsionam seus planos de lançar protestos violentos contra o governo em seus países, de tal maneira que os governos se veem obrigados a declarar toque de recolher, e aí é quando se pode dar o golpe final. Este plano foi executado em 2002 contra o governo do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando os militares venezuelanos com o apoio dos marines estadunidenses deram o golpe, ainda que sem êxito.
No entanto, não se deve esquecer o papel dos meios de comunicação ocidentais em preparar o caminho para as políticas imperialistas dos EUA. Quando Washington quer colocar em marcha um projeto, incrementa os esforços em convercer a opinião pública mundial. Exemplo disso é a atividade da mídia, produzindo propagandas baseadas em que o regime de Saddam Hussein dispunha de armas de destruição em massa, ou a necessidade de lutar contra o terrorismo que ameaça o mundo.
Rasoul Goudarzi é jornalista e analista internacional, mestre em Relações Internacionais da Universidade Azad do Irã. Especialista em temas relacionados principalmente ao Oriente Médio e ao Irã. É colaborador de várias redes de notícias internacionais.